Capítulo trinta e quatro - Tenlie

16 3 0
                                    


Estou há duas horas sozinha numa sala escura. Escuto alguns barulhos, provavelmente estão carregando um caminhão. Analiso minhas opções. 

Sendo Divergente, minha memória seria apagada? Imagino que sim, o Departamento Genético conseguia apagar a memória das cidades inteiras. Mas talvez não durasse para sempre. Não que eu ache uma boa ideia arriscar. Posso ajuda-los a sair de Chicago com os soros e com Marcus. E então eles unem todos os rebeldes da Margem e invadem a cidade. Parece que ser levada embora é a melhor opção, eu teria uma chance de fugir. Mas eles estão armados e confiscaram minhas facas. Minha cabeça está a duas horas em parafuso, tentando pensar em algum tipo de acordo e esperando que alguém venha me encontrar. A equipe de investigação podia ser mais rápida.

Escuto o som de alguém subindo as escadas, decido tentar lutar. Levanto e me posiciono ao lado da porta, encostada na parede. Seja quem for, será recebida com um chute. 

Julia abre a porta e acerto sua barriga. Ela se curva com um grito abafado. Um homem aparece atrás dela, segurando uma pistola. Ela o dispensa com a mão, ainda um pouco curvada e fecha a porta. Estamos sozinhas, ela está com dor. Avanço e a jogo no chão. 

Ela me empurra e vou para trás, mas rapidamente recupero o equilíbrio. Levanto, vou até ela, que ainda está agachada, e lhe acerto um chute. Ela cai de novo. Estou pronta para dar mais um chute quando dois braços apertarem os meus. Os amigos dela entraram na sala, estão ajudando-a a se levantar enquanto um me segura. Acendem as luzes e meus olhos doem. Levo alguns segundos para conseguir abri-los, e quando o faço, Julia está de frente para mim, sangue escorre de sua sobrancelha e não consigo conter o sorriso. 

- Já fez sua escolha? Se vier com a gente vai ter mais chances de fazer isso comigo. Mas sempre vão te pegar. Você está presa. - diz ela sorrindo. 

Ela me encara, não desvio olhar até perceber que ela está mexendo a mão. Um de seus amigos assente e deixa a sala.

- Vai precisar de mais tempo para escolher? - ela insiste.

- Vocês não vão conseguir nem passar pelo muro sem que os guardas revistem o caminhão. - respondo.

- Ah, se  filha do Quatro estiver junto acho que eles nos liberam. - diz ela com um sorriso cínico. 

- Daí vocês serão presos por sequestro. - respondo. 

- Então parece que a melhor opção é apagar sua memória e seguir com o nosso plano do nosso jeito. - ela sorri mais, e anda em direção a porta, onde seu amigo está, com uma seringa na mão. 

Sinto meu coração batendo no peito. Pensei que teria mais tempo. 

- Você é tão descarada que não é fiel nem a própria palavra? Você disse que eu decidia, e que tinha até a noite! 

- Relaxa, Tenlie. Isso é só um incentivo para decidir logo. 

O homem que estava me segurando me solta e deixa a sala correndo. Julia pega a seringa e ficamos só nós duas. Ouço barulhos vindos lá de baixo. Julia parece preocupada. Dou um grito, mas Julia me segura e aperta meu pulso. 

- Bons sonhos, Tenlie. 

Escuto a porta abrir, mas bem na hora, ela crava a agulha no meu pescoço. E tudo se apaga. 

DescendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora