˗ˏ FIFTY SEVEN.

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Achei que fosse morrer

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Achei que fosse morrer. Na verdade, eu estava preparada para isso. Eu tinha desistido, porque não seria melhor assim? Eu estava pronta para isso, pronta para me entregar completamente a escuridão, mas isso me foi negado completamente. Porque, no final das contas, eu não deveria morrer. Pelo menos, não tão cedo assim. E muito menos daquele jeito, esfaqueada por Sawako e sangrando nos braços do meu melhor amigo, sem ter tido tempo o suficente para fazer tudo o que eu queria ou tempo o suficiente para dizer as pessoas importantes na minha vida o quanto eu as amava. Acho que depois que você vive uma experiência de quase morte como essa, começa a valorizar as coisas mais banais da vida, os pequenos momentos.

Nunca pensei que viveria para ver meus pais chorarem e me pedirem desculpas por tudo, completamente desesperados porque acharam que eu morreria. Porque, quanto mais tempo você fica em coma, mais dificil é de voltar. Quando acordei, eu fiquei tão, tão confusa. Era como se eu estivesse em um sonho bizarro onde nada fazia o menor sentido para mim. Eu não conseguia falar ou me mexer direito, e não entendia o porque todo mundo olhava para minha cara e começava a chorar. Eu estava tão na merda assim, afinal?

Mas quando os médicos me disseram que era um verdadeiro milagre eu estar ali viva para contar história, comecei a entender o porque todos estavam tão emocionados assim, me ameaçando caso eu ousasse fazer do novo algo do tipo. Como se eu super tivesse obrigado Sawako a ser uma puta e me enfiar uma facada! Mas ela teve o que mereceu ao ir parar atrás das grades por tentativa de homicidio. Era deplorável e até mesmo triste que ela tivesse literalmente estragado a vida dela desse jeito apenas por ser uma burra estúpida do caralho. Mas eu não me importo nem um pouco com Sawako ou Gohan; porque eles são passado e não te mais o menor significado na minha vida.

Tantos meses depois, era bom ver que as coisas tinham se acertado e que todos nós estavamos vivendo da melhor maneira possivel. Digo isso porque acho que minha vida nunca vai parar inteiramente de ser um caos, e se parasse, seria extremamente tediosa. E eu não nasci para viver no tédio, essa é a mais pura verdade. 

Maisha e Shinichiro estavam morando juntos e aos poucos construindo a própria familia deles, o que sempre me fazia zombar com a cara dos dois. Tipo, pelo amor de Deus! Ainda somos jovens pra cacete, porque eles precisam ser dois emocionados do caralho? Não que eu não seja emocionada, mas não nível Maisha e Shinichiro. Tudo o que falta agora é eles decidirem casar e terem três filhos, e, sinceramente, do jeito que eles dois são, eu não duvido que mais cedo ou mais tarde Shinichiro vá fazer exatamente isso, pedir Mai em casamento da forma mais imbecil, grudenta e cliche possível. O que certamente vai super servir para me divertir.

No final das contas, todos acabaram eventualmente perdoando Satoru por ter feito tantas merdas. Quem somos nós para julgar, afinal? Todos nós cometemos erros grotescos por estarmos apaixonados, e eu certamente cometi erros demais na minha vida para não perdoar Satoru por tudo o que ele fez. Ele era meu melhor amigo, e acho que isso não mudaria nem tão fácil, nem tão cedo. Não posso dizer que Wakasa vai muito com a cara de Satoru depois de tudo o que aconteceu, pois eu estaria mentindo, mas pelo menos Waka o suporta. Não que exista outra opção, de qualquer jeito, já que Satoru nunca vai deixar de fazer parte da minha vida. 

Em relação aos outros, Saori e Kita continuam dois idiotas nojentos que se amam e me irritam para cacete; Bulma continua uma surtada tentando arranjar um homem pra chamar de seu, e Raijin e Miwa continuam sendo um casal irritante, só não superam Maisha e Shinichiro nesse quesito. Mas, no final das contas, eu estava feliz de estar viva para poder ver tudo isso acontecer, porque achei que não estaria aqui para presenciar mais momentos idiotas e malucos e cheio de surtos com os surtados que eu chamo de familia. 

-Porque está fazendo essa porra de cara?- Satoru disse, me arrancando de meus devaneios e me fazendo o que encarar. Ele me observava com as sobrancelhas franzidas e eu revirei os olhos, cogitando seriamente atirar meu milkshake na cara dele. Mai não segurou a risada pela cara que eu fiz, claramente lendo cada um dos meus pensamentos. -Você tá sempre com cara de cú, é impressionante. - Satoru zombou e eu ergui o dedo do meio para ele, o que apenas servia para o divertir ainda mais, pois Satoru amava isso, amava me irritar.

-Minha cabeça está gritando de tanta dor. Eu odeio a vida adulta. - reclamei, fechando os olhos por um instante e massageando a lateral da minha cabeça em uma tentativa de dissipar aquela dor. Escutei Satoru rir de forma debochada, apenas me dando mais vontade de o agredir e cancelar a história de que ele sempre seria meu melhor amigo, pois naquele momento estava mesmo considerando o socar na boca.

-Ah, claro, a pobre garota rica sofredora. - ele zombou, rindo e sendo acompanhado pela traira da Maisha.

-Sim, aquela que trabalha por meio periodo e já fica morrendo pelo restante do dia. - Mai zombou e ergui meu dedo do meio para ambos.

-Primeiro de tudo, vão se fuder os dois. Segundo, vão se fuder. - eu disse com irritação. -E você é um vagabundo, Satoru, que tá sendo sustentado pelo meu dinheiro! E você, Maisha, vou me poupar de comentários.

-Qual é, Zuzu!- ela disse sorrindo com divetimento. -Estamos apenas brincando, para de ser assim.

-Por isso Wakasa não te aguentou, sua chata do caralho.- Satoru disse em tom de brincadeira, mas eu apenas o encarei. Ele ergueu as mãos em sinal de rendição, e eu abri a boca para mandar ele a merda quando alguém sentou do meu lado. Me virei, apenas para me deparar com olhos purpura que me fizeram suspirar em alivio.

-Pode até ser que ela seja mesmo chata, mas eu aguento.- Wakasa disse com um sorrisinho e eu ergui meu punho para socar seu ombro, o empurrando de leve. Wakasa apenas riu, segurando minha mão na sua e eu revirei os olhos para o idiota que eu amava e sorria de forma tão sincera para mim.

É. No fim das contas, eu era extremamente grata por estar viva. E ter mais tempo com aqueles idiotas que eu amava. E principalmente, por ter mais tempo com o idiota da gangue rival que eu aprendi a amar com todo meu coração.

Black Goshawk • Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora