24.: Estão atrás do perigo

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¥[Narrado por Bryan]¥
 
 
 
FLASHBACK:


Passei rápido pelo corredor e esbarrei um pouco forte demais no Marcelo. Eu estava com muita raiva do Flávio e isso estava bem visível na minha cara.
 
Coitado. Marcelo não tem culpa do que aquele idiota fez. Não devo descontar minha raiva nele.
 
Eu: — Foi mal, Marcelo! – gritei e continuei meu caminho.
 
Assim que Flávio acordou, o ignorei o tempo todo. Eu estava me aprontando para ir para a piscina lá no térreo e queria ir logo, pois não aguentava mais vê-lo tentando falar comigo. Eu queria xingá-lo... xingá-lo muito!
 
Ele disse que não queria acabar com a linha da garota. Será que foi isso mesmo ou ele não consegue controlar a piroca? Fui tirar a prova. O joguei no sofá e fiz uma ceninha de que tinha o perdoado. Fiz um boquete básico e joguei o verde pra que ele dissesse o que queria. Ele tinha duas opções e duas saídas.
 
1° Opção: me empurrar e interromper o clima. Dizer que me ama de verdade e que só tem olhos pra mim, que me convencesse que aquilo que eu vi foi ele sendo gentil com a garota, mesmo sendo algo ridículo. Se ele tivesse feito e dito isso, eu o pensaria se o perdoaria e talvez o daria uma nova chance.
 
2° Opção: ele continuaria com tudo sem me interromper e se entregasse aos desejos. Dizer que queria sexo e se render aos impulsos, deixando o amor que sente de lado. Se ele fizesse tudo isso, é porque é um fraco, medroso, que não consegue pensar nos outros além do próprio prazer.
 
Até pensei que ele faria a 1° opção, mas não foi assim. Flávio, mais uma vez, se entregou aos desejos.
 
Não vou mentir dizendo que o amor acabou, pois eu estaria mentindo muito. Eu o amo bastante e ele é a pessoa mais especial pra mim depois da minha mãe e do Olly. Mas meu orgulho não vai me deixar perdoá-lo tão fácil. Ainda mais depois do que vi.
 
Esqueci minha vergonha na cara lá no nosso quarto, em cima da cama. Não iria voltar pra buscar, então deixei pra lá. Fui lá para a cobertura do hotel com toda vontade. Disseram que lá tem uma piscina enorme e fantástica! Todos os hóspedes estavam lá naquele fim de semana quente pra caralho, e eu precisava espairecer um pouco.
 
Eu voltaria pra casa, já que essa viajem era para ser um momento entre o Flávio e eu, mas daí lembrei que o presente foi da Camile, então foda-se. Vou me divertir sem ele. Até parece que vou voltar e rejeitar o presente maravilhoso que Camile me deu de aniversário!
 
Assim que cheguei lá, Mariel veio até mim com a expressão séria que sempre o acompanha. Eu sorri pra ser simpático e ele levantou os óculos escuros. Agora pude ver os olhos dele. Eram azuis, e bem escuros, como as águas mais escuras do mar, ou uma tempestade bem agressiva. Tão escuros que quase se tornavam negros. Mariel vestia uma jaqueta preta com uma blusa preta por dentro, e um jeans escuro acompanhado de uma bota também preta, que parecia ser bem pesada. Brent logo apareceu correndo, mas correndo numa velocidade mais moderada. Ele estava com o cabelo preto com mechas azuis molhado e jogado pro lado esquerdo. O sorriso era bem bonitinho e fofo dessa vez. Ele estava sem blusa, somente com um short fino molhado. Ele é magro, mas tem as pernas grossas. Talvez por correr o tempo inteiro. Ele parece ter uns quatorze ou quinze anos, mas não tenho certeza.
 
Brent: — Oi, Bryan. Como está? Está bem? Como foi seu dia? Você parece triste, ainda está triste? O que aquele cara fez dessa vez? Ah, feliz aniversário! – bom, entendi metade do que ele disse. Ele só se aproximou bem rápido, me deu um abraço rápido e se afastou mais rápido ainda.
 
Mariel: — Cai fora, Pestinha. Ninguém entende o que você fala.
 
Brent: — Grosso!
 
Mariel: — Vou te mostrar o que é grosso.
 
Brent: — Só o braço, porque o resto é menor do que teu nariz. – eu ri e Mariel levantou a mão ameaçando dar-lhe um tapa. Brent se desviou do tapa e correu para a piscina, parando e fazendo caretas para irritar Mariel.
 
Eu: — Ele é sempre assim?
 
Mariel: — Irritante? Chato? Tagarela? Sim, sempre.
 
Eu: — Eu gostei dele. Parece ser um ótimo amigo.
 
Mariel: — Acha isso porque não foi você que passou cinco anos com ele enquanto se fodia para encontrar Ômegas.
 
Eu: — O que são esses “Ômegas” que vocês tanto falam? Por acaso vocês são algum tipo de esquadrão de procura?
 
Mariel: — Ômegas são como classificamos os processados mais fortes, ou com habilidades destrutivas que, em nossa visão, podem causar algum tipo de caos frenético. Temos os betas, como o Brent, que é um sensitivo e um velocista, Janete e eu, que somos ilusionistas, e todos os esponjas dessa área. Os alfas, como Raven, que é umbracinética, e Kenny, pirocinético. Temos somente um ômega aqui, que encontramos depois de meio século de procura, e ele se chama Eduardo. Ele é um Geocinético. Além desses temos os que classificamos como deuses, titãs, e muitos outras classificações.
 
Eu: — Espere. Umbra, piro e geo o quê?! – ele riu. Pela primeira vez eu vejo ele sorrindo. Até que ele é bonito e tem um sorriso agradável.
 
Mariel: — Umbracinéticos manipulam as sombras, controlam a escuridão. Pirocinéticos manipulam as altas temperaturas, ou seja, o fogo e relacionados. Geocinéticos manipulam as moléculas de poeira, terra e relacionados. Quem possui a Geocinese pode controlar o que quiser. Plantas, cristais, metal e tudo que envolve a terra. O Edu consegue criar terremotos poderosos capazes de destruir uma cidade inteira do dia para a noite, se ele quiser. Sorte que ele está do nosso lado.
 
Eu: — Uau. Isso deve ser foda. – ele concordou. Sorri, escondendo meu pânico interno sem entender muita coisa do que eles falavam. Eu só quero saber de uma coisa. Que porra está acontecendo na minha vida? E há quanto tempo esse caralho todo se esconde nessa porra de mundo?
 
Mariel: — E respondendo sua outra  pergunta, sim, nós somos como um esquadrão de procura. Quando Brent sente algum Diract por perto, nós temos o trabalho de encontrar, analisar, e talvez trazê-lo pra cá para mantê-los seguros. E esclarecendo, que eu sei que tu vai perguntar, os Processados são todos os seres que passaram pelo laboratório dos médicos malucos e tiveram seu DNA alterado. Os Diract são os humanos processados que deram certo, e que a mutação foi muito bem sucedida. Na língua dos Julgadores, que são esses médicos  loucos, Diract significa “Perfeito”, e eles nos chamam assim por sermos exatamente o que eles querem que sejamos. Armas biológicas perfeitas.
 
Eu: — Continuo achando isso estranho, mas foda. E vou fingir que eu entendi e não fazer mais perguntas. – ele riu. — Você deveria sorrir mais, é muito bonito sorrindo.
 
Mariel: — Sério? Então sou feio quando estou sério? – eu ri e dei um soco fraco no ombro dele.
 
Eu: — Não, só que tem pessoas que valorizam mais o sorriso do que outras coisas. Deve ter várias meninas aí que ficariam caidinhas pelo seu sorriso. – e não estou mentindo. Eu mesmo amo sorrisos.
 
Mariel: — Na última vez que levei um soco de um projetor, meu ombro deslocou do lugar. — eu ri. — E não brinca comigo, Bryan. Senão eu vou querer te comer.
 
Eu: — É o que, Garoto?! — ele deu de ombros, me fazendo rir. Eu realmente não esperava esse comentário.
 
Mariel: — Me elogie demais e eu vou querer foder você. Não é esse o ponto? — neguei com a cabeça, ainda rindo. Meu rosto queimou, surpreso por aquilo. — Ah, então tá bom. Vou tentar sorrir mais. Não pelas meninas, mas pra ficar mais bonito.
 
Eu: — Já está dando certo. – ele me olhou sorrindo, e ficou me encarando por algum tempo. Achei estranho e queria que ele parasse de me encarar e sorrir daquela forma forçada e exagerada. Tava me assustando.
 
Mariel: — Está dando certo? Estou te seduzindo? – eu ri e dei dois tapas no ombro dele.
 
Eu: — Vai treinando, Gatinho. Daqui uns dias você consegue causar algo além de medo. — ele desfez o sorriso e revirou os olhos, dando uma risadinha em seguida.
 
Mariel: — Já iria me esquecendo. Feliz aniversário, Projetor. – o encarei por alguns segundos e sorri. Agradeci e o abracei bem forte. Quando o abracei, ele ficou sem reação. Ficou na cara que ele não é muito fã de abraços, mas e daí? Gosto de afrontar.
 
Raven: — Feliz aniversário, Bryan. – soltei o Mariel, que fez uma careta de quem não gostou e não esperava por aquilo, e me virei pra ela. Ela estava com o cabelo preto solto, e enorme, uma jaqueta preta com uma blusa preta por dentro, e uma calça jeans escura. Os estilos rockeiro, punk e gótico são bem naturais nesse lugar, pelo visto.
 
Eu: — Obrigado, Raven! – bom, não a abracei. Ela parece não gostar de toques, e não parece aceitar como o Mariel. Prefiro evitar ser morto no meu aniversário.
 
Mariel: — Se estiver pensando em abraçá-la, pode esquecer. – Raven sorriu de lado, ficando mais assustadora ainda.
 
Esses dois me dão arrepios às vezes.
 
Raven: — Está gostando daqui, Bryan?
 
Eu: — Sim, tirando o fato de eu ter perdido meu noivo. – ela passou a mão pela minha cabeça, bagunçando meu cabelo.
 
Raven: — Vai se acostumando. Você ainda é uma criança. Há muitas decepções pra viver. Ainda mais se for um Diract com longevidade. Alguns possuem muita telomerase, o que nos permite ser jovens por centenas de anos.
 
Eu: — Diract... ah. O que é isso mesmo? — Mariel deu um tapa na própria testa. Ele acabou de me explicar, mas não sei se eu entendi muito bem.
 
Raven: — É como os Julgadores chamam os Processados, os seres que passaram pelo laboratório, que deram mais que certo e são mais resistentes, como o esperado. Tipo o Kenny, O Edu e eu. A raça do Brent, da Janete e do Mariel não são considerados Diract. Comumente, Ilusionistas se perdem na própria mente, sendo loucos e psicóticos. Velocistas às vezes nem mesmo se descobrem, e passam a vida sem conhecerem as próprias habilidades, e quando descobrem, passam do limite. E os esponjas são bestas que devoram energia. São todos falhos, então não são Diract. Esses dois aqui, e a Janete, são uma exceção.
 
Ah, meu Deus. Onde estou me metendo?
 
Eu: — O que é telomerase?
 
Raven: — Faltou às aulas de biologia no colegial?
 
Não vou nem perguntar como ela sabe. Apenas dei de ombros.
 
Raven: — É uma enzima que permite nosso DNA se renovar de tempos em tempos, nos permitindo desenvolver a longevidade, assim como as lagostas, e como outros animais que não vem ao caso.
 
Eu: — E com longevidade vocês querem dizer que... vivem muito tempo?
 
Mariel: — Obviamente. Há muitos Diract e Herdeiros com longevidade, tipo Raven, Brent, Kenny e Edu.
 
Eu: — A cada frase que vocês falam eu não entendo uma coisa. O que são os Herdeiros? São iguais aos Processados?
 
Raven: — Por parte sim. Herdeiros é como chamamos aqueles que são filhos, ou netos, de Diractre, e que herdam dons de família, ou de clãs.
 
Mariel: — Entendeu?
 
Eu: — Acho que sim. Diract são os boladões, praticamente os principais que deram certo...
 
Raven: — Diractre, Plural. Diract, singular.
 
Eu: — Certo, entendi. E os que nasceram com esses dons são os Herdeiros, né? Caralho, que complicação!
 
Raven: — Você se acostuma.
 
Mariel: — Acho que vou entrar um pouco na piscina e brincar com esses humanos.
 
Raven: — Proibido ilusões aqui, Mariel.
 
Mariel: — Eu te odeio, Vadia.
 
Raven: — Cala a boca, senão te proíbo de ver pornografia também. – ele levantou o dedo do meio pra ela e tentei disfarçar o riso. Não consigo imaginar Mariel assistindo pornografia. Mas por um lado, ele até que tem uma carinha de safado.
 
Aliás, eu também tenho cara de santinho, mas... nem tudo o que reluz é ouro.
 
Eu: — Vou dar uma voltinha por aí. Aliás, quantos de vocês há por aqui?
 
Raven: — Ah... bom, podemos dizer que... – ela olhou ao redor. — A maioria aqui são Processados, então cuidado. Maior parte não são Diract. São Demônios. Ilusões, controle mental, metamorfoses, força, cinéses e muitos tarados. Apesar de todos serem betas, são perigosos de certa forma.
 
Eu: — Credo. Espero não ser estuprado aqui.
 
Raven: — Então fique onde Mariel e Janete possam te ver. Porque, como você é novato por aqui e nem sabemos se você é Diract, Herdeiro, Demônio ou Malevolente, Mariel e Janete serão seus guarda-costas às minhas ordens. E essa sua sunga justa aí chama muita atenção, aliás.
 
Ela se virou e voltou para onde o Brent estava.
 
Fui direto para a piscina. Fiquei sentado na beira dela balançando os pés na água e observando os outros hóspedes se divertindo. Tinha bastante gente ali. Como o hotel é grande, provavelmente deve ter mais hóspedes que ainda não subiram. Alguém se sentou ao meu lado e me assustei, mas era apenas o Marcelo.
 
Marcelo: — Quer saber como ele está?
 
Eu: — Não me interessa.
 
Marcelo: — Qual é, Bryan. Foi só um beijo.
 
Eu: — Um beijo que ele retribuiu e ainda gostou.
 
Marcelo: — Eu não sou de ter pena de ninguém, mas o Flávio está mal. Ainda mais depois desse tal teste que você fez. E não estou acreditando que você devolveu o anel que ele comprou com tanto carinho pra você, Cara!
 
Eu: — Marcelo, eu não quero ser traído de uma forma pior. Se ele não controlar esses desejos, um dia ou outro vai acabar me traindo e me machucando mais, mesmo sendo “sem querer”.
 
Marcelo: — Sim, mas você pode o ajudar a aumentar esse auto controle.
 
Eu: — E como vou fazer isso? Vender minha alma pro Satanás e pedir que o pau do meu noivo só suba pra mim?
 
Marcelo: —  Credo, não! Mas não acho que... – tive uma pequena ideia que nem sei de onde surgiu. Toquei o braço direito dele e apertei, pensando em cada cena que vi atrás daquela van, desde os dois aos amassos até o Flávio passando a mão na bunda daquela garota e ficando excitado. Olhei bem no fundo dos olhos do Marcelo, nada contente, e mostrando isso no meu olhar. Ele estava me irritando com aquele assunto, e só segui meu instinto naquele momento.
 
Como Raven disse, sou um projetor e posso transportar minha consciência para outros lugares, e se eu posso fazer isso, então também posso transportar meus pensamentos para dentro da cabeça de outra pessoa... eu acho. Só pensei sobre isso naquele momento.
 
Marcelo: — Wow! O que foi isso?!
 
Eu: — Viu agora?
 
Marcelo: — Que filho da puta. Desculpe, Bryan. Achava que você tinha visto somente o beijo, e sua mente tivesse criado o resto e...
 
Eu: — Minha visão é muito boa. Sou grato por isso.
 
Marcelo: — Droga... estou me sentido um idiota agora sem saber o que dizer.
 
Eu: — Tudo bem. Ainda estou sem saber o que fazer. Quero voltar pra casa, mas não vou acabar com sua diversão aqui.
 
Marcelo: — Não seja por isso. Se quiser eu te levo.
 
Eu: — Não, obrigado. Pode se divertir por aí. Tem um grupo de meninas bem ali, e elas ficaram me olhando por um tempo. Não curto xota, então pode se esbaldar. – me levantei com a toalha nos ombros e fui me sentar perto de um coqueiro que tinha lá no canto, perto da sacada de vidro esverdeado. Olhei lá pra baixo, observando o deserto completamente vazio, somente com árvores secas sem folhas e plantas rasteiras amareladas. Não faço ideia de onde estamos, e nem mesmo perguntei. Mas na verdade não me interessa tanto assim. Só sei que é bonito. Será que ainda estamos na mesma cidade em que moramos? Ou no mesmo estado? Ah, não faço ideia.
 
Marcelo: — Tem meninas de sobra perto de casa. Deixa aquelas assanhadas lá. Como você está? – ele se sentou ao meu lado de novo.
 
Eu: — Acho que já deve estar bem visível minha decepção. – falei em um tom sarcástico e ele riu.
 
Marcelo: — Olha, Bryan. Você é a única pessoa que acreditou em mim e já te considero um super amigo. Já compartilhamos muitos segredos e alguns que ninguém deveria saber... como esse negócio de Diract.
 
Eu: — Você contou pra mais alguém sobre o que viu no hospital? – ele assentiu e encarou o chão.
 
Marcelo: — Meus pais e meu irmão. Minha mãe disse que foi um sonho. Meu pai disse que foram os medicamentos que mexeram com minha mente, alegando que eu estava dopado. Meu irmão disse que eu estava drogado e isso é consequência por fumar bagulhos.
 
Eu: — Você fuma? – Eca. Já estragou a pessoa. A pessoa é linda, mas falou que fuma, já era, ficou feia pra. Não suporto cheiro de cigarro, e é uma das coisas que mais odeio. Se ele fuma, problema é dele, mas eu não curto.
 
Marcelo: — Não! Nunca! Faço faculdade de educação física e sei o que fumar faz com o corpo. Sou lerdão mesmo ao natural. – eu ri.
 
Eu: — Que bom. Você é bonito demais. Fumar estraga o clima.
 
Marcelo: — Olha só, ele me acha bonito. – ele riu. — Me deseja também?
 
Eu: — Não, credo! Tenho pavor de héteros. Na verdade, muita coisa me fez ter receio de homens como você. Eu já apanhei muito na vida, e não só emocionalmente. Você pode ser bonito, sexy, gostoso pra caralho, atraente, fofo, mas não faz meu tipo.
 
Marcelo: — Me desculpe se eu te faço lembrar de pessoas ruins. Eu jamais te machucaria, te bateria, te tocaria com intensões ruins só por você ser... você. Eu gosto de pessoas verdadeiras. Por isso quero-te como amigo.
 
Eu: — Own, que bonitinho. — me aproximei e o abracei de lado, o fazendo rir. — Você é incrível, Marcelo. Não me lembra coisas ruins. Só no começo eu tive medo de você, tipo na academia. Mas... sei lá. Mudei meus conceitos sobre ti. Você só não faz o tipo de macho que eu pegaria.
 
Marcelo: — Nem você faz meu tipo. No dia que aparecer uma rachadura entre suas pernas, eu te pego e acabo com você. – olhei pra ele e rimos alto, pela estranheza que aquilo causou. — Aliás, feliz aniversário, Carinha!
 
Eu: — Valeu. Pensei que não sabia que era meu aniversário hoje. – ele riu e passou as mãos por trás do meu pescoço, me puxando para mais perto.
 
Marcelo: — Posso ser lerdo, mas minha memória é muito boa. Já perdi a conta de quantas vezes Flávio falou do seu aniversário lá na academia. Lembro do seu, mas esqueço o do meu irmão. Isso é normal?
 
Eu: — Não faço ideia. – nós rimos. — Eu esqueço a porra toda em minutos. Só consigo guardar mágoas, ranço e raiva na minha memória.
 
Marcelo: — Ih, então Flávio está lascado. Me lembre de não te magoar.
 
Ficamos conversando por longos minutos. Quando passou do meio dia, o calor veio com força total e fomos obrigados a entrar na enorme piscina azulada. Marcelo era bem bobão, e a todo momento ele fazia algo engraçado ou desajeitado sem querer. Eu acabava rindo bastante. Ele mergulhou bem fundo e, enquanto nadava submerso, passou por baixo das pernas da Janete e saiu a puxando pela piscina. Eu, claro, fiquei rindo e assistindo todos se divertindo. Brent era rápido até na água densa, e algumas pessoas se irritavam no jogo porque ele nunca deixava a bola cair na água e acabava sempre ganhando.
 
Raven: — Saltador, seu aparelho tecnológico irritante está tocando uma musiquinha chata. – Marcelo se levantou e foi até perto do coqueiro, onde estávamos sentados. Ele atendeu o celular e ficou falando e rindo junto. Parecia bem alegre com algo. Talvez seja uma namorada.
 
Continuei observando os outros se divertindo na piscina debaixo do sol torturante. Eu estava tão zen ali que nem percebi um cara se aproximar. Ele parecia ser mais velho, sei lá, uns trinta, mas não passava disso. Moreno, bem alto e forte, e bem bronzeado também. Tinha uma tatuagem de dragão no peitoral e era muito gato, com um sorriso brilhante e atraente, e uma cara de safado já maliciando coisas enquanto me olhava tinha muita cara de maduro, e isso o tornou ainda mais atraente. A barba rasa o deixava sexy também, e dava um contraste para aquele sorriso. Queria ver seus olhos, mas estava com óculos escuros.
 
Eu: — Processado?
 
Homem: — Como sabe? És um telepata?
 
Eu: — Não. Raven disse que sou um Projetor.
 
Homem: — Nossa, fiquei até com medo. Sabia que alguns Projetores podem controlar um corpo? Seja de animal, ou de algo racional.
 
Eu: — Sério? Uau! – imaginando essa possibilidade... nossa, eu faria muita merda se pudesse controlar outras pessoas! — O que você é?
 
Dave: — Sou um Caçador, e me chamo Dave. Como você se chama?
 
Eu: — Bryan. E o que seria um Caçador? O que você faz? – ele riu e se aproximou, colocando as mãos na minha cintura. O empurrei um pouco pra que ele se afastasse e se pusesse em seu lugar e dei alguns passos para trás na água. Ele riu e ficou parado sorrindo.
 
Dave: — Digamos que tenho bons reflexos, só que centenas de vezes mais potentes que o normal. Além de poder sentir pela água e pelo solo onde piso o batimento cardíaco de cada um que está nessa piscina. Sou perito em rastreamento, e caço pessoas como... – ele deu mais uma investida, me puxando com uma pegada de tirar o fôlego. — você.
 
Eu: — Opa, calma aí, Grandão. — me afastei de novo, encostando minhas costas nos cantos da piscina. — Quero ver.
 
Dave: — Com prazer. – Num movimento mega rápido, ele segurou meus braços e me puxou pra mais perto de seu corpo, outra vez. Ele era bem rápido e os reflexos muito bons. Meu rosto foi de encontro a seu peitoral, e... Uau! Foi mais forte que eu. Coloquei as mãos ali e o vi sorrir. — Gostou? Vai gostar ainda mais do que minha língua pode fazer.
 
Eu: — Ui... senti essa, hein... bem lá no fundo.
 
Não evitei. Nem ao menos quis evitar. Deixei que ele inclinasse a cabeça em minha direção e brinquei um pouco. Estou solteiro mesmo, desacompanhado que não vou ficar. Nossos narizes se encostaram e ele riu baixinho. Seu hálito cheirava a... Framboesa? Era gostoso e adocicado. Me lembrou as balas que Olly e eu comprávamos na porta do colégio na infância. Deixei o clima rolar, e aceitei quando nossos lábios apenas se encostaram, sem movimento algum.
 
Eu: — Hum, tem pegada, Caçador! Eu gosto de macho com pegada. — ele mordeu o lábio inferior. Senti um frio na barriga. Aquele corpo grande estava colado ao meu, e aqueles braços me circundavam facilmente, quase me esmagando. Não hesitamos. Assim que ele abriu a boca, eu o beijei. Aquela língua grande e quente nem ao menos pediu permissão para invadir a minha boca e já foi arrombando a porta. Dave me segurou com firmeza e me pressionou contra a parede da piscina. Eu me aproveitei bastante da situação e me deliciei com aquela boca. Ele era sim tão gostoso quanto parecia. E nem quero imaginar aqueles reflexos e aquela pegada em outros momentos.
 
Eu: — Hum... eu amo a pegada de um carioca nato. — ele riu.
 
Dave: — É tão na cara assim?
 
Eu: — É. — nós rimos e retomamos o beijo de causar arrepios de tesão.
 
Marcelo: — Opa, opa, opa!!! Pode ir se afastando, Camarada! – ele entrou na piscina, pôs os braços entre nós e empurrou Dave pra longe.
 
Dave: — Ei, qual é o teu problema, Cara?! Não estraga!
 
Marcelo: — Eu vou estragar a tua cara se não sair de perto do noivo do meu colega, porra! – Dave arqueou as sobrancelhas e eu ri da posição que o Marcelo estava de autoridade. Ficou até mais macho com aquela voz mais encorpada.
 
Bom, se os reflexos do Dave eram perfeitos, então ele pode prever meus movimentos, certo? Então tá... ergui o punho no ar enquanto Dave encarava Marcelo. Lancei o braço pra frente bem em direção ao rosto dele, mas ele segurou meu punho a uns cinco centímetros de seu rosto e sorriu.
 
Dave: — Você é rápido, mas eu sou muito mais. – sorri. Bom, é uma habilidade foda perceber os movimentos dos outros e poder se desviar bem na hora. Eu queria ter isso. Teria me evitado problemas.
 
Marcelo: — Cai fora! – Dave se virou, mas antes piscou pra mim. Marcelo bufou e olhou pro Mariel, que nos observava bem atento. Mariel pareceu ter entendido o que Marcelo queria dizer e fez sinal positivo com a cabeça. Ele saiu da cadeira de praia onde estava sentado e deu a volta na piscina, indo até o Dave.
 
Eu: — Coitado, ele só estava me mostrando o que pode fazer.
 
Marcelo: — Bryan, o cara estava tentando te agarrar! Às vezes você é mais burro do que eu!
 
Eu: — Burro? Ah, tá. Até parece que eu não sabia que ele queria me agarrar. Eu queria agarrar ele também. E se eu estivesse no clima, ia é dar uma surra de cu nele até quebrá-lo no meio. Eu só não quis cortar a linha dele, assim como me ensinaram, não é mesmo?
 
Ele ficou inquieto. Estreitou os olhos e me encarou com um sorriso oculto.
 
Matcelo: — Você... você é mal. Vingança é do mal. — eu ri e ele também. — Mas mudando de assunto, eu tenho uma surpresa pra você.
 
Eu: — Sério? Qual? Eu odeio surpresas, então não me deixe curioso.
 
Marcelo: — Ah... bom, em três... dois...
 
Oliver: — VIADOOOOOOOO!!!
 
Marcelo: — Um.
 
Ao ouvir aquela voz, me virei tão rápido quanto um ciclone. Oliver veio na minha direção correndo e eu saí bem rápido da piscina para abraçá-lo. Comecei a rir e dessa vez meu sorriso era de verdade, sem forçar!
 
Eu: — O que está fazendo aqui, Gay?!
 
Oliver: — Ain, olha só que legal. Márcio também ganhou essa passagem com direito a um acompanhante. Ele me escolheu e estou aqui contigo!
 
Eu: — Nossa. Escolheu você ao invés da namorada. Isso é estranho.
 
Oliver: — Namorada é o caralho. Ele terminou com a quenga.
 
Márcio: — Na verdade, nem namorávamos. Ela ficava mais na estrada do que em casa. – ele vinha se aproximando de nós com uma bolsa térmica. Fui até ele e o abracei também, mesmo molhado. — E aí, Bryan! Como é bom rever vocês. Feliz aniversário!
 
Oliver: — Feliz aniversário, Migo. Muitas felicidades e que chova macho na minha rede. – eu ri.
 
Marcelo: — Fala aí, Monstrengo! – os dois se cumprimentaram.
 
Eu: — Nossa, Olly, como estou feliz em ver você! — o abracei mais uma vez. — Estava muito chato aqui sem suas piadas.
 
Marcelo: — Ei? A presença desse gostoso aqui foi esquecida?!
 
Eu: — Desculpe, Marcelo. Você também é divertido, mas não tanto quanto meu melhor amigo. – Ele cruzou os braços enquanto ria.
 
Oliver: — Falando em gostoso, cadê o gostoso alfa? Quero saber como anda os meus noivos preferidos. – nesse momento meu sorriso desapareceu. Me afastei deles e me virei de costas, olhando para a piscina.
 
Só de lembrar de tudo o que aconteceu, meu ânimo foi embora.
 
Oliver: — Ih, essa cara já disse que não está bem. O que houve, Bicha?
 
Eu: — Flávio e eu terminamos.
 
— O QUÊ?!?! – Olly e Márcio gritaram juntos, incrédulos
 
Márcio: — Mas por quê???
 
Oliver: — Que putaria é essa?!?! Eu não autorizei essa sacanagem!
 
Marcelo: — Ah... isso não é um assunto pra se conversar agora. – vi pelo canto dos olhos ele gesticulando para que os dois ficassem quietos e parassem de tocar no assunto. — Bryan, se divirta um pouco e esqueça o que houve.
 
Márcio: — Marcelo, não vai dizer que pegou o Bryan na frente do Flávio!
 
Marcelo: — Não! Não, mano! O idiota do Flávio que não... esquece. Desculpa, Bryan, não deveria ter me exaltado.
 
Eu: — Tudo bem. Eles irão saber uma hora ou outra mesmo.
 
Oliver: — Bryan, me conte agora ou você morre para sempre!
 
Eu: — Tecnicamente... Flávio me traiu.
 
Márcio: — Opa... Espera. Bateu até uma náusea aqui. Como é que é?!
 
Marcelo: — Vamos conversar em um lugar mais reservado, pelo amor de Deus.
 
Fomos para perto do coqueiro onde Marcelo e eu estávamos antes e nos sentamos lá. Não consegui falar no começo, mas não poderia esconder aquilo do meu melhor amigo.
 
Oliver: — Conta. Por favor, diga que vocês não fuderam com meu casal.
 
Eu: — Provavelmente acabou tudo sim. No dia em que ele aprender a controlar os desejos e puser os sentimentos em primeiro lugar, ele pode vir pedir perdão que talvez eu vá aceitá-lo de volta. Mas enquanto ele tiver crises e sair agarrando as putas por aí, vou odiá-lo.
 
Márcio: — Como assim “agarrando as putas por aí”? Marcelo?!– fiquei em silêncio e não disse mais nada. Marcelo deu de ombros.
 
Marcelo: — Bryan pegou o Flávio e uma garota se beijando atrás de uma van enquanto ele e eu estávamos juntos num dos brinquedos do parque. — Oliver se levantou com um salto. Fiquei até com medo da expressão de raiva dele. Ninguém nunca viu o Olly com raiva além de mim, e digo logo que ele é ainda pior que eu. Ele é todo alegre e sorridente, mas quando revela seu lado mau... fodeu.
 
Oliver: — Me diga onde este filho da puta está que eu vou usar a cara dele de skate e desfilar pelo asfalto quente!
 
Eu: — Não, Olly. Deixa ele pensar no que fez. Eu que fui um idiota por achar que ele me amava de verdade e não queria só sexo, mas depois de hoje deu pra saber que é o contrário.
 
Márcio: — Não... eu conheço o Flávio e ele te ama de verdade, Bryan. Ele não beijaria qualquer uma sabendo que está comprometido. Talvez a garota que tenha agarrado ele à força.
 
Marcelo: — Márcio... — Márcio fez cara feia pro primo, que apenas abaixou a cabeça e ficou calado.
 
Márcio: — Cala a boca, Marcelo. Eu não estou falando contigo, caralho. Cale a sua boca. Celo ergueu as mãos em rendimento. Ele engoliu em seco louco para falar algo, mas estava sendo impedido. Então ele ficou inquieto.
 
Eu: — Eu vi ela o beijando, ele passando as mãos na bunda dela e ainda ficando de pau duro. Se ele quer pegar outras por aí, que fique à vontade, desde que me deixe em paz e livre também. Agora ele pode pegar qualquer um e qualquer uma, não tô nem aí.
 
Márcio: — Tenho que tirar essa história à limpo. Onde ele está?
 
Marcelo: — Quarto vinte e um. Aproveite e diga que ele é um idiota só pra aumentar a fila.
 
Oliver: — Eu vou é arrombar o cu dele com meu cotovelo! Vamos, Grandalhão! – ele segurou o braço do Márcio e saiu o puxando para o elevador.
 
Marcelo: — Bom, eu iria lá evitar que o Oliver mate o Flávio, mas não vou te deixar sozinho aqui pra que outro cão faminto caia em cima.
 
Eu: — Flávio te pediu pra não deixar que deem em cima de mim, não é? – ele ficou quieto e olhou para o chão. Dei aquilo como um sim. — Pode ficar tranquilo. Não estou com cabeça pra ficar com outros caras e não me sinto confortável pra tentar dar o troco no Flávio. Só fiquei com o Dave porque ele é gostoso, e achei que eu me sentiria melhor se fizesse isso, mas... não. E se eu quisesse dar um troco à altura, eu pegaria você.
 
Marcelo: — Mas nem que um cão fique bípede e me dê aulas de história. – eu ri e dei de ombros.
 
Eu: — Sou bom em história, já até dei aulas para um cara e ele passou no vestibular. E pode acreditar que quando eu quero, eu sou o Cão. – ele riu, estreitando os olhos. É provável que tenha gostado da piada.
 
Marcelo: — Olha só onde tu tá se metendo, Moleque. Não brinca não, hein. — ri baixinho.
 
Eu: — Cala a boca, Marcelo. Você se faz todo de homenzarrão controlador, com domínio sobre o território. Mas você não aguentaria se eu tentasse te seduzir. Nunca falhei na vida. – ele riu em deboche.
 
Marcelo: — Duvido. Comigo você não teria chances.
 
Eu: — Duvido. Primeira investida e você estaria aqui... – toquei repetidas vezes na palma da minha mão esquerda. — comendo na palma da minha mão.
 
Marcelo: — Duvido. Vai ter que ir atrás de magia obscura para conseguir isso.
 
Eu: — Duvido. Minha magia obscura se chama por um nome mais fácil de se pronunciar. – ele me encarou com um sorriso e com as sobrancelhas franzidas e começamos a rir alto juntos, tirando sarro de toda a situação.
 
Afinal Marcelo é um cara legal. Completamente diferente de como eu etiquetei ele antes.
 
Me senti tonto de novo. Segurei o braço do Marcelo e ele já percebeu que tinha algo errado. Minha visão começou a borrar e todo meu corpo formigou. Já senti aquilo antes e sei muito bem o que significa.
 
Eu: — Marcelo... acho que vou... apagar... – meu corpo inteiro fraquejou. Meu corpo tombou pro lado e Marcelo me segurou, pondo minha cabeça em seu colo.
 
Marcelo: — Calma... cê tá bem? Bryan? Está me ouvindo??? – pisquei algumas vezes tentando focar minha visão em algum lugar, mas era como se um sono enorme entrasse em mim e eu só quisesse dormir. — Bryan, é outra visão?
 
A última coisa que vi foi o Mariel vindo correndo, Janete e Brent saindo rápido da piscina enquanto me olhavam de longe... fechei os olhos e apaguei.
 
Abri os olhos de novo e respirei fundo, focando a visão em um urso de pelúcia amarelo gigante.
 
Parque... eu estava no parque... em frente à barraca de pescaria.
 
Eu: — Ah, droga.
 
Espero que os tais “Esponjas” não me vejam.
 
Andei bastante por ali a procura de alguém conhecido, mas todos os meus amigos e colegas estavam no hotel. O parque estava vazio, com somente algumas poucas pessoas caminhando. Entrei em uma tenda e não havia ninguém. Saí e logo paralisei. A visão que tive lá do outro lado do parque, bem escondido, mas bem visível pra mim, me aterrorizou naquele momento. Entrei rápido dentro da tenda e fiquei bem escondido. Pus apenas parte da cabeça pra fora e olhei bem para o outro lado do parque, tentando saber se eu estava mesmo vendo aquela pessoa.
 
Sim, eu estava vendo. Alejandro olhava o movimento e sorria. Ele olhou na minha direção e me escondi rápido.
 
Meu Deus... um dos médicos loucos alí!!! Deve ser por isso que o parque está tão vazio. Todos estão se escondendo para não serem percebidos pelo Dr. Alejandro. Provavelmente ele é uma daquelas criaturas que sequestram humanos para fazer experimentos que me disseram.
 
Eu: — Ai, caralho... preciso avisar para a Raven... – fechei os olhos e me concentrei em voltar para o meu corpo, mas não deu certo.
 
Escutei passos se aproximando. Corri pro outro lado da tenda e passei por debaixo do pano, indo lá pra fora. Comecei a correr sem olhar pra trás, até que alguém me puxou bem forte para trás de um carro. Era o cara que ficava fazendo malabarismo pelo parque. Ele tinha a barba rasa, cabelo castanho cortado bem baixinho do modo militar e seus olhos eram bem verdes.
 
Homem: — Ei, Projetor... não ferre com tudo! Tem um Julgador aqui!
 
Eu: — Eu sei. Quem é você e o que é você?
 
Claus: — Eu sou Claus, e dizem que sou um Esponja, mas pode ficar tranquilo que eu sou vegetariano e pacifista. Só precisamos que ele saia daqui.
 
Eu: — Por quê não mata ele??? Não é essa sua especialidade???
 
Claus: — Isso seria suicídio! Ele arrancaria minha cabeça com um estalar dos dedos. Ficar quietinho aqui é melhor.
 
Eu: — Eu preciso voltar pro meu corpo... Ravenna está com os outros no hotel e elas precisam saber disso.
 
Claus: — Então volte! Se eles encontrarem algum processado ou herdeiro aqui, irão fazer todos voltarem para o laboratório. Somos como bandidos fugitivos pra eles.
 
Eu: — Okay... vou tentar de novo. – fechei os olhos... respirei fundo e pensei somente no meu corpo.
 
Teria que ter uma referência do lugar, então pensei na piscina... no Marcelo, no Mariel. Logo escutei gritarias e vozes conhecidas.
 
Flávio: — Meu amor... acorda, por favor. – abri os olhos novamente e vi aquelas bolas de gude marrons na minha frente.
 
Dei um salto e acabei batendo minha cabeça na testa do Flávio. Gemi com a dor, mas logo voltei à consciência.
 
Flávio: — Ai... pelo jeito ainda está com raiva.
 
Eu: — Cale a boca. – falei esfregando o canto esquerdo da minha testa.
 
Oliver: — O que houve, Bryan??? Você tá bem???
 
Eu: — Raven! Cadê a Raven???
 
Mariel: — Está lá em baixo com minha irmã. Por quê?
 
Eu: — Tem um dos médicos no parque. Um tal de Claus pediu que mandasse todos se esconderem.
 
Marcelo: — Médicos? Aqueles médicos?! – eu confirmei e me levantei. — Isso é ruim?
 
Mariel: — Ruim demais, muito ruim mesmo! Brent, desça o mais rápido que puder e avise para a Raven e para a Janete. Peça para que abra a porta do porão imediatamente.
 
Brent: — Deixa comigo! – ele correu devagar até as escadas, e de lá desapareceu num borrão.
 
Márcio: — O que está acontecendo?
 
Flávio: — Bryan, você está bem? – ele pôs as mãos no meu rosto e eu me afastei. – o que houve?
 
Eu: — Nada de importante. Olly, preciso falar contigo.
 
Oliver: — Diga.
 
Eu: — Em particular. Marcelo e Mariel, vocês vem também.
 
Me afastei do Márcio e do Flávio e os dois ficaram nos olhando sem entender. O olhar que fez meu coração doer foi o do Flávio, pois ele tinha um semblante triste, como se estivesse com medo de ter feito outra coisa errada. Marcelo, Oliver e Mariel vieram comigo e logo soltei tudo o que me contaram para o Olly.
 
Eu: — Olly, o Marcelo é igual a nós.
 
Oliver: — Hã? Ele também gosta de rola? – Mariel riu e disfarçou quando viu o olhar do Marcelo.
 
Marcelo: — Não! Credo!
 
Eu: — Não, ele também tem essas coisas estranhas que nem a gente. Tipo, nós temos essas visões e somos Projetores. Marcelo é um Saltador, assim como a Raven disse.
 
Oliver: — E que diabos é um saltador? É uma gazela que salta demais? Se for isso eu já digo que sou mesmo!
 
Marcelo: — Oliver, fique quieto, não é nada disso. De acordo com a rainha das trevas, eu posso saltar pelas dimensões e me teletransportar. Mas ainda não fiz nada disso.
 
Eu: — E quem nos fez ficar assim foi o Alejandro e o Rique. Os médicos.
 
Mariel: — Todos os Processados daqui têm algo estranho e todos passaram pelo hospital antes de acontecer algo esquisito.
 
Oliver: — Mas nós não fomos ao hospital.
 
Eu: — Mas os médicos moraram um tempo lá no hotel da minha mãe. Acho que eles fizeram algo conosco e ficamos desse jeito. Se lembra daqueles três caras? Denack, Fanáe e Anffiris? – Olly concordou. Dificilmente esqueceríamos aqueles nomes. Foi a coisa mais estranha que já nos aconteceu até antes dessa viagem.
 
Mariel: — Espera. Eu conheço esses três. Eles são capangas dos Julgadores para nos pegar e nos levar de volta para o laboratório.
 
Eu: — Se são apenas capangas, então deve ter mais, não é?
 
Mariel: — Sim, milhares espalhados pelo mundo. Os Julgadores meio que fazem uma lavagem cerebral depois de transformar cada grupo de Processados, usando-os para pegar outras experiências. Todos os capangas são divididos em trio e espalhados por aí para nos pegar.
 
Oliver: — Eles nos chamaram de Experiências. Disseram que eu sou N-2, ST-1 da ilha... esqueci o nome daquela porra.
 
Eu: — Ilha Cana alguma coisa.
 
Mariel: — Ilha Canamediam. São quatro ilhas especiais onde eles colocam os futuros projetos, os CO-Diract, ou seja, um mutante em andamento de evolução à perfeição N-2 é seu número. ST-1 é seu setor, a sua localização dentro da ilha. No processo, eles tiram parte das nossas memórias e nos testam nessas ilhas com vários desafios muito pesados, como ataques de animais ferozes e pragas mortais, tudo para saber se somos fortes e capazes de aguentar o processo de transformação completo e a batalha que virá no fim de Gaia.
 
Oliver: — Você era de qual ilha?
 
Mariel: — Eu era da ilha Vanasis Del Salatore, o Vale das Árvores. A mesma que Denack, Fanáe e Anffiris eram. Eu consegui fugir quando me puseram na lobotomia. Ilusões são ótimas para enganar todas as criaturas. Se projetar também é ótimo e logo você, Bryan, irá poder fazer muitas coisas além de ter essas visões.
 
Marcelo: — Mas... qual foi a tua visão de agora? – ele olhou pra mim.
 
Oliver: — Visão? Você não tinha desmaiado?
 
Eu: — Não, eu não desmaiei. Eu estava no parque, vi o Dr. Alejandro lá e todos estavam se escondendo. Um homem me disse que se um médico descobrir onde os Processados estão, eles iriam levar todos de volta para o laboratório.
 
Oliver: — Se somos um desses experimentos, então isso significa que nós estamos inclusos nesse meio, não é?
 
Mariel: — Sim, mas pelo o que eu pude perceber, se vocês já tivessem passado pela ilha, Denack não te chamaria de experiência, mas sim de Diract. Então se pegarem vocês, provavelmente serão mandados para Canamediam. Agora preciso avisar os outros. – olhei pro Mariel e ele tirou os óculos escuros. Foi até a beira da piscina e chamou a atenção de todo mundo.
 
Oliver: — Acho que estou piorando.
 
Marcelo: — Pelo menos não foi você que viu um Pteranodonte num elevador. – Olly franziu as sobrancelhas.
 
Mariel se posicionou à frente da piscina e levantou a mão direita aberta na altura do rosto. A maioria das pessoas presentes olharam pra ele e ficaram em silêncio. De repente começaram a sair da piscina ou se levantar das cadeiras de praia, acompanhando Mariel. Ele foi em direção às escadas e várias pessoas pegaram suas coisas e o seguiram sabe-se lá para onde. Algumas outras pessoas ficaram paradas sem ao menos entender o que estava acontecendo, e muito menos o porquê de todos estarem indo embora. Provavelmente eram humanos normais. Mariel deve ter usado algum tipo de comunicação telepata ou ilusória, sei lá.
 
Marcelo: — Acho que isso serve pra nós também.
 
Raven: — Bryan, venha conosco para o porão. Lá é seguro pra... quem é ele? – olhei pra ela. Queria conhecer mais as habilidades dela, parece que ela salta das sombras e BUM... já está ali.
 
Oliver: — Olá, você também é uma dessas coisas estranhas?
 
Eu: — Esse é meu amigo e acho que ele também é um...
 
Brent: — Projetor. Dois projetores é destruição na certa. Deu pra entender como os médicos nos encontraram.
 
Raven: — Sim. Muita energia num lugar só, mas só isso não seria o suficiente para trazê-los. — ela e Brent ficaram sério, se entreolharam e fixaram os olhos em nós em seguida. Nos encaravam estranho.
 
Marcelo: — O quê?
 
Brent: — Quem vocês mataram?
 
Eu: — O quê?! — Raven revirou os olhos.
 
Raven: — Quando alguém que não passou pela ilha e representa um perigo social grande, chama a atenção deles. Vocês mataram alguém? Sem querer, sei lá?
 
Marcelo: — Não! Pelo menos não que eu me lembre.
 
Olhei para o chão e no mesmo momento certas cenas vieram à minha mente, me causando uma forte dos de cabeça.
 
Olly: — Não, mas vontade não me faltou.
 
Eu: — Eu... não sei... eu acho que... — Raven se aproximou bem rápido.
 
Raven: — Bryan, se você já machucou alguém, você precisa me contar agora.
 
Eu: — Teve um grupo de homens que me bateram quando eu estava indo visitar o estúdio de fotografia de um amigo... e... — a dor de cabeça aumentou, só de lembrar daquilo.
 
Olly: — Você matou eles?
 
Eu: — Não. Não naquele dia.
 
Raven: — Bryan... — levantei as mãos e me afastei. Minha cabeça parecia querer explodir!
 
Brent: — Raven, eles estão próximos.
 
Marcelo: — O que ele tem? — senti a mão dele em meu ombro.
 
Raven: — Estão se aproximando. Estão interferindo em nossa energia, e isso significa que estão por perto. Estão caçando algo, ou... alguém.
 
Olly: — Bryan, conta logo! Tô ficando preocupado, sério.
 
Eu: — Eu acho que eu fiz aqueles caras se matarem, mas... foi sem querer! — tentei retomar minha postura, mas minha cabeça doía muito!
 
Marcelo: — Caralho, que dor de cabeça... — ele se curvou para frente também, com as mãos nas têmporas.
 
Eu: — Flávio e eu saímos da academia, e esses mesmos homens nos ameaçaram... eles espancaram o Flávio. Isso tudo só porque a gente estava junto, e não tínhamos vergonha de mostrar isso. E quando eu percebi que iriam nos matar se ninguém fizesse nada, eu... eu...
 
Raven: — Você...?
 
Eu: — Eu só me lembro de ter mandado um dos homens nos proteger. Ele ficou obcecado por mim, me colocou contra a parede, mas nos protegeu. Ele lutou tanto contra os homens, que seus músculos arrebentaram. Eu não sei se foi algo que eu fiz, mas pelo que eu soube depois de tudo o que me falaram, é capaz de ser...
 
Raven: — Algum tipo de hipnose... Não, Projetores não hipnotizam. Podem controlar outro corpo, mas perdem os sentidos do corpo principal se fizerem isso. Você apagou enquanto estava o controlando? — neguei com a cabeça.
 
Eu: — E não acabou. Depois que esse caiu, os outros três iriam me atacar, então eu... pedi que eles se matassem.
 
Brent: — Caralho...
 
Raven: — Brent, olha a boca.
 
Brent: — Foi mal.
 
Eu: — As veias deles ficaram pretas e parecias querer explodir. Eles então só foram embora. Só que mais tarde, quando levei Flávio ao hospital, chegaram três meninos. Dois estavam mortos, e um sobreviveu, mas a enfermeira disse que não por muito tempo. — comecei a ficar ofegante, e não sabia o motivo de meus olhos estarem ardendo a ponto de eu chorar. Demorei a perceber que meus dedos tremiam. Eu estava tremendo. — Eu achei que fossem os três que espancaram o Flávio, mas... eu realmente não sei. Mas eu vi o pânico nos olhos do único que sobreviveu... eles se jogaram na frente de um caminhão... Deve ter sido horrível...
 
Marcelo: — Calma, não foi você...
 
Raven: — Na verdade pode ter sido sim. Todavia não foi sua culpa. A culpa é deles, dos Julgadores. Eles fizeram isso, e você não sabia. E mesmo se você tivesse os matado, eles mereceram. Eu não faria menos.
 
Eu: — Não vou me sentir melhor com isso. — engoli em seco, limpando as lágrimas. Marcelo pegou minha mão esquerda e entrelaçou nossos dedos, tentando acalmar meu estado trêmulo.
 
Marcelo: — Calma. Isso é passado, vamos resolver isso. Fique calmo. — Não pensei, apenas o abracei e me afundei em seu peito. Ele estava quentinho, o que me acalmou um pouco. Parei de vibrar e só relaxei.
 
Raven: — Ei, idiota que beija várias bocas e homem cheio de músculos, venham conosco! – ela acenou para o Flávio e para o Márcio.
 
Flávio veio na minha direção e provavelmente iria falar algo, mas eu não queria ouvir nada. Afundei ainda mais meu rosto no peito do Marcelo e respirei fundo. Ele me apertou e me fez sentir bem melhor, e estranhamente protegido.
 
Marcelo: — Cara, não quero morrer agora. Sou muito novo! Só tenho vinte e três anos! Se tiver um plano pra nos tirar dessa sem morrer, eu te ajudo. — ouvir sua voz me deu mais calma também. Consegui soltá-lo e me afastei um pouco. Flávio estava cabisbaixo. Ao perceber que eu tinha me afastado de Marcelo, ele deu um passo adiante, mas Marcelo me puxou de novo para perto, segurando minha mão. Flávio só respirou fundo e se pôs em seu lugar.
 
Brent: — Raven, esses dois humanos não podem entrar no porão. Deixa eles aqui com os dois. — cochichou rápido para Raven. — Lembra do que o Edu nos disse sobre os projetores?
 
Raven: — Depende. Aquilo sobre a energia aparecer somente durante as projeções? – Brent confirmou. Raven se aproximou de mim e do Marcelo e falou bem baixo. — Bryan, você e seu amigo projetor estão à salvos, a energia dos projetores ficam desativadas enquanto eles estão conscientes, então... não tenha visões por enquanto. E também não durmam em hipótese alguma, entenderam?
 
Eu: — Tudo bem. Nossa vida está de cabeça pra baixo mesmo, dormir vai ser quase impossível.
 
Marcelo: — Só falta aparecer um pteronodonte agora. – eu ri e o empurrei na direção da Raven. Ver o sorriso divertido dele me deixou ainda mais à vontade, me fazendo parar de tremer completamente.
 
Eu: — Vai logo. Raven, leva só o Marcelo. Olly, Márcio, Flávio e Eu vamos pro nossos quartos.
 
Marcelo: — Bryan. Boa sorte.
 
Eu: — Pra vocês também. – sorri e acenei.
 
Olly ficou olhando tudo sem entender nada. Bom, por parte nem eu mesmo estava entendendo aquilo tudo. Ainda estou tentando entender como eu aceitei essa coisa de Processados tão rápido sem pirar. Não sei, acho que estou tão acostumados com loucuras, que aquilo não pareceu tão ruim. Certamente eu pirei internamente no começo, e fiquei apavorado, mas agora... sei lá. Tô meio que cagando pra isso. Ou foi apenas pelo fato de o Flávio ter me traído causar um impacto tão grande em mim que tornou os outros problemas praticamente inúteis.
 
Flávio: — Bryan, o que está acontecendo? Por que todos saíram desse jeito e quem são aqueles caras?
 
Eu: — Não estou afim de papo com você, então... por favor, vamos pro nosso quarto. – ele segurou forte meu braço e me puxou de encontro ao seu corpo.
 
Flávio: — Quem são aqueles caras?
 
Eu: — Amigos. Agora me solta! – o empurrei e continuei andando. Segurei a mão do Olly e o puxei junto comigo até o elevador. Flávio e Márcio nos acompanharam.
 
Flávio: — Bryan... eu... eu estou arrependido do que fiz.
 
Eu: — Sério? Pode estar arrependido, mas a primeira pessoa que aparecer te agarrando, você não vai pensar duas vezes antes de seguir seus desejos.
 
Flávio: — Mas que droga, Bryan!!! – ele deu um soco no espelho do elevador. — Eu te amo, porra! Eu vou me casar contigo e aquela garota não significou nada pra mim!
 
Oliver: — Flávio, se você gritar mais uma vez, minha mão vai decolar e pousar na tua cara.
 
Márcio: — Oliver, fica quieto e não se meta, por favor.
 
Oliver: — Cala a boca você também, senão minha mão faz pouso forçado na tua face e depois continua o vôo direto pra face dele! – Márcio deu um passo pra trás e Olly cruzou os braços. Ficamos em silêncio absoluto a partir dali.
 
Chegamos no quarto de número vinte e um, que era o meu e do Flávio. Márcio e Oliver ficaram no sofá olhando para mim e Flávio andava pra lá e pra cá com as mãos no rosto.
 
Flávio: — O que eu devo fazer pra você me perdoar? Por favor, me diga que eu faço o que você quiser! – ele ficou na minha frente e segurou meu queixo suavemente. Seus olhos estavam vermelhos e ele aparentava estar cansado.
 
Confesso que tive uma enorme vontade de beijá-lo, mas não iria ceder. Ele fez a merda e vai arcar com as consequências!
 
Eu: — Aprenda a controlar seus impulsos. Se conseguir, quem sabe eu te perdoe. Mas enquanto não consegue, não... me... toque! – afastei suas mãos de mim.
 
Márcio: — Qual é, pessoal. Vocês se amam! Parem com essa palhaçada. Flávio, você foi um idiota por ter cedido e deixado aquela garota te beijar, não deveria mesmo ter deixado rolar. Bryan, foi só um beijo sem importância e não vai acontecer de novo.
 
Eu: — Beijo sem importância que ele gostou e ainda ficou excitado.
 
Márcio: — Mas, porra, se eu estivesse comprometido e alguém me agarrasse e ficasse sarrando em mim, eu ficaria excitado! Até se o Oliver fizesse algo assim me deixaria excitado!
 
Oliver: — Te excitar não é tarefa difícil, Grandalhão.
 
Márcio: — Cala a boca.
 
Eu: — Chega, não quero mais falar disso! Se for pra viver na possibilidade de ser traído no futuro, prefiro ficar sozinho.
 
Flávio: — Mas eu nunca na minha vida te trairia! Cansei de repetir isso e já me cansei de tudo isso, Bryan! Você está sendo infantil com todo esse orgulho e isso me irrita!
 
Eu: — Ah, cansou, é? Pronto, vai pegar outra vagabunda, ou um vagabundo, por aí. Boa sorte.
 
Márcio: — Flávio, preciso conversar contigo. Vamos lá. – ele se levantou e foi em direção ao quarto.
 
Eu: — Olly, preciso conversar mais contigo também. Precisamos esclarecer algumas coisas que me contaram. – fui até ele e me sentei onde Márcio estava.
 
Flávio: — Espera, Márcio. Tenho que fazer uma coisa. Bryan, o que você está escondendo de mim? – olhei pra ele sem expressar nenhum sentimento visível no rosto.
 
Eu: — Nada importante.
 
Flávio: — Sim, você está. Você e o Marcelo, e eu vou descobrir. Não deveria ter segredos entre nós.
 
Márcio: — Vamos mesmo ter que entrar nesse assunto, Flávio? — Flávio olhou para o chão, meio desconfortável, e eu notei.
 
Eu: — Ah, é sério?! E quando tentou mentir no parque? E quando disse para a garota que estava noivo de uma mulher e não de um cara? Você por acaso admitiu seu erro nessa parte? Você iria esconder tudo isso de mim e eu nunca iria desconfiar se não fosse minhas... ah... esquece. Não quero mais brigar.
 
Droga, quase que eu falo das visões! Se eu falasse, iria complicar a porra toda.
 
Flávio: — Bryan... me diz a verdade. – respirei fundo, esperando mais uma idiotice. — Está tendo algo entre você e o Marcelo?
 
Olhei pra ele e fiz uma careta bem de nojo mesmo. Marcelo e eu... um ECA bem gigante! Como ele pode pensar algo como isso?! Credo!
 
Talvez tenhamos ficado muito tempo junto, mas também ele é o único que sente e faz coisas estranhas além de mim e do Olly. Temos que discutir sobre isso só entre nós, sem que os outros nos achem loucos. Olly e ele são os únicos amigos que posso contar tudo sem medo de ser julgado.
 
Eu: — Não sei de onde você tirou isso, mas foda-se. Não envolva o Marcelo nessas suas idiotices. Só porque ele me defendeu não quer dizer que eu esteja transando com ele. Agora me dê licença, porque realmente preciso tratar de um assunto sério com meu amigo.
 
Márcio: — Flávio, vem. – os dois foram pro quarto e Oliver e eu ficamos ali na sala, conversando sobre tudo o que eu descobri no parque daquela cidade estranha.
 
Falei pra ele sobre o Marcelo, a Raven, o Brent, o Mariel e a Janete, e do que eles são capazes de fazer. Olly não acreditou no começo, mas quando o lembrei dos três caras que destruíram sua casa, ele logo acreditou que muitas coisas são possíveis. Pra encerrar aquele dia cheio de maluquices, Márcio pediu uma troca de quartos até que Flávio e eu nos entendêssemos. Olly ficaria comigo e Flávio iria pro quarto do Márcio. Olly adorou e eu também, porque eu queria voltar a dormir na cama. O sofá acabou com minhas costas.
 
Na hora de dormir foi quase impossível. Eu estava preocupado com os outros. Mesmo não os conhecendo, eu estava bastante preocupado. Preocupado com o Brent que, mesmo sendo o garoto mais veloz do mundo, parece um garoto frágil e legal. Mariel é metido a valentão, mas por dentro parece ser mais mole do que gelatina... Marcelo que é um super amigo, e Janete, um pouco inocente demais e brincalhona. Também a Raven, séria e mais macho do que eu... Oliver, Marcelo, Márcio e Flávio juntos, e tudo me dava um pouco de medo. Mesmo não conhecendo bem todos, já os considero demais, e não quero que algo ruim aconteça com eles.

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