[Narrado por Bryan]:
FLASHBACK:
Abri os olhos lentamente, sentindo o incomodo por causa da luz. Tentei me mover, mas alguém me apertou forte por trás. Pensei ser o Flávio, mas me lembrei que eu não iria dormir no mesmo lugar que ele, então olhei um pouco pra trás e vi que era o Marcelo. Me movi e ele me apertou mais forte, me puxando contra seu corpo suado. Estávamos sem camisa e só de cueca. Poderíamos ter ficado com frio pela falta de tecido, mas pelo jeito fez muito calor nessa madrugada, porque estávamos bem suados.
Eu: — Marcelo? — ele se moveu e gemeu baixo, me fazendo rir.
Ele moveu a cintura para frente até colar tudo no meu corpo. Pude perceber que ele estava bastante excitado e uma coisa bem dura e quente tocou minha coxa. Ri baixo e o empurrei de leve. Ele gemeu baixo no meu ouvido e moveu a cintura pra frente mais uma vez, pressionando seu pau contra minha coxa.
Marcelo: — Ah... delícia. — eu o empurrei mais uma vez, só que mais forte e comecei a rir alto.
Eu: — Marcelo, para! Eu não sou suas putas, então para de passar o pau em mim! — ele me apertou mais uma vez, pressionando a rola contra minha coxa mais um pouco enquanto eu tentava empurrá-lo, mas ele é estranhamente forte! Seu corpo deu alguns espasmos e ele gemeu baixo. Olhei pra trás, ele abriu os olhos e os arregalou já dando um salto pro lado e se afastando de mim.
Marcelo: — Mas que droga, Bryan!!!
Eu: — Nem vem, você que me agarrou. Eu tentei te acordar, mas você ficou se esfregando em mim, seu louco! — comecei a rir e a cara dele de pavor que foi engraçada. — Não se preocupe, não vou falar pra ninguém que você ficou excitado comigo.
Marcelo: — Droga, droga, droga... que nojo... — ele se sentou de costas pra mim e tapou o rosto com as mãos.
Eu: — Credo, eu não sou uma criatura tão horrenda assim!
Marcelo: — Não... não é nojo de você.
Eu: — Então o que é? — me sentei na cama e olhei pra ele. Arregalei os olhos e só prestei atenção em uma coisa...
As costas do Marcelo estava toda marcada com hematomas. Eram círculos roxos por todos os lados e até me assustei com aquilo. Fiquei olhando por algum tempo sem saber o que dizer. Era como se tivessem batido nele com algo bem pesado e com a forma circular
Marcelo: — Nojo de ter me gozado todo... olha que sujeira. Minha cueca está toda melada... que droga. — não escutei uma palavra do que ele disse, apenas olhava para suas costas.
Eu: — Marcelo... espera... — engatinhei na cama até ele e toquei um dos hematomas roxo em suas costas. Ele deu um salto da cama e se virou pra mim com as sobrancelhas franzidas.
Marcelo: — Chega de toque, por favor.
Meus olhos deslizaram para cada vez mais baixo, até que vi o volume monstruoso na cueca dele. A cueca cinza estava com algumas manchas brilhando, como se estivesse molhada. Ele tapou o enorme volume que seu pau fazia e ficou me olhando com as bochechas bem vermelhinhas.
Eu: — Marcelo... você fez xixi na cama ou...
Marcelo: — Acabei de falar o que aconteceu. Você por acaso escutou?
Eu: — Não, desculpe. Estava olhando pras suas costas. — dessa vez eu estava olhando pra outro lugar.
Marcelo: — Bryan, quer parar de olhar pro meu pau?!
Eu: — Foi mal. É impossível não olhar. — eu ri. Me levantei da cama e fui até ele.
Marcelo foi chegando cada vez mais pra trás como se estivesse com medo de mim. Eu só consegui rir.
Eu: — Ei, não vou te devorar. Só quero ver essas marcas nas tuas costas.
Marcelo: — Marcas??? Que marcas???
Eu: — Tem vários hematomas roxos nas suas costas.
Marcelo: — Vire de costas. — fiz o que ele pediu. — A sua ainda está com as marcas também.
Segurei no braço dele e o puxei pra longe da parede. Ele não tirava as mãos da frente da cueca de jeito nenhum, e minha curiosidade pra saber o que ele disse e eu não escutei estava bem grande. Maior do que o que ele estava escondendo por trás das mãos. Dei a volta em seu corpo e toquei os hematomas arroxeados em sua pele.
Eu: — Está doendo? — apertei.
Marcelo: — Não. — ele respirou fundo. — Preciso de um banho.
Eu: — Vai me contar o que houve?
Marcelo: — Quer mesmo saber?
Eu: — Quero. — deslizei minhas mãos por cada hematoma circular e apertei pra ver se ele sentia dor, mas parecia que não.
Marcelo: — Droga. Estou com vergonha de dizer que me gozei. — disse baixinho.
Eu: — O quê??? — caí na risada e me afastei dele, quase caindo de tanto rir.
Marcelo: — Já disse. Agora você já sabe, eu me gozei todo e preciso de um banho.
Eu: — Então é por isso que disse "Ah... delícia" enquanto ficava sarrando em mim, seu safado?!
Marcelo: — Ah, para, Bryan! Eu estava dormindo e sonhando!
Eu: — Comigo?
Marcelo: — Cala a boca. Achei que era uma mina. Vou tomar um banho. — ele se virou com as mãos ainda se tapando e entrou no banheiro. Me joguei na cama de bruços sem conseguir parar de rir.
Olhei ao redor e me senti sonolento de novo. Puxei o edredom, voltei a fechar os olhos e relaxei. Flávio veio na minha cabeça e logo eu estava cheio de vontade de ir encontrá-lo para beijá-lo e abraça-lo de novo. Estou como o Marcelo... cheio de vontade de fazer sexo, mas com meu garotão! Sinto saudades dele em tudo, até do jeito sexy e selvagem na cama. Claro que eu sinto saudades também de namorar no sofá, assistindo filmes na TV, brincar e correr pela casa. Quero voltar a dormir com ele lado a lado, de preferência de conchinha.
Estava quase dormindo de novo, mas Marcelo apareceu e começou a fazer cócegas nas minhas costelas e me fez voltar a rir descontroladamente.
Marcelo: — Você me acordou e agora também não vou te deixar dormir! — ele me empurrou pro lado e segurou minha perna com força, fazendo cócegas no meu pé direito.
Eu: — Para, Marcelo! Eu não te acordei... para, por favor! — ele ria junto, até eu dar-lhe um chute. — Filho da puta, se você não parar eu vou puxar tua toalha!
Marcelo: — Se puxar minha toalha, vai me deixar pelado, e isso não vai me impedir de não deixar você dormir.
Eu: — Ah, é... — segurei nos ombros dele e puxei forte, fazendo-o se deitar na cama. Dessa vez foi eu que comecei as cócegas.
Marcelo: — Para... Eu odeio cócegas!
Eu: — Prove do... teu próprio... veneno! — ele riu alto.
Marcelo me empurrou pro lado e se pôs por cima de mim, segurando meus braços. Me encarou com aquele sorriso divertido e começou a rir sem parar também.
Marcelo: — Que estranho tudo isso.
Eu: — O quê? Você estar somente com uma toalha na cintura e estar em cima de mim?
Marcelo: — Isso também, mas... estou falando de brincar assim contigo. Mal nos conhecemos e você já sabe mais sobre mim do que eu mesmo.
Eu: — Ah, isso deve ser por causa do segredo dos mutantes. Só nós dois sabemos. Além do Olly, né. Acho que isso nos aproximou bastante. — ele riu.
Marcelo: — Sim, deve ser isso. Sabe, você é o primeiro cara que eu brinco tanto quanto brinco como uma garota. Eu me lembro de estar assim mesmo com minha antiga namorada há quase dois anos atrás.
Eu: — Está me comparando à sua ex namorada? Eu não sou tuas putas não!
Marcelo: — Não, não é isso! Não tem nem comparação. Ela era a maior vadia e você é... você é gentil demais pra ser como ela. — eu ri e tentei libertar meus braços, mas ele apertou mais forte e não me deixou sair.
Eu: — O que houve com essa sua ex?
Marcelo: — Terminamos depois que fui corno. — parei de tentar soltar meus braços e o encarei por um momento, sem saber o que dizer.
Eu: — Eita... sinto muito. As pessoas hoje em dia estão traindo com muita frequência.
Marcelo: — Pois é. Depois disso eu incorporei esse jeito pegador malandro. É uma forma de eu me esquecer do passado e evitar que isso aconteça de novo. Eu não era assim antes, era mais bobão e me entregava de verdade. Só cansei de ser enganado, sabe? Ela me traiu com o primo dela. O primo, cara!
Eu: — Não se preocupe, Bonitão. Tem um futuro esperando por você e logo você encontra uma garota legal que vai te fazer feliz. É só questão de tempo.
Marcelo: — Já deixei de acreditar nisso. Minha mãe dizia que tudo o que acontece de ruim conosco, é para um dia no futuro isso servir para nos erguer.
Eu: — Minha mãe também diz isso. Aconteceu de ruim hoje para nos fazer levantar amanhã, e assim encontrar nosso caminho. Bem frase de vó. — ele sorriu e eu retribui o sorriso.
Marcelo: — Exatamente.
Senti algo estranho naquele momento. Os olhos do Marcelo começaram a brilhar de um modo fofo, e aquele cara irritante e safado que conheci no início da viajem tinha desaparecido. Entendia o porquê dele ter se tornado amigo do Flávio tão rápido. Além de ser primo do Márcio, ele também é uma ótima pessoa em todos os sentidos.
Márcio: — O que vocês estão fazendo?! — levamos um mega susto. Marcelo se lançou pro lado numa velocidade incrível e se pôs de pé. Eu me sentei na cama e olhei para o Márcio e o Olly, que tinha um sorrisinho no rosto.
Oliver: — Que isso, Bryan? Quero explicações! — ele sorriu e arqueou as sobrancelhas.
Marcelo: — Não é nada disso que vocês estão pensando.
Márcio: — Porra, Marcelo! Não acredito que você pegou o Bryan, cara!
Eu: — Epa, epa, epa! Ninguém me pegou e eu não peguei ninguém. Só estávamos conversando.
Márcio: — Conversando é o caralho! Imagine se fosse o Flávio entrasse aqui e visse essa cena?! Ele iria achar que você traiu ele, vendo você de cueca e o Marcelo só de toalha!
Marcelo: — Ah, quer saber, foda-se o Flávio. Não estou nem aí pro que ele pensa. Ainda acho que o Bryan deveria dar uma lição nele. — olhei pra ele sem entender.
Eu: — O quê? Que tipo de lição?
Marcelo: — Porra, o cara beijou outra garota enquanto estava contigo e nem ligou pra isso! Você deveria dar um tempo maior pra ele pensar no que fez. E outra, eu odeio ficar mentindo e escondendo as coisas. Ele esconde muitos segredos de você, e você aí fazendo papel de bobo de novo. Pronto, falei. — franzi as sobrancelhas e me levantei da cama.
Eu: — Como é que é?
Márcio: — Cala a boca, Marcelo. Para de inventar asneiras. Se você quer o Bryan, fala logo de uma vez. — Marcelo mandou o dedo do meio para o primo.
Marcelo: — Passe a mão na cabeça do imundo, que vai acabar se sujando também. Imbecil.
Mas sobre que porra esses dois estão discutindo?
Márcio: — Ele está arrependido. Vocês sabem disso.
Marcelo: — Será mesmo? — seu tom irônico machucou até a mim. A ironia em sua voz foi tão forte, tão agressiva, que doeu em lugares que eu nem sabia que tinha sensibilidade. Permaneci quieto. Percebi que a discussão deles era mais que... pessoal.
Márcio: — Flávio pediu desculpas e ontem estava feliz pra cacete porque fez as pazes com o Bryan. Você não tem o direito de estragar isso!
Ah, esses dois brigando aos gritos estão me dando dor de cabeça.
Marcelo: — Cala a boca você também, Márcio. Não tem nada entre o Bryan e eu!
Márcio: — Tem certeza? A cena que eu acabei de ver aqui não pareceu isso. Os dois pelado na cama... isso pega muito mal!
Eu: — JÁ CHEGA!!!
Assim que gritei, sentindo minha cabeça latejar um pouco nas têmporas, as luzes piscaram e enfraqueceram. Fechei os olhos com força e me sentei de novo.
Eu: — Você estão me dando dor de cabeça.
Oliver: — Calma, Migo. — ele se aproximou do Márcio e o deu um tapa no braço, o dando um susto. — Para de estressar ele. Quer morrer, féladaputa?
Marcelo: — Olha, — começou a falar bem mais baixo, e eu me mantive sentado já meio irritado com a situação. — estávamos só brincando e paramos pra conversar. Acabamos de acordar depois daquela bebedeira de ontem.
Eu: — Não tem nada entre nós e... eca. É o Marcelo. É impossível. — apontei para o bonitão à minha frente.
Marcelo: — Ei! Qual o problema comigo?!
Eu: — Nenhum, você é incrível. — forcei um sorriso e ele riu.
Marcelo: — Ah, é? Você vai ver só depois. Deixa só eu me vestir. — Olly foi até o banheiro e Marcelo se levantou rápido.
Oliver: — O que é isso? — falou lá dentro e Marcelo tapou o rosto com as mãos. Olly saiu de lá segurando um pedaço de pano cinza na ponta dos dedos.
Marcelo: — Ah... não... — Tapei a boca, segurando o riso ao máximo. Era a cueca gozada do Marcelo. — Não pegue isso... droga.
Oliver: — Olha só o que estava dentro da pia. Uma cueca cheia de... ah... parece porra, tem cheiro de porra e é porra.
Márcio: — E depois diz que não houve nada? Marcelo, eu vou matar você. — ele foi andando até o Marcelo prestes a esganá-lo. Eu saltei e fiquei entre os dois, impedindo que o Márcio quebrasse a cara dele.
Eu: — Vocês entenderam tudo errado. É até engraçado essa história. — olhei pro Marcelo e soltei a gargalhada.
Marcelo: — Se você contar, pode esquecer que um dia fui teu amigo!
Márcio: — Bryan, diz logo! Você traiu ou não traiu o Flávio?!
Eu: — Não! Claro que não! Desculpe, Marcelo, mas vou ter que falar.
Entre salvar meu relacionamento com o cara que eu amo e não contar um segredinho de um amigo... eu prefiro salvar meu relacionamento e não contar o segredo do meu amigo. Bom, não contar completamente tudo.
Oliver: — Fala logo, caralho! Marcelo enterrou a lacraia em que buraco?!
Eu: — Em lugar nenhum. Você nunca tiveram sonhos eróticos e acordaram assim? Oliver, não minta porque você já acordou gozado umas trinta vezes em um mês e... Márcio, não vai mentir, porque a maioria dos homens acordam assim uma vez na vida quando estão muito tempo sem gozar. — pronto, não contei o que Marcelo temia e nem menti. Mas prefiro falar só isso, pra evitar constrangê-lo.
Oliver: — Eh... isso é completamente normal. Resolvido, e ele não traiu o Flávio tanto quanto o Flávio traiu ele.
Márcio: — Flávio não traiu ele.
Eu: — Querem calar a boca?!
Marcelo: — Olha, eu confesso. Agora devolva minha cueca! — ele tomou a cueca cinza das mãos do Olly e foi para o banheiro.
Márcio: — Marcelo, vista a droga da roupa. Pare de andar de toalha por aí.
Marcelo: — Vai se foder, Grandalhão. Eu ando até pelado se eu quiser. Aposto que o Bryan e o Oliver nem se importariam.
Eu: — Não mesmo.
Oliver: — Fique à vontade. Vou até pegar um balde de pipoca.
Márcio: — Oliver, sossega.
Oliver: — Me faça sossegar.
Márcio: — Olha que eu faço, hein.
Opa... aquela cena que vi travou minha mente inteira. Sorri e me sentei na beira da cama, admirando os olhares entre o meu casal secreto favorito. Olly se aproximou lentamente do Márcio e passou as mãos pelo peitoral enorme do grandão. Márcio tentou, mas o sorrisinho sexy se libertou quando Olly desceu as mãos para a barriga dele lentamente.
Eu: — Nossa, nem me contam as novidades, seus safados!
Oliver: — Que novidades?
Márcio: — Não tem novidades. — ele passou a mão esquerda pelas costas do Olly e apertou sua nádega direita.
Eu: — Contem logo, eu quero saber! Olly, eu sei que você está doido pra contar.
Oliver: — Sim, eu tô. Mas acho melhor mostrar. — ele segurou o rosto do Márcio e roubou um beijo potente daqueles lábios finos e rosados. Nem mesmo Márcio esperava aquilo, e estava nítido. Meu sorriso foi de orelha à orelha por vê-los juntos finalmente!
Márcio: — Wow... Uff! — ele se afastou meio em choque e respirou fundo. Um sorriso safado surgiu em seu rosto, e ele olhou pro Olly com aquele olhar bem... sedutor. Parecia querer devorá-lo ali mesmo. — Uau!
Oliver: — Bora voltar para a cama?
Márcio: — Pra dormir?
Oliver: — Claro que não, idiota, estou com muito fogo pra conseguir dormir.
Márcio: — Serei seu bombeiro pra apagar esse fogo. — ele puxou-o contra seu peito e deu um tapa forte em sua bunda. O estalo fez eu até me assustar, e ainda ri.
Oliver: — Ui... será que essa mangueira tem poder pra apagar uma explosão nuclear?
Márcio: — Ô se tem. E ela vai entrar bem fundo no seu fogo.
Eu: — Ah, para com essa putaria! Vocês são fofos, mas não exagerem.
Eles riram. Márcio parecia meio desconfortável em falar do assunto "Márcio e Oliver", mas sorria toda vez que Olly o tocava. Marcelo saiu e dessa vez fui eu ir tomar um banho. Terminei, me enrolei na toalha e tive que ir pro quarto ao lado, para pegar minhas roupas. Me vesti por completo e iria subir para o terceiro andar. Queria muito ver o Favo, mas quando iria entrar no elevador, Raven segurou meu braço e não estava com uma cara muito boa. Bom, ela nunca está com a cara muito boa. Parece que sempre está num velório.
Raven: — Precisamos do seu poder de projetor imediatamente.
Eu: — Hã??? O que houve???
Raven: — Lembra do ômega que te falei?
Eu: — Sim, o Eduardo. O que tem ele?
Raven: — Brent disse que sentiu algo errado com ele, e Kenny disse ter sentido um tremor fraco na madrugada. A Bee diz ter escutado várias abelhas, joaninhas e besouros discutindo e irritados demais, e isso só acontece quando há uma mudança muito forte no ambiente.
Eu: — Eita. Se o tal Eduardo estiver com problemas, isso vai ser ruim?
Raven: — Depende. O único que tem poder o suficiente pra afetar o ecossistema inteiro de uma cidade é o Eduardo, e se ele estiver com problemas, temo que metade da cidade também esteja.
Eu: — Ele é tão forte assim?
Raven: — Querido, se você acha que todos tem medo de mim aqui, saiba que eles tem pavor do Edu. Meu poder é inútil perto do poder que ele tem.
Eu: — Puta que pariu. Mas eu não consigo ter visões quando quero. Elas vem sozinhas.
Raven: — Um canalizador deve conseguir te ajudar.
Marcelo: — Canador o quê? — ele saiu do quarto junto com o Olly e o Márcio. Raven olhou pro Márcio e respirou fundo.
Raven: — Nada. Bryan, você vem ou não?
Eu: — Tudo bem, eu vou. Mas vamos pra onde?
Raven: — Porão. — opa! Adoro! Estava curioso pra saber como é lá embaixo.
Marcelo: — Sinto problemas. Eu vou também.
Oliver: — Também quero ir.
Márcio: — Se vocês vão, eu também vou.
Raven: — Não, ninguém mais vai. Só o Projetor.
Marcelo: — Mas nem pensar! Eu não confio em vocês. O Saltador vai também e ponto final.
Raven: — Okay, mas... humanos não são permitidos. — disse baixinho.
Eu: — Olly, fique aqui com o Márcio. Voltem pro quarto e se divirtam. Eu sei que vocês querem. — olly abriu um sorriso e Márcio mordeu os lábios enquanto olhava pra ele.
Entramos os três no elevador, e assim que ele fechou, Raven segurou forte no meu ombro esquerdo com a mão direita e o ombro direito do Marcelo com sua mão esquerda. Meu corpo inteiro ficou leve e... e de repente minha visão foi coberta por uma nuvem negra. um segundo depois estávamos num lugar escuro e bem diferente do elevador.
Raven estalou os dedos e as luzes se ascenderam. Nós estávamos no que parecia um corredor bem grande, teto cinza, paredes bem brancas e piso de madeira polida. Ela começou a andar e nós a seguimos até uma porta de madeira, que brilhava refletindo a luz das lâmpadas brancas. Entramos e logo vimos umas cinco pessoas em volta de uma mesa. Brent, Bee, Mariel, Janete e um outro garoto loiro bem alto.
Raven: — Mariel e Kenny, vejam se as gêmeas estão prontas.
O garoto loiro com uma camiseta verde e bermuda jeans clara se aproximou de nós e cumprimentou Marcelo. Ele era bem alto. Seus olhos âmbares bem claros no mesmo tom do cabelo. Percebi algo muito diferente nele, e até foi estranho. As pupilas dele eram esticadas na vertical, como as de um felino, e ao sorrir, percebi também seus caninos alongados. Ele olhou pra mim por algum tempo e sorriu outra vez. Fiquei com cara de idiota sem saber o que fazer com aquele olhar o tempo todo em mim.
Kenny: — Olá, me chamo Kennedy. — ele estendeu a mão.
Eu: — Me chamo Bryan. — o cumprimentei. A mão dele era bem quente, bem quente mesmo! E também macia. Eu podia jurar que ele estava com febre.
Um brilho alaranjado subiu por nossos braços e eu me assustei. O soltei e dei um salto pra trás. Que droga foi aquilo, eu não sei, mas acho que não vem ao caso me preocupar com isso agora.
Kenny: — Uau... você é quente.
Eu: — Você também. — ele deu de ombros.
Kenny: — Por acaso você é um Canalizador?
Eu: — Não sei. Brent e Raven disseram que eu sou um Projetor.
Kenny: — Estranho. Tenho certeza de que você acabou de me recarregar.
Eu: — Recarregar? Como assim?
Kenny: — É o que os canalizadores fazem. Eles canalizam toda sua energia e a duplicam, te deixando duas vezes mais forte. Temos dois canalizadores aqui.
Mariel: — As gêmeas.
Kenny: — Raven, é possível ter uma mistura de poderes assim?
Raven: — Bom... o Brent tem várias habilidades, então acho que sim. Os Julgadores podem ter usado um soro híbrido.
Kenny: — Hum... bom saber. Mariel, vamos chamar as gêmeas. — os dois passaram por nós e saíram daquele cômodo. Ele parecia ser bem educado. O modo extremamente correto de se portar fazia eu me sentir uma velha curva e com a coluna podre. Eu não escutava seus passos, e Mariel parecia caminhar sozinho, mas eu sentia um cheiro bem confortável nele, sei lá.
Marcelo: — Bryan, fique longe desse Kennedy. Já escutei alguns por aqui dizendo que ele é perigoso e metido a machão. — olhei pra ele e ri. Ele está parecendo o Flávio falando.
Raven: — O Kenny? Perigoso? Ele é mais frouxo que a barriga dos gigantes de lama. — Brent e Bee riram. — É bem provável que os outros não gostem dele porque ele obedece ordens superiores com bastante garra, e precisa ser duro com os betas às vezes.
Bee: — Nisso tudo concordamos. Uma joaninha é mais perigosa que o Kenny. Ele só é retardado demais. E isso às vezes irrita. Mas ele às vezes pega pesado com os betas, mas porque a situação exige isso. Afinal ele é alfa.
Eu: — Qual o poder dele?
Raven: — Ele é um Pirocinético. Manipula altas temperaturas. Basicamente o fogo e relacionados.
Eu: — Uau.
Brent: — Raven... está sentindo?
Raven: — Sim.
Marcelo: — Sentindo o quê?
Raven: — O chão... tremeu levemente.
Eu não senti nada.
Janete: — Edu deve estar com raiva, e isso é ruim. Espero que Poliana e Polina estejam acordadas.
Polina: — Sim, estamos.
Poliana: — Cadê o projetor? — duas garotas lindas entraram e ficaram perto da grande mesa de metal, no meio do cômodo. As duas eram super parecidas, a única diferença entre elas era um colar com os nomes no pescoço. Elas tinham olhos castanhos bem claros e cabelos castanhos meio avermelhados ondulados esticados até um pouco abaixo da cintura. Eram baixas e bem fofas.
Raven: — Bryan, deite-se na mesa. — não relutei, apenas obedeci. Subi na mesa de metal e me deitei nela.
As gêmeas seguraram meus braços e pude ver os olhos dela ficarem completamente brancos, sem íris e nem pupilas. Me senti estranho. Um poder diferente passou por todo meu corpo e me senti revigorado por um instante. Ao olhar para os lados, eu vi raios roxos saindo da pele daquelas meninas e entrando em minhas mãos. Comecei a rir com aquela sensação forte de energia e a vontade enorme de pular e liberar tudo o que eu sentia. Meus braços começaram a queimar onde as meninas seguravam e tentei me soltar, mas elas apertaram mais forte. Minha cabeça começou a doer muito, mas muito! De feliz e revigorado, passei a ter vontade de gritar e chorar.
Eu: — Ah... O que é isso?!
Kenny: — É a sensação de quando você tem tanta energia, que está transbordando. Legal né? — ele riu.
Não! É horrível! Me sinto doente!
Raven: — Tente se concentrar e se projetar para onde o Eduardo está. Só pense no nome e na habilidade matriz dele. Geokinesis.
Fechei os olhos tentando me manter parado, mas era impossível com tanta energia circulando no meu corpo! Mas por fim, comecei a me sentir tonto e acabei apagando. Minha visão voltou ao normal e... logo percebi que estava num campo. A grama chegava a brilhar de tão verde. Andei um pouco até conseguir ver um celeiro grande, e talvez seja lá que o tal Eduardo esteja. Fui até lá e atravessei a porta.
Essa projeção está diferente das outras. Não sei explicar, mas parece tudo mais visível, tudo em detalhes que eu não conseguia ver antes, além de eu sentir como se estivesse no meu corpo físico. Entrei no celeiro e fui andando por lá. Tinha palha pelo chão, e o cheiro de terra... logo escutei gritos e mais gritos. Corri na direção deles. Me abaixei atrás de um amontoado de palha seca e fiquei olhando aqueles três discutindo. Havia um garoto alto, com apenas uma blusa bege aberta, mostrando seu abdômen, e um jeans escuro. Ele estava descalço, tinha cabelo loiro como areia de um deserto, olhos castanho-mel bem claros e uma expressão raivosa. A garota ali tinha cabelo negro até os ombros com uma fita rosa o prendendo. Estava com as roupas numa mistura de rosa e roxo, com uma expressão assustada. O outro garoto era um pouco mais baixo que os outros dois e tinha um semblante triste. Ele usava uma touca azul-escuro, olhos castanhos escuros e tinha um visual meio rockeiro, assim como Brent, Mariel, Janete e Raven.
Eduardo: — Vai se fuder, Mika! Vão vocês dois se fuder, seus traidores!
Mika: — Calma, amor... não é isso que você está pensando!
Eduardo: — Amor o cacete! Me solta, senão eu te mato, Tuco! — ele balançou as mãos, obrigando o rockeirinho soltá-las.
Tuco: — Você não teria coragem...
Eduardo: — Não? Já matei centenas de pessoas antes, mais duas não vai fazer diferença nesta lista.
Tuco: — Edu... eu... to contigo, cara. Eu sirvo a você, e apenas a você. Você entendeu errado!
Mika: — Nós só estávamos...
Eduardo: — Quer saber... os dois saiam da minha frente, antes que eu vos esmague.
Tuco: — Vai ser assim? — o garoto se aproximou do Eduardo e ficaram bem próximos. — Não confia na sua namorada? Não confia no seu melhor amigo?
Eduardo: — Eu não sou surdo, seus traidores. Escutei muito bem este planinho pra me destruir. Saibam que na reunião que vocês planejam me matar terão dois ômegas além de mim. Uma Vidente e um Termocinético. Sendo assim, eu saberia deste planinho de qualquer jeito. Planejaram bem, mas vai ser inútil. Tão inútil quanto vocês são. Agora sumam!
A terra começou a tremer tão forte que várias caixas rolaram pelo celeiro, e uma delas iria me atingir, mas passou direto por meu corpo. Uma picareta enorme veio na direção da minha cabeça, mas eu saltei pro lado e ela atingiu a parede de madeira. Eu sei que a picareta iria passar direto, pois sou apenas uma projeção, mas prefiro não correr o risco de ter a cabeça arrancada. Voltei a olhar para os três discutindo e os olhos do Eduardo ficaram completamente amarelados, como areia. A menina, a tal Mika, virou as costas e uma circunferência enorme e arroxeada se formou à sua frente. Parecia um portal... e talvez aquilo seja um portal, sei lá. É tanta coisa louca que não duvido de mais nada.
Mika: — Você vai se arrepender, Eduardo.
Eduardo: — Vai se danar, Vadia. Está tudo terminado entre nós. Só... desapareçam.
Mika: — Venha, Tuco. — o garoto ficou na dúvida se entraria ou não naquele portal. Ele olhou para o Eduardo e cerrou o punho. A tal Mika passou pelo portal e ela estendeu a mão o chamando. — Vem logo!
Tuco: — Desculpe, Edu... — a menina saltou dentro do portal e desapareceu. O tal Tuco iria saltar também, mas parou e olhou para o Eduardo. Ele voltou correndo e, antes que ele pudesse perceber, o garoto o abraçou com força.
Eduardo: — Me solta! — ele empurrou Tuco e a terra voltou a tremer. O menino saltou dentro do portal, e logo a circunferência brilhante sumiu.
Eu: — Nossa. Traição tá na moda hoje em dia. — pensei comigo mesmo, já que eu não conseguia falar.
Eduardo: — Mostre-se, Projetor.
Ué... ele está falando comigo?
Não sei se estava falando comigo, mas saí de trás da caixa antes que ele me matasse ali mesmo. Eduardo se virou pra mim e pude ver seus olhos numa cor amarelada, sem íris e sem pupilas, assim como os olhos das gêmeas.
Eduardo: — O que faz aqui? — permaneci em silêncio e apontei para minha boca, tentando dizer que eu não podia falar.
Eduardo ergueu a palma direita aberta na minha direção e pude sentir um calafrio passar por meu corpo. Mesmo sendo uma projeção, eu senti tudo funcionar normalmente, até mesmo minha voz.
Eu: — Ah... Raven pediu que eu viesse ver o que estava acontecendo. Ela e os outros estão preocupados, achando que algo de ruim aconteceu com o... Senhor.
Eduardo: — Eu estou melhor que nunca. Pode voltar e dizer que temos dois traidores.
Bom, está tudo bem. O problema agora vai ser voltar para meu corpo. Não funciona quando eu quero. Fechei os olhos e respirei fundo, pensando no cômodo onde eu estava antes, no meu corpo e nos outros que estavam ao meu lado, mas não adiantou nada.
Eduardo: — Novato?
Eu: — Uhum. — soltei o ar dos pulmões e olhei pra ele.
Eduardo: — Deveria treinar. Projetores são bem poderosos quando querem.
A forma dele de falar naquele momento mudou radicalmente. Era rouca e calma. Parecia estar falando com uma criança. Era um tom tão bom de ouvir, e... Ele cheirava a terra molhada, o que é estranhamente reconfortante.
Eu: — Bom saber. Vou tentar evoluir, mas pra isso terei que voltar pro meu corpo. — ele sorriu e se aproximou de mim. Foi inevitável olhar para o corpo livre naquela blusa aberta. Até que... ele dá pro gasto.
Eduardo: — Eu te ajudo. Nos vemos em breve, Bryan.
Assim que ele tocou meu ombro, senti tudo se arrepiar de medo. Aquele garoto tão belo e tão gentil parecia tão frágil, mas ao mesmo tempo era tão superior à mim... Senti um frio no estomago e logo minha visão se alterou.
Eu estava novamente no porão, deitado naquela mesa de metal. As gêmeas me soltaram e me levantei lentamente.
Eu: — Uau... ele é tão...
Kenny: — Lindo com aquela blusa aberta? Sexy? Gostoso? Charmoso?
Eu: — Forte.
Raven: — Kennedy, acho melhor você se manter calado. — Mariel e Janete riram enquanto Kennedy ficou todo corado bem rápido.
Mariel: — Acho melhor você esquecer essa paixão pelo Edu.
Janete: — O Edu nem sabe que você existe. E se souber, não está nem ligando, pois ele namora a gostosa da Mika.
Kenny: — Vale a pena sonhar, me deixem. — os dois irmãos riram.
Eu: — Raven, o Eduardo mandou dizer que está bem, só que há dois traidores entre vocês. Uma tal de Mika e um tal de Tuco.
Kenny: — RÁ!!! Eu disse que essa Mika era uma vagabunda sem vergonha!
Um barulho estranho começou a correr as paredes, e nos assustamos quando uma nuvem de poeira saiu dos dutos de ventilação e se transformou naquele garoto zangado que acabei de conversar. Dessa vez os olhos estavam normais, e ele parecia menos irritado.
Eduardo: — Sim, você tinha razão, Kennedy. — Ele foi até o menino com cara de bobão e deu-lhe três tapinhas no ombro direito. Kenny ficou boquiaberto, quase vomitando arco-íris e soltando fogos de alegria. Quase até chegou a babar. — Devíamos ter dado ouvidos a você.
Kennedy: — Meu pai... você sabe meu nome... e tocou em mim... — Janete e Mariel riam bastante com as expressões de Kennedy. Ele parece mesmo ser um ultra fã do Eduardo. Brent correu até o líder e o abraçou.
Brent: — Tu sumiu, Mano! —Eduardo riu e estalou os dedos.
Eduardo: — Pronto, agora pode falar.
Brent: — O que houve contigo? Porque está com raiva? — ele de repente começou a falar devagar e de um modo normal, sem atropelar as palavras numa super velocidade. Estava... estranhamente normal.
Então é verdade, esse Eduardo é bem poderoso. Ele até controlou as habilidades do Brent e as minhas!
Eduardo: — Longa história. Polina e Poliana, estão liberadas para a festa de vocês.
Poliana: — Okay, Patrão.
Polina: — Você é incrível, Patrão!
Marcelo: — Você está bem? — ele tocou meus ombros e me ajudou a descer da mesa de metal.
Eduardo: — Bryan e Marcelo. Os novatos. Um Saltador é raro de encontrar. Já você não parece ser um Projetor.
Brent: — Eu disse a mesma coisa.
Eduardo: — Consigo sentir um tipo diferente de energia em você, Bryan. É algo novo... algo de... outro tipo de terra. Você tem um cheiro diferente de qualquer coisa que eu já senti, só não sei como ler todo esse relatório de DNA. — Marcelo e eu nos entreolhamos. — Vocês namoram?
Marcelo: — Não, não! Só amigos. — Eduardo riu. Percebi um detalhe fofo. Seus dentes da frente eram um pouquinho separados. Acho que passaria um cadarço ali. Mas é bonitinho.
Eduardo: — Perdão. É que... há uma energia e uma conexão entre você dois que me levaram a acreditar nisso. Mas vocês deveriam ser mais que amigos. Seu noivo é um idiota, — ele apontou para mim. — você tem que sair dessa cilada.
Eu: — Não entendi. Se estiver falando do que aconteceu no parque, ele já está arrependido.
Eduardo: — Você quem pensa.
Eu: — Espere aí. Tem mais alguma coisa que eu não sei? — estreitei os olhos e ele deu de ombros.
Eduardo: — Claro. Ele mente. Ele esconde tudo. Mas não serei eu a contar, não é, Marcelo? Pergunte você mesmo ao seu noivo, Bryan. Mas não acredite em qualquer jogo de palavras. Arranque o que você precisa, eu sei que pode fazer isso. — ele sorriu de uma forma assustadora, mas ainda assim meio fofo. — E você, Marcelo... O que você mais deseja está no seu caminho. — ele se virou de costas e foi até Raven.
Eu: — Gente, o que ele ainda não sabe sobre nós?
Brent: — Nada. Ele sabe de absolutamente tudo sobre todos nós. — a voz do Brent ficava sexy nessa velocidade. Eu adorei.
Janete: — E é por isso que todos têm medo dele. Ele sabe coisas que nem mesmo um vidente pode ver dentro de uma pessoa.
Mariel: — Tudo isso só pela energia da terra. É por isso que ele sempre está descalço. Sabe quando as pessoas mentem. — não tinha percebido isso, mas o Eduardo estava mesmo descalço todo o tempo. Desde quando eu o vi lá no celeiro.
Kenny: — Sonho de consumo de qualquer Diract.
Janete: — Sonha enquanto é de graça, Foguinho. — ele riu e cruzou os braços.
Marcelo e eu ficamos um tempo ali conversando com os Processados e rindo do Kenny suspirando toda vez que Eduardo passava por ele. As gêmeas também andavam para lá e para cá se arrumando para uma tal festa, e disseram ter conhecido outros dois gêmeos chamados de Yago e Yasmim, e eles adoram dar festas. Eu queria ir em festas, mas acho que Flávio não curtiria muito, e nem me deixaria ir. E também depois de tudo isso que estou passando, não sei se tenho ânimo para festa. E falando no Flávio, aquilo que Eduardo me disso ficou martelando em minha cabeça. O que será que ele quis dizer com tudo aquilo? Ele disse que Flávio mente. E... e se... se Eduardo é mesmo tão forte, ele não inventaria esse tipo de coisa. Ele nem ao menos tem motivos para inventar!
Mas que droga, Flávio, o que você aprontou? Seja lá o que for, eu sei que Márcio está metido nisso, só pela forma estranha que eles dois se comunicam, como se fosse uma linguagem oculta, ambígua, e eu fico boiando. E com Marcelo também é assim. Será que Marcelo sabe alguma coisa? Ah, mas se ele sabe e não me contou, ele vai se ver comigo!
Bom, Raven pediu para que Kenny e Mariel mostrassem para o Marcelo e para mim todos os cômodos debaixo do hotel. Conheci vários Processados diferentes, assim como uma mulher com orelhas de gato, um cara com uma calda dourada, que adorava comer ratos, um menininho com garras enormes que dilaceram até metal, e um bebê que cria campos de força. Marcelo pegou o bebê do colo da mãe e achei super fofo o jeitinho dele todo bobo com o bebê.
Luzia: — Até achei que ele poderia ter uma ligação com a luz, assim como eu, mas ele herdou o dom do pai que morreu na batalha... há cinco anos atrás.
Eu: — Sinto muito pela sua perda. Não imagino a sua dor, mas minhas condolências sinceras. — ela sorriu e olhou pro Marcelo com seu bebê.
Luzia: — Tudo bem, mas... tenho uma pergunta. Seu amigo tem um filho?
Eu: — Não que eu saiba. — olhamos para o Marcelo brincando com o bebê no colo. — É tão fofo, né? — ela riu e confirmou. Me sentei ao lado dela no sofá e ficamos olhando eles. Era bonitinha aquela expressão no rosto do Marcelo. Era encantador, na verdade.
Luzia: — Ele deve gostar muito de crianças. Ele é tão cuidadoso.
Eu: — Você não sabe o quanto. Mas vem cá, se o pai dela morreu há cinco anos atrás, como que ela ainda é um bebê?
Luzia: — É meio complicado explicar. Mas eu fiquei grávida durante vinte e sete meses.
Eu: — Puta que pariu.
Luzia: — Pois é. A Lumia vai fazer três anos logo. O organismo dela é lento e ela se desenvolve devagar.
Eu: — O pai dela era um beta?
Luzia: — Um alfa. Um tecnopata. Controlava qualquer eletrônico existente e ajudava a equipe com localizações, mapas, armas, entre coisas desse tipo. Ele também podia criar campos de força bem fortes e resistentes, assim como ela pode.
Eu: — Uau. Parece legal ser um tecnopata. Se eu tiver um filho, ele vai se dar bem com isso, tenho certeza. — ela riu. — o futuro vai estar cheio dessa tecnologia, então ele vai ser praticamente um deus.
Luzia: — E poderoso. — nós rimos.
Ficamos conversando várias coisas sobre habilidades, e Luzia me contou que alguns Diractre tinham formas animais. O falecido marido dela tinha asas de um falcão, garras e os olhos do animal alado. Ela disse que as asas se escondiam na caixa torácica dele e se transformava numa tatuagem incrível. Era mais incrível ainda ver as formas animais variadas de alguns Diractre. Luzia me contou que os Directre se transformam em criaturas etéreas poderosas quando estão no auge do poder. Raven tinha características de uma pantera negra feroz, enquanto Kenny tinha características de um leopardo. Mas nesse meio havia alguns Diractre sem esse poder.
Eduardo liberou Marcelo e eu, e mandou Kenny e Mariel nos levarem até lá em cima. Nunca vi Raven obedecer ordens de alguém, mas ela ficava tão submissa ao Eduardo... e era até engraçado o jeito que todos agiam perto dele. É o famoso ditado. Manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Eduardo: — Bryan. Cuidado. — olhei pra trás e ele sorriu.
Kenny e Mariel nos levaram para o elevador. Mariel passou a mão direita em frente aos números dos andares e novas teclado surgiram... -1, -2 e -3 em vermelho.
Mariel: — Ilusão. Ninguém pode enxergar essas teclas, a não ser que queiramos. — novamente ele passou a mão direita pelas teclas e elas desapareceram.
Marcelo: — Legal.
Subimos para o segundo andar e fomos para o quarto do Marcelo. Eu não iria entrar no quarto vinte e um, porque o Márcio e o Olly devem estar ocupados e não quero atrapalhar, então Marcelo, Mariel, Kenny e eu ficamos conversando no quarto vinte por um tempão. Até me esqueci que eu tinha um noivo perdido dentro daquele hotel que provavelmente está preocupado pelo meu sumiço.
Kenny nos mostrou como ele faz para as garras aparecerem, e eram belas garras! Envolve toda uma concentração, e um tipo único de respiração para um bom controle. Ele mostrou a calda e eu fiquei apertando e passando a mão o tempo todo. Era tão macia! Poderia ficar segurando a cauda dele o dia inteiro apenas fazendo carinho. A calda o dava um ótimo equilíbrio, e ele contou que sem a calda, ele com toda certeza estaria morto. Ele também mostrou as presas enormes, e Marcelo ficou pedindo pra tocá-las e ver se eram de verdade. Eram tão reais que o Kenny arrancou um pedaço da mesa de madeira com elas. O DNA híbrido dele era... fascinante!
Márcio: — Quem são esses? — Olly e ele entraram e olharam direto para o Kenny e pro Mariel. Apresentamos eles e Kenny se deu muito bem com o Olly. Na verdade, todos se dão bem com o Olly. Quem não curtiu muito os dois conversando foi o Márcio, que ficou de cara feia o tempo todo.
Márcio: — Bryan, você viu o Flávio hoje?
Eu: — Não. Iria lá no quarto dele depois que terminasse o assunto com a Raven, mas esqueci.
Márcio: — Eu não vi ele o dia inteiro. Ele sumiu.
Eu: — Como assim “sumiu”? Ele não está no quarto dele?
Márcio: — Bom, eu fui lá há algumas horas e ele não estava lá.
Eu: — Vamos lá procurá-lo.
Mariel: — Vai aonde, Bryan?
Eu: — Vou procurar o Flávio, meu noivo.
Mariel: — Não suma de vista. Ainda sou seu guarda-costa.
Márcio: — Que negócio é esse de guarda-costa?
Eu: — Não importa. É só paranoias da Raven sobre a segurança dos hóspedes.
Marcelo: — Espera aí, eu vou também.
Kenny: — Seu noivo também é um...
Eu: — Não. Mas ele é um cara legal. Idiota, mas legal. — o interrompi para que não falasse aquele assunto na frente do Márcio. se ele ficar sabendo de tudo o que eu soube até agora, ele vau pirar, eu tenho certeza.
Olly: — Bora todo mundo procurar o traste!
Kenny: — Okay.
Olly: — Ainda quero pintar tuas garras de rosa. — Kenny riu. Márcio revirou os olhos e saiu rápido do quarto.
Kenny: — Talvez depois. Vai com eles, Mariel?
Mariel: — Sou obrigado a ir também. Não posso deixar esses dois sozinhos.
Marcelo: — Você não é nosso segurança.
Mariel: — A partir do momento em que o próprio Eduardo deu a ordem, eu quem cuido de vocês dois, tendo sua confirmação ou não.
Kenny: — Pra agilizar, tem alguma coisa dele para que eu possa farejar?
Hum... é verdade, ele tem DNA de um farejador nato. Procurei nas minhas coisas, até encontrar algo do Flávio. Encontrei uma blusa dele, e a entreguei para Kennedy. Ele cheirou todos os cantos da blusa, e já começou a se mover. Ele me entregou a blusa e já foi em direção ao elevador. Kennedy fez o elevador parar em todos os andares, até sentir algo familiar. E quando ele sentiu, rapidamente saímos do elevador e já fomos para o quarto trinta e quatro. A porta estava aberta e já entramos.
Kenny: — O cheiro dele está por todo lugar. Deve estar em algum quarto.
Eu fui olhar na cozinha com o Marcelo enquanto Olly, Kenny, Mariel e Márcio olhavam os quartos. Olhei por toda a sala e a cozinha, mas não encontrei. Marcelo e eu fomos para um dos quartos e vimos Olly e Kenny olhando por lá. Meu coração falhou uma batida de repente e parei antes de continuar. Olhei pro fim do corredor e vi o Márcio e o Mariel abrindo uma porta...
Marcelo: — Está tudo bem?
Eu: — Sim... está... — percebi que o Márcio e o Mariel ficaram com os olhos arregalados e estáticos, com uma pequena fresta da porta aberta. Olly e Kenny foram até lá e ficaram no mesmo estado.
Marcelo: — Opa, encontraram alguma coisa. - ele foi na frente e eu o acompanhei. Só espero que seja coisa boa, e não alguém morto. Mas pela cara que eles estavam...
Marcelo iria entrar no quarto, mas parou na hora e voltou... puxou a porta e a encostou bem devagar. Escutei algumas batidas lá dentro, mas ignorei por enquanto.
Eu: — O que foi? Ele também não está aí?
Marcelo: — Ah... Bryan... acho melhor você... droga... Márcio... por favor, ajuda.
Márcio: — Ah... Oliver, tire o Bryan daqui.
Oliver: — Migo... acho melhor você sair, porque alguém vai morrer em breve. — ele veio em minha direção, segurou meu braço e tentou me puxar, mas...
Escutei mais barulhos. Pra dizer a verdade, pareciam gemidos. Senti medo naquele momento. As batidas pareciam cada vez mais fortes, mas a porta estava fechada, protegendo o som. Acho que esse prédio inteiro foi construído como uma barreira sonora. Eu só consegui escutar mais, quando Marcelo respirou fundo, e por um impulso ele abriu uma fresta da porta.
Marcelo: — Foda-se. — disse baixinho.
— Ah, delicia!!! Mais forte... gostoso...
Eu: — Mas que droga é essa?! — fui até a porta, empurrei o Marcelo e a abri.
Fiquei tonto com o que vi lá no fundo do quarto. Meu coração se escondeu em posição fetal lá no fundo do meu peito. As lágrimas já desceram sem parar pelos meus olhos e não consegui mover um músculo sequer.
Flávio: — Gostosa... é isso que você queria, sua vadia? Pica nessa bucetinha?
— Mete mais... goza dentro de mim! Caralho, que gostoso!
Flávio: — Haha, não me provoca! — escutei o som do ato, como se ele estivesse esfregando, e batendo o pau nela. — Só a cabecinha, pra tu sentir quem tá no comando, cadela.
Flávio estava de costas para a porta, transando com aquela garota do parque. Tava bem nítida a cena dele comendo aquela vagabunda e todos ali viram. Senti vergonha. Não de todos terem visto meu noivo pelado me traindo, mas ele ter a cara de pau de me pedir perdão e de eu acreditar em tudo o que ele dizia! Não consegui me mover, apenas fiquei olhando meu noivo metendo naquela piranha, sem saber o que fazer.
Marcelo: — Bryan... — dei alguns passos pra trás e minha visão borrou.
Eu: — Eu... ah... — minha voz saiu falha. Marcelo segurou meu punho, mas eu puxei meu braço de volta. Estava tudo queimando. Senti-me bem trêmulo, e instantaneamente comecei a ter uma crise.
Me virei e comecei a correr. Corri o mais rápido que eu podia. Saí do quarto e fui para as escadas. Desci pro primeiro andar do hotel e saí bem rápido daquele lugar. Nunca chorei tanto na minha vida. Mas mesmo chorando, continuei correndo pela rua deserta sem destino nenhum. Eu só queria desaparecer.
Marcelo: — BRYAN!!! — escutei seus gritos lá de trás, mas não liguei. Continuei correndo cada vez mais rápido.
Kenny: — Bryan!!!
Continuei correndo pela estrada deserta, e conforme eu corria, senti minhas mãos formigando enquanto tremiam. Olhei meus dedos e vi que não estavam normais... estavam se... desfazendo. Minha pele estava tendo um bug atrás do outro, e pedaços do meu dedo se quebraram como vidro e desapareceram no ar... até que tudo ficou escuro. Não tive tempo nem de me desesperar por isso. Meus pensamentos foram direto para a pensão da minha mãe.
Minha mãe... como eu sinto saudades dela. Eu quero muito abraçá-la, sentir os braços dela e ouvir sua voz... queria me livrar de todos aqueles pensamentos horríveis, ou até morrer. Queria morrer de uma vez pra aquele sofrimento acabar!
Caí naquela escuridão. Não escutei mais nada, não vi mais nada... só consegui pensar no meu quarto, na minha mãe... no meu Lar.
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CANAMEDIAM: A Casa Dos 25 Machos
RomanceMais uma obra sobrenatural pra quem gosta. Ligações com ABOOH. Pra quem leu ou não leu essa estória, não se preocupe, isso não vai influenciar em nada sua leitura nessa ;3. Trata-se da história contada anos antes, quando um dos planos da destruição...