Black Goshawk • Tokyo Revengers

˗ˏ THIRTY TWO.

As coisas estavam indo de mal a pior e eu só queria chorar, tipo, para um caralho. Chorar por estar deixando a gangue que me deu tudo, inclusive minha família disfuncional. Chorar por sentir alívio em estar fora e saber que não vou mais ir meter a mão na cara do Shinichiro e seus amigos por causa das ordens da puta da Sawako. Chorar pelo namoro de Zuzu que mal começou e já acabou por minha culpa. Chorar porquê eu estava sendo expulsa por gostar da primeira pessoa que quis realmente me conhecer e me amar.

Tudo que eu queria era chorar mas, quando saí do carro de Bulma no momento que a mesma estacionou o carro naquele mesmo templo que todas as reuniões da Black Goshawk aconteciam, percebi que chorar não ia mudar porra nenhuma, só ia me fazer ser a covarde que não sou. Sacudi a cabeça, meus cabelos foram para todos os lados, bagunçando o que já não era arrumado e me obriguei erguer o queixo, mesmo com meus olhos cheios de lágrimas por notar os olhares dos idiotas da minha Divisão. Todos de pena.

Afundei os dentes nos meus lábios até tirar sangue, tentando me manter firme quando finalmente cheguei na escadaria. Os capitães da Black Goshawk, meus amigos, me observaram e novamente senti vontade de chorar, de ajoelhar aos pés de Sawako para não me tirar da gangue e dizer que eu não suportaria estar longe de todos eles. Mas Miwa se levantou, andando até mim em passos lentos. Me encolhi diante de seu olhar e me surpreendi quando ela me abraçou com força, beijando minha têmpora. 

─ Tá tudo bem.─ Ela murmurou. Assenti e me afastei dela. Tá legal, tá legal... Eu consigo fazer isso. Sou Maisha Miyazaki, posso não fazer parte mas sou uma açor e não é uma vadia do caralho que vai decidir isso por mim.

Sawako sorriu. Aquele tipo de sorriso que me fez imaginar eu fazendo com que ele sumisse da cara dela. Aquela puta não disse nada, apenas esticou a mão e eu não hesitei em retirar a minha jaqueta vermelha com detalhes dourados, jogando a coisa que eu mais amava nas mãos de Sawako.

Ninguém disse nada. Nem mesmo uma palavra enquanto eu me virava, deixando a Black Goshawk e toda a minha família para trás em silêncio.

─ Eu sabia que ia terminar assim, sabia?─ Soltou Sawako. Cessei meus passos por um instante mas logo continuei, observando todos que se curvavam em respeito conforme eu passava por eles.─ É isso que acontece quando chama uma vadia para uma gangue. Ela não consegue se controlar e em um piscar, já tá dando pro inimigo.

Espera.... Lentamente, me virei para Sawako, uma sobrancelha erguida e punhos já cerrados. Vi que Satoru e Bul-bul estavam em pé, prontos para me impedir de meter a mão na cara daquela puta. Quem ela achava que é?

─ O que foi que você disse?─ Falei, a voz baixa. Sawako não me respondeu, apenas soltou um riso de deboche.─ Acho muito legal você falar isso quando era você que tava abrindo as pernas pra todo só pra pagar a merda do seu vício de merda! Se tem alguma puta aqui é você, Sawako, e ninguém faz ideia do que faço com putas arrogantes!

A garota riu, inclinando levemente a cabeça pro lado.

─ Por acaso, está me ameaçando, Maisha?

─ Não, é uma promessa mesmo.─ Grunhi, recuando um passo com um piscar de olhos.─ Quer me expulsar da Black Goshawk? Ótimo, mas não ouse falar que sou uma vadia quando fiz essa porra ser o que é hoje. Eu que me mexi para criar os rachas, já que você tava enfiando todo o dinheiro da gangue no seu cú! Eu me mexi para customizar essas porras de jaqueta! E também fui eu quem expulsou metade das gangues dessa porra para que fôssemos a maior! Quer me chamar de vadia? Então faça melhor que eu!

─ Você tá bem?─ Perguntou Shinichiro pela milésima vez, seus olhos negros me observaram chutar o vento mais uma vez em uma tentativa de saciar minha vontade de fazer alguma merda queimar. Respirei fundo, afundando as mãos nos meus cabelos, puxando alguns fios.

─ Wakasa tá bem?─ Perguntei a primeira coisa que se passou por minha mente. O garoto deu de ombros, ele bagunçou seu cabelo e eu achava uma injustiça que ele ficasse tão bonito daquele jeito relaxado. Me aproximei de Shinichiro, vendo-o se mover para me dar espaço na sua cama.

─ Ele vai superar, ─ Ele disse, assim que me deitei ao lado. Uma de suas mãos foram até meu rosto, acariciando minhas bochechas com a ponta dos dedos.─ eu acho.

Acabei soltando uma risada que se tornou lentamente em um choro que me fez afundar minha cabeça no seu peito. Shinichiro não demorou para me abraçar.

─ Se você fizesse o mesmo comigo, eu entenderia.─ Ele murmurou, a voz baixa o suficiente para que eu chegasse a pensar se ele realmente havia dito aquilo. Pisquei os olhos, apertando Shinichiro ainda mais forte.

Eu sabia que ele havia dito a verdade. Depois de me ver quase desabando na praia só por conta da aparição de Gohan e suas palavras que já deixavam claro o quão fodida eu estava, eu sabia que Shinichiro me apoiaria caso quisesse me separar dele para continuar na gangue. Mesmo que seu coração ficasse quebrado em mil pedacinhos, ele me entendia e até apoiaria. Mas também sabia que eu não ficaria nada bem em deixá-lo só por causa da Sawako e seu irmão gêmeo arrombado. Na verdade, acredito que acabaria deixando metade do Japão em chamas só por ter raiva de mim mesma.

Hoje mais cedo, sequei as lágrimas de Azumi e a consolei mas... Satoru estava certo quando disse que ela fodeu tudo a troco de nada. Sawako a chutaria para fora da gangue em algum momento, e a mesma coisa era com os outros. No momento que ela se incomodasse com algum deles, os tiraria da Black Goshawk sem pensar duas vezes.

Azumi foi uma puta egoísta e pagaria, afinal Wakasa é diferente de Shinichiro. Ele só voltaria para ela quando a visse de joelhos ou pior...

─ Relaxa, gelzinho, agora que grudei em você, não solto nunca mais.─ Murmurei, erguendo a cabeça e fitando aqueles olhos negros que estava começando a gostar até demais. Shinichiro piscou os olhos, parecendo surpreso e então, riu.

Não demorou muito para ele juntasse meus lábios nos seus.