˗ˏ FOURTY FOUR.

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Satoru não parecia saber o que fazer

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Satoru não parecia saber o que fazer. Azumi continuava o segurando com força, também não havia dito nada, acho que nem ela sabia o que falar. Na verdade, nem eu sei. Agi no automático desde que Miwa me disse, a primeira coisa que pensei era o quão burra eu fui, sabia que havia algo de errado mas o babaca do caralho pagou de doido e eu acabei esquecendo. Pensei em Gohan que não expressou nenhuma surpresa quando me viu com Shinichiro. Pensei em Azumi e Wakasa.

Pensei em tudo, tudo. Tudo que Sawako poderia saber só porque Satoru havia lhe contado. Não queria desconfiar dele desse jeito mas era difícil não pensar nisso, era difícil não pensar que havia sido traída por alguém que eu daria minha vida pra salvar.

─ Que porra é essa, Zuzu?─ Ele soltou, as mãos indo até as de Azumi e as segurando. Ali, a garota pareceu despertar dos seus pensamentos e ela não pensou duas vezes em jogá-lo no chão.

─ Não toca em mim, seu merda!─ Ela gritou.─ Como você pôde? A gente é as suas amigas, seu desgraçado!

─ Que? Mas que porra, eu não fiz nada!

Pisquei meus olhos. Ah, mas você só pode tá de brincadeira!

─ Não fez nada?─ Gritei, meio histérica demais. Dei um passo na direção de Satoru, pronta pra meter a mão na cara dele quando Kira me segurou. Não me importei em bater nele, dando uma cotovelada no seu nariz para me livrar de seu aperto.

─ Quando você ia contar?─ Disse Azumi, agarrando a gola de sua camisa.─ Porra! Quando você ia dizer que tava fodendo com ela?

─ Fodendo com quem?─ Falou Satoru. Grunhi, e, sem mais, chutei o rosto dele. Alguém gritou atrás da gente quando viu o sangue espirrar no chão.

─ Com a Sawako! Quando você ia falar pra gente que tava comendo essa puta? Como você pôde? Depois de tudo que ela fez comigo e com a Azumi! Porra, Satoru, ela me humilhou na frente de todo mundo! Porra! Porra!

Satoru arregalou os olhos, surpreso.

─ Como você...─ Ele olhou para Azumi e simplesmente fechou os olhos, tombando a cabeça.

─ Vai se foder.─ Disse Azumi, largando ele.─ Quero que você se foda e fique bem longe de mim.

Balancei a cabeça, concordando com ela. E eu lhe dei as costas, pela primeira vez para Satoru.

─ Nossa amizade acaba aqui, Satoru.

Me sentei na calçada, puxando a gola da camisa até que cobrisse meu nariz

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Me sentei na calçada, puxando a gola da camisa até que cobrisse meu nariz. O cheiro de Shinichiro continuava ali, um pouco mais fraco do que no início do dia mas ainda estava ali. Lancei um olhar para a correntinha em torno do meu pulso e sorri para ela. Olhos negros surgindo na minha mente. Deixar... Eu jamais deixaria Shinichiro, pelo menos não para sempre, eu poderia até ir mas eu voltaria para ele, não importasse quanto tempo se passasse. Suspirei.

Eu queria tanto chorar por tudo que aconteceu nesse grande dia de merda. Queria chorar mas meus olhos estavam cegos, como se estivessem cansados demais para as lágrimas.

Mordi meus lábios até sentir o gosto do sangue explodir. Exausta, eu estava exausta de sentir tudo demais, eu só queria parar de sentir qualquer coisa por um tempo. Só precisava...

Tateei os bolsos da jaqueta, abrindo um suave sorriso quando encontrei uma cartela de remédios. É, eu precisava disso. Rapidamente, engoli quatro comprimidos de uma vez e fechei os olhos, me encolhendo no meio-fio, apenas esperando que os efeitos viessem e eu parasse de sentir qualquer coisa, parasse de pensar e...

Alguém se sentou ao meu lado. Não vi quem era, mas senti e estava bem perto de mandar o merdinha ir se foder quando me deparei com olhos bronze e um sorriso animado que o fazia parecer um gato ardiloso.

─ Você tá péssima.─ Ele disse, estendendo um pacote na minha direção, algo que eu peguei com rapidez ao sentir o cheiro bom daquilo. Eram bolinhos, todos coloridos e com carinhas desenhadas.

─ Foi o Mitsuya, ele fez uns bagulho muito bom hoje. É o que sobrou do lanche das irmãs dele.─ Soltei um gemido quando mordi a massa macia e o doce de morango chegou na minha boca. Balancei a cabeça, mordendo mais um pedaço.

─ Ele tem mãos de fada.─ Falei. Baji riu, me dando um tapa no ombro.

─ Deixa de ser nojenta! Come que nem gente normal!

Torci o nariz para ele e meti a mão na cara dele, empurrando seu rosto.

─ Olha o jeito que fala comigo, pirralho.─ Chiei.─ Não sou igual aos imbecis fracotes que você dá porrada, não!

Ele resmungou mais alguma coisa e eu dei um tapa em seu braço, antes de voltar a comer os bolinhos que Mitsuya fez. Baji ficou falando, falando e falando sobre o que rolou no tempo que a gente não se via por aí. Brigas nos parques, eles conseguiram motos e agora ele tinha certeza que andava melhor do que eu. Um iludido do caralho, é isso que ele é.

Eu... Pisquei os olhos, notando que minha boca estava um pouco dormente demais. Caralho, aquilo era efeito do remédios? Tipo, que porra eu tomei? Uma tontura me atingiu quando abaixei a cabeça rápido demais e peguei a cartela de remédios que estavam na jaqueta que eu usava, a jaqueta que achava ser da minha mãe.

Tá legal... Forcei minha visão que já estava um pouco turva para ler as pequenas letras e... Ah, ah, ah, porra. Aquilo era... Mais uma tontura e me curvei, sentindo que ia vomitar a qualquer momento.

─ Baji.

─ O que foi? Você tá bem? Parece que tá morrendo.─ Arrombadinho, desgraçado. Apesar de querer muito afogar aquele garoto na poça de lama próxima da gente, eu conseguir sentir o tom preocupado na sua voz.

─ Pega meu celular e liga pra Zuzu.

Foi a única coisa que eu disse antes do mundo se apagar.

Foi a única coisa que eu disse antes do mundo se apagar

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Black Goshawk • Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora