[Narrado pelo Autor]
Todos voltaram para seus quartos, tomaram um banho e logo se reuniram para o jantar. O jantar foi diferente naquele dia. Foi fácil para Bryan perceber, e Blake notou que os garotos estavam agindo diferente. Bryan já conhece muito bem cada um naquela casa, sabe como eles falam pra cacete e gostam de conversar... mas alguns estavam muito quietos. Mickael nem tocou na comida, e apenas movia seus talheres. Saulo e Alexander estavam cabisbaixos, e bem calados. Troy não parava de falar com o Saulo e de xingá-lo, tentando levantar o astral um pouco, mas estava claro que os meninos não estavam com o melhor humor. Jeferson já é calado, mas ele nunca fica sem comer, é sempre um dos primeiros a correr quando Alex e Ferdinando chamam pro jantar.
Troy: — Cara, o que você tem? — indagou diretamente para Saulo. — Sei lá, me xingue, me ameace, me... sei lá, tente me bater. Tu é o cara mais perigoso do país, se lembra? Bandido profissional, sem medo de nada, nem mesmo de mim.
Saulo: — Me deixe em paz, Troy. Não quero conversar, estou... cansado. — Troy olhou para os outros. Todos perceberam a diferença. Saulo chamou-o pelo nome.
Bryan: — Own, o que foi, bebezão? — se levantou e foi até Saulo. Tocou-lhe os ombros e deu-lhe um beijinho no pescoço.
Saulo: — Sai, porra... — Bryan beijou-lhe de novo, e o fez rir e se arrepiar inteiro. Blake viu que os meninos estavam dando bandeira demais... eles precisam se controlar.
Bryan: — Por que vocês estão tão caidinhos? — se aproximou do Mickael e sentou no colo dele. Mickael envolveu-lhe num abraço e ficou quietinho. Só aquilo já foi estranho o suficiente. — Vocês estão cansados, né? Sentem falta do mundo lá fora?
Mickael: — Eu odeio o mundo lá fora. — seu tom de voz seco e agressivo deixou os outros desconfortáveis.
Saulo: — Eu também. Odeio todos lá fora, odeio aquele mundo.
Alexander: — É... por mim também... — largou os talheres, que nem usou direito. — Por mim pode tudo desaparecer. Nada mais faz sentido. É tão diferente... tão... absurdo o que a gente viveu lá.
Gabriel: — Eu só me importava com meu melhor amigo naquela merda... e ele está aqui comigo. Aquela merda só me fazia sentir um inútil. Aqui pelo menos é divertido e eu tenho amigos.
Bryan: — Vocês...
Blake: — Eles não querem voltar. — tentou desviar a atenção do lado oculto que eles não poderiam falar. Todos estavam tendo uma crise existencial por descobrirem algo oculto por trás do mundo perfeitinho e “forte” que viviam.
Saulo: — E-eu... quero ficar aqui. Eu me sinto importante aqui.
Mickael: — É. Eu aprendi tanta coisa aqui, e lá tudo fazia mal pra minha cabeça. Se eu tiver o poder da escolha, eu quero ficar aqui. Eu quero morar aqui com vocês, e ter essa felicidade que eu tenho aqui. Quero rir, quero brincar, quero conversar, e transar. — outros riram baixo. — Lá fora eu só era um moleque assustado dependente da opinião dos outros.
Saulo: — Lá fora eu era... um cara desesperado, solitário e desprezado, que precisava dar uns corre pra não passar fome e frio com meus moleques.
Alexander: — Eu era apenas o... o padeiro. Alimentava a vontade dos outros, era humilhado atrás do balcão, mas só podia abaixar a cabeça, senão perdíamos clientes e o dinheiro que nos sustentava. Eu era um cara em pedaços.
Gabriel: — Eu... eu nem sei o que eu era. Sempre fui bom no meu trabalho, apaixonado pela cozinha, mas o fardo de ter uma família que não me apoia e desejou meu fracasso... o fardo de ser humilhado diante das pessoas quando não curtiram meu trabalho. As pessoas precificando meus talentos e não me dando escolha... assim como Alex, eu era um cara em pedaços.
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CANAMEDIAM: A Casa Dos 25 Machos
RomanceMais uma obra sobrenatural pra quem gosta. Ligações com ABOOH. Pra quem leu ou não leu essa estória, não se preocupe, isso não vai influenciar em nada sua leitura nessa ;3. Trata-se da história contada anos antes, quando um dos planos da destruição...