Capítulo 20

1.4K 90 0
                                    

Eu te amo. 

A palavra ecoa várias e várias vezes, até que volto os olhos para Hariel, deixando de analisar o volante a sua frente.

— Eu... — Procuro as palavras certas, mas nada parece certo. — Eu não sei o que responder.

Ele fica em silêncio por alguns segundos, concordando com a cabeça.

— Não... Claro. — Ele olha para frente.

— Hariel eu realmente não sei o que responder, sinceramente. Eu não quero responder o mesmo só pelo momento, acredite. Tudo o que está acontecendo é especial demais, conhecer alguém da minha família, estar aqui e agora com você... — Sorrio sincera. — Quero ter certeza dos meus sentimentos por você, assim como quero que tenha certeza dos seus por mim.

— Claro. — Ele dá um sorriso de canto, mas continua: — Eu sei que é difícil de acreditar, principalmente depois da história doida que contei sobre o meu antigo relacionamento — ele toca a minha bochecha com as costas do dedos como uma pena, então sorri. — Isso aqui é muito especial para mim, ligado? Tudo com você é. É tudo tão leve e suave, Made.

— Eu sei. Também sinto o mesmo — falo. — Mas não quero estragar. — Me aproximo de seu banco, puxo a sua nuca para mim e deposito um beijo calmo. Hariel passeia uma de suas mãos pela minha cintura, me causando arrepios.

— Vamos — ele se afasta rapidamente, abrindo a porta ao seu lado. — Antes que eu tire a sua roupa aqui mesmo.

O meu corpo ficou em alerta e não deu para evitar o sorriso.

— Ou eu posso tirar para você. — Sorri saindo do carro, encontrando-o fora.

Ele estendeu a mão, chamando a minha com um sorriso largo. Peguei sua mão com força, depositando a minha segurança do meu coração ali.

Entrar no hospital me trouxe uma péssima lembrança. Saber que eu já passei tanto tempo em hospitais me dá calafrios.

— Tudo bem? — Hariel pergunta enquanto andamos pelo corredor sem fim.

— Uhum. Só não gosto de hospitais.

— Bom, se a Renata for da sua família, já sabemos que vocês não tem muito em comum. — Sorrio sem graça com a piada.

A verdade é bem diferente.

Perguntamos a recepcionista que não sabe nos informar exatamente, mas entra em contato com algumas pessoas.

Hariel contou algumas mentiras para conseguir que os olhos brilhantes da recepcionista jovem ajudasse.

Ela nos explica qual a área que a Renata trabalha. No setor de Raio-X.

Raio-X.

— Made, você precisa procura-lá. — Hariel se agacha em frente ao banco onde estou. — Você vai tirar de letra, fica tranquila.

— Treinei tantas vezes isso — o encaro. — Esqueci de tudo. — Rimos.

— Que isso, é só uma pessoa da sua família. Conversa normal, se explica com calma. Pede um momento a sós, fiquem confortáveis e já era.

— Queria que fosse fácil assi...

— Licença — três mulheres de jaleco se aproximam. — Precisam aguardarem lá fora, já abriram ficha?

Antes que eu responda a verdade, Hariel começa:

— A minha namorada está com o joelho machucado, — ele aponta para mim, me deixando sem reação, mas finjo uma cara de dor — acham que ela deslocou mas o pessoal da triagem pediram para nós dois esperar aqui para terem certeza — ele mente. — Pediram para chamar uma mulher do raio-x, esqueci o nome da Doutora... ou Técnica, esqueci. Qual o nome dela mesmo? — Ele me olha fingindo se esquecer.

— Renata. — Respondo cínica.

— Estranho... Não deviam pedir para virem e nem dar o nome de nossas técnicas. — A mais nova responde.

— Chame a técnica. Vamos logo, nosso plantão já acabou faz tempo. — A mais velha pede sem paciência para a mais nova.

Em poucos minutos, ela passa por nós, sem dar muita importância.

— Ela já está vindo. — E então sai batendo o salto pelos corredores.

Haril me puxa de lado, me dando alguns beijos na testa.

O meu coração para quando vejo uma jovem loira com um uniforme verde e tênis esportivo nos pés se aproximar.

— Sim? — ela pergunta com as sobrancelhas juntas. — O que estão fazendo aqui? Cadê a ficha de vocês? Quem de vocês vai passar?

— Ela. — Hariel responde.

— Ok, mas antes eu preciso achar da ficha da mocinha. Qual o seu nome?

Eu congelo.

Ela continua me olhando, esperando por uma resposta, mas tudo o que eu consigo assimilar é o quão parecidas somos. Pelo menos os olhos e a boca, o cabelo dela está preso, mas eu sei que é tão claro quanto o meu, porque quando eu o prendo, ele fica escuro também.

— Ela caiu de algum lugar? — ela pergunta para Hariel. — Acho melhor...

— Madelyin. — Respondo. — Madelyin Miller.

Os olhos dela se abrem assustados.

— Como? — a sua voz sai em um sussurro.

— Madelyin. Me chamo Madelyin. — Sorrio sentindo as minhas bochechas molhadas.

HIPNOSEOnde histórias criam vida. Descubra agora