Capítulo 21

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— Perdão, Madelyin, mas eu não tenho notícias do meu tio faz anos — Renata força um sorriso. — Quando a tia Iris ficou doente, o seu pai a levou para Minas. Foi o último desejo dela, sabe, antes de...

— Tia Iris? — pergunto confusa. — Nossa tia?

— Que? — ela junta as sobrancelhas. — Não. A sua mãe.

Eu paro.

— A minha mãe? — me preparo para a próxima pergunta assim que ela concorda.

Então ela me olha chocada.

— Você não soube?

— Não — respondo ainda sem acreditar. — Eu nunca tive contato com eles, o pouco que sei sobre os meus pais biológicos foi o que os meus pais adotivos me contaram.

Ela abre a boca, me fazendo pensar se eu me pareço com ela até nisso.

— Madelyin, o tio Hugo entrou em contato com os seus pais assim que a tia Iris adoeceu. Eles fizeram questão de tê-la no enterro de sua mãe. Era o que ela queria.

— E por quê eu não soube? — o meu corpo se arrepia só em pensar que a minha mãe me queria por perto

— Os Miller mandaram um e-mail com várias palavras doces para o seu pai, explicaram que você estava ocupada com a faculdade de Medicina e que não queriam te distrair — ela faz cara de repulsa. — Nem respeitaram o desejo da tia Iris.

— Eles sabiam? — os meus olhos se enchem de lágrimas. — Faz meses que larguei a faculdade. Faz meses e eles não me contaram nada. E era o desejo dela... Eles tiraram isso de mim?

As mãos de Hariel passam pela minha nuca, me confortando.

— Você largou a faculdade? — Renata me olha chocada. — Como teve coragem? Você conseguia estudar nos Estados Unidos Medina e largou? Tudo bem, eu até fiquei chocada por saber que mesmo passando meses no hospital por várias vezes você ainda quis fazer medicina. Mas largar?

E então Hariel me olha, sem entender.

— Já superamos isso. — Respondo ríspida, tentando sair do assunto e me lembrando do quão hipócritas os meus pais foram.

Quando eu estava prestes a perguntar mais, o celular da minha prima tocou, nos lembrando de que ela estava no horário de trabalho.

— Desculpa, eu não devia ter ido direto ao ponto. Mas eu sempre soube que era uma desculpa dos seus pais para você não voltar. — Ela me olha seria, mas o sorriso logo aparece. — Você se parece comigo.

Eu sorrio com a naturalidade que ela diz as palavras, como tivesse liberdade de poder dizer o que quer comigo, mesmo sem me conhecer. Mas logo o meu corpo fica em alerta, me lembrando de que eu não tenho como conhecer a minha mãe biológica. Não mais.

— Relaxa Made, a sua mãe era incrível. Ela sabia que você estava melhor lá, ficava feliz em saber que estava bem e, acima de tudo, tinha muito orgulho de você. Não se esqueça que mesmo longe, ela sabe e, com certeza, sente o seu amor por eles.

E então o meu coração derreteu. Porque, se ela queria me dar algum conforto, foi exatamente o que fez.

Nos despedimos e nos abraçamos. Combinamos de nos encontrar na folga dela e eu amei como ela me priorizou na sua única folga da semana.

Hariel não disse nada durante toda a conversa, as vezes ele saia para comprar alguma coisa na lanchonete ao lado de onde estávamos, só para nos dar privacidade.
E eu amei isso.

— Sabe — olhei para o banco do motorista, onde Hariel se mantia concentrado na estrada. — Eu sou muito grata por você. Por toda a preocupação e cuidado que teve por mim.

Ele arquea uma sobrancelha, mas não diz nada. Em seguida, um sorriso torto sai de seus lábios e ele pega e beija a minha mão ainda com os olhos na estrada.

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