Capítulo trinta e seis - Tenlie

18 3 0
                                    


Não sinto meu corpo. Sinto? Está frio. Abro os olhos, pesados. 

Uma luz forte aparece, estou balançando. Tem um som alto, vento forte. Estou tonta. Olho em volta. Tudo é azul. Então eu entendo. E grito o mais alto que consigo. Estou em um barco, no meio do oceano. 

O barco é de madeira, ouço o ranger do casco. Não vejo um pedaço de terra sequer a minha volta. Como vim parar aqui? Não tem mar em Chicago. Eu estava presa.

- Isso não é real. - uma voz diz. 

Viro-me para frente. Uma mulher loira, de cabelo curto me olha. Ela é linda, seu rosto é delicado, seu braços são definidos. Está com um vestido cinza e leve, sem mangas. Uma tatuagem de três pássaros no peito. Começo a chorar como nunca fui capaz na vida. 

- Mãe? 

Meu primeiro impulso é de levantar e abraçá-la, mas sinto o barco balançar com meu movimento e paro. Ela sorri. 

- Você consegue.

- Mas a gente está à deriva. Eu... mãe, eu não sou corajosa como você. 

- Você é muito corajosa. E todos têm medo de algo. Mas isso aqui não é real. Você sabe disso. Você é como eu. 

Sou Divergente como ela. Isso não é real. Salto e me jogo nos braços dela. Pela primeira vez na vida, eu e minha mãe existimos juntas. E nos tocamos. E ela some. 

DescendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora