Capítulo 9

2.1K 155 52
                                        

— Henrique. — O garoto loiro e alto me respondeu — E o seu?

— Madelyin. Mas pode me chamar de Made. — Forcei um sorriso.

— É amiga da Helena?

Olhei para a garota que tinha um copo de bebida na mão e gritava bêbada com um rapaz.

— Bom, só quando ela não está assim — Rimos.

— Quer mais um? — Ele apontou para o copo vazio que tinha na minha mão.

A verdade é que aquilo era horrível, mas foi um bom consolo desde quando cheguei aqui.

Balancei a cabeça concordando.

O rapaz se levantou da calçada onde nós estávamos sentados e foi buscar mais.

Olhei o meu celular que indicava 01h26 da noite. Respirei fundo frustrada por não ter nenhuma mensagem nas notificações.

— Aqui. — O rapaz voltou com dois copos cheios.

Ele se sentou cuidadosamente ao meu lado e me entregou um.

— É alguém? — Ele perguntou olhando para a rua não muito cheia.

— Como assim?

— Para alguém estar sentada na calçada com um copo de cerveja vazio, ou é alguém ou são as dívidas. — Ele me olhou — E você não tem cara de quem tem preocupações com dívidas.

Sorri fraco sem saber o que responder.

Henrique não falou mais nada, nem tentou nada, só ficou como uma boa companhia quieta.

Eu não era a única tendo uma noite ruim.

— E você? — Quebrei o silêncio.

Ele encolheu os ombros.

— Talvez os dois. — Respondeu com um sorriso fraco.

— Vamos — Chamei a sua atenção me levantando — Não tem como ficar pior com uma só dança, tem?

O rapaz se levantou e me seguiu.

— Eu não sei dançar isso, Made. — Ele riu quando o chamei para dançar.

— Nem eu. — Disse deixando o som de The Smiths me guiar.

Henrique me olhou com um sorriso e fez o mesmo.

Todo mundo ali tinha a atenção em alguma coisa: No namorado, nos amigos, na bebida, na música...

O bar é rústico, trazendo uma enorme lembrança de onde eu ia com os meus amigos.

Mas os americanos não tem a mesma energia que os brasileiros.

A verdade é que eu não sei como cheguei até aqui, nessa situação:

— Madelyin. — Hariel chamou a minha atenção. — Você não está bem.

— O que você tá fazendo aqui? — Perguntei achando graça.

— Você me chamou. — Ele respondeu me olhando sério — Você tá muito bêbada. 

— Não... — Levantei o dedo indicador — Ou sim. Mas não, bem pouco.

Estávamos um pouco longe do bar onde eu estava a poucos minutos atrás, eu acho.

Por algum motivo eu ri quando uma moto passou, ainda escorada em uma escada de um restaurante já fechado.

— Vem, eu te levo para a casa. — Hariel disse com o ollhar baixo.

— Eu não vou para a sua casa.

— É para a sua casa que eu vou te levar, garota.

— Leva as meninas que você estava. — Abri um sorriso sem graça. Me arrependi na mesma hora.

— Que? — Seu rosto estava sério.

Revirei os olhos, caminhando de volta para o bar.

— Foi você que disse que estava estudando e do nada me liga bêbada no centro. — O seu tom de voz é alto.

Eu não tenho nenhuma resposta concreta. Na verdade eu tenho sim, mas estou muito bêbada para isso.

— E você estava ficando com duas meninas. — Retruquei aleatória, voltando a olhar para ele.

— Eu não fiquei com ninguém. — Ele tentou esconder o sorriso — Você não é do tipo que tem ciúmes, Made.

— E eu não tenho. — Disse óbvio — Nem temos nada.

— Exatamente, agora entra no carro.

— Não vou entrar no seu carro. — Disse caminhando até o carro caro preto, o dele.

Vi Hariel revirando os olhos quando deu a volta no carro, entrando no banco do motorista.

Entrei no carro sentindo levemente o seu perfume.

— Não quero ficar famosa, i dont want. — Disse quando ele acelerou saindo do lugar — Você é tão gato, seu beijo é tão bom! I love your kiss.

— Vou amar te contar isso amanhã. — Ele riu.

Fechei os olhos sentindo a brisa entrar no carro. O meu corpo está pesado mas a minha alma está calma.

Sinto uma das mãos de Hariel acariciar a minha bochecha. Olho para ele sorrindo e ele me olha fazendo o mesmo.

Um sorriso calmo. Que paz...

HIPNOSEOnde histórias criam vida. Descubra agora