28.: Um Brinde à Putaria!

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[Narrado pelo Autor]

Todos voltaram para seus quartos, tomaram um banho e logo se reuniram para o jantar. O jantar foi diferente naquele dia. Foi fácil para Bryan perceber, e Blake notou que os garotos estavam agindo diferente. Bryan já conhece muito bem cada um naquela casa, sabe como eles falam pra cacete e gostam de conversar... mas alguns estavam muito quietos. Mickael nem tocou na comida, e apenas movia seus talheres. Saulo e Alexander estavam cabisbaixos, e bem calados. Troy não parava de falar com o Saulo e de xingá-lo, tentando levantar o astral um pouco, mas estava claro que os meninos não estavam com o melhor humor. Jeferson já é calado, mas ele nunca fica sem comer, é sempre um dos primeiros a correr quando Alex e Ferdinando chamam pro jantar.

Troy: — Cara, o que você tem? — indagou diretamente para Saulo. — Sei lá, me xingue, me ameace, me... sei lá, tente me bater. Tu é o cara mais perigoso do país, se lembra? Bandido profissional, sem medo de nada, nem mesmo de mim.

Saulo: — Me deixe em paz, Troy. Não quero conversar, estou... cansado. — Troy olhou para os outros. Todos perceberam a diferença. Saulo chamou-o pelo nome.

Bryan: — Own, o que foi, bebezão? — se levantou e foi até Saulo. Tocou-lhe os ombros e deu-lhe um beijinho no pescoço.

Saulo: — Sai, porra... — Bryan beijou-lhe de novo, e o fez rir e se arrepiar inteiro. Blake viu que os meninos estavam dando bandeira demais... eles precisam se controlar.

Bryan: — Por que vocês estão tão caidinhos? — se aproximou do Mickael e sentou no colo dele. Mickael envolveu-lhe num abraço e ficou quietinho. Só aquilo já foi estranho o suficiente. — Vocês estão cansados, né? Sentem falta do mundo lá fora?

Mickael: — Eu odeio o mundo lá fora. — seu tom de voz seco e agressivo deixou os outros desconfortáveis.

Saulo: — Eu também. Odeio todos lá fora, odeio aquele mundo.

Alexander: — É... por mim também...  — largou os talheres, que nem usou direito. — Por mim pode tudo desaparecer. Nada mais faz sentido. É tão diferente... tão... absurdo o que a gente viveu lá.

Gabriel: — Eu só me importava com meu melhor amigo naquela merda... e ele está aqui comigo. Aquela merda só me fazia sentir um inútil. Aqui pelo menos é divertido e eu tenho amigos.

Bryan: — Vocês...

Blake: — Eles não querem voltar. — tentou desviar a atenção do lado oculto que eles não poderiam falar. Todos estavam tendo uma crise existencial por descobrirem algo oculto por trás do mundo perfeitinho e “forte” que viviam.

Saulo: — E-eu... quero ficar aqui. Eu me sinto importante aqui.

Mickael: — É. Eu aprendi tanta coisa aqui, e lá tudo fazia mal pra minha cabeça. Se eu tiver o poder da escolha, eu quero ficar aqui. Eu quero morar aqui com vocês, e ter essa felicidade que eu tenho aqui. Quero rir, quero brincar, quero conversar, e transar. — outros riram baixo. — Lá fora eu só era um moleque assustado dependente da opinião dos outros.

Saulo: — Lá fora eu era... um cara desesperado, solitário e desprezado, que precisava dar uns corre pra não passar fome e frio com meus moleques.

Alexander: — Eu era apenas o... o padeiro. Alimentava a vontade dos outros, era humilhado atrás do balcão, mas só podia abaixar a cabeça, senão perdíamos clientes e o dinheiro que nos sustentava. Eu era um cara em pedaços.

Gabriel: — Eu... eu nem sei o que eu era. Sempre fui bom no meu trabalho, apaixonado pela cozinha, mas o fardo de ter uma família que não me apoia e desejou meu fracasso... o fardo de ser humilhado diante das pessoas quando não curtiram meu trabalho. As pessoas precificando meus talentos e não me dando escolha... assim como Alex, eu era um cara em pedaços.

CANAMEDIAM: A Casa Dos 25 Machos Onde histórias criam vida. Descubra agora