Capítulo 24

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Acordo sentindo o meu corpo fraco.
Passo a mão pelo meu rosto, sentindo o suor tomar conta de mim. Me levanto com calma, tentando não acordar Hariel.

Merda.

Vou com cuidado até a beira da cama, me sentando devagar. O que eu mais prezo no momento é o meu equilíbrio, mas assim que me levanto, sinto tudo girar a minha volta.

Em um movimento brusco, tento ir até o banheiro do quarto de Hariel, mas assim que me apoio na cômoda ao lado da cama, a minha mão me trai e o meu corpo vai para o lado, fazendo um estrondo alto quando apoio o braço com força no móvel.

— Made? — Hariel acorda com o susto.
— Estou bem. — Fingo. — Só levantei muito rápido, vou no banheiro.

Dou o meu melhor sorriso, mesmo que ele não consiga ver com a escuridão.

— Ok... — Ele volta a dormir.

Vou até o banheiro e olho o desastre que estou. Os meus olhos estão fundos e a minha pele pálida.

Respiro fundo, pedindo a Deus que seja só os efeitos colaterais do medicamento.

Lavo o rosto com água gelada e passo a mão molhada pelo pescoço, afim de amenizar o suor.

Levando a caminha e olho para o meu abdômen que mostra as cicatrizes de anos atrás, quando fazia outro tratamento.

— Deus, por favor, esteja ao meu favor. — Repido a mesma frase que a minha mãe pedia quando ficava comigo no hospital.

Volto para a cama depois de um tempo, mais tranquila.

...

— Ele vem, né? — A minha mãe pergunta por ligação assim que falo onde estou.

Hariel ainda está dormindo. Eu estou na sacada, olhando toda a cidade iluminada com o sol da manhã em São Paulo.

— Provavelmente — suspiro. — Mãe...

— Tudo bem, amor? — Ela sente.
— Mãe, Hariel ainda não sabe sobre o câncer — suspiro mais uma vez, me certificando de que ele ainda está na cama. — Não toca no assunto perto dele quando chegarmos, por favor.

— E ele vai saber? — ela me pergunta, com clara decepção. — Madelyin não me apresenta uma pessoa a qual você não quer que permaneça na sua vida.

— Eu quero — envolvo os pés perto das coxas, sentada no assento ainda na sacada, perto de uma árvore que favorece uma sombra.

— Então conte logo para ele, não quero que você fique magoada quando ele for embora por perceber que você não foi verdadeira com ele — Ela suspira forte.

Antes que eu responda, Hariel sai pela porta do quarto usando só a bermuda, ele sorri e vem na minha direção.

— Ok mãe, preciso desligar.

— Ok. Te amo.

— Te amo. — Encerro a ligação.

Ele senta ao meu lado e sorri, fechando os olhos com a claridade.

— Bom dia — sorrio oferecendo a minha xícara com o café já frio.

— Bom dia. Não, obrigado — ele me puxa para um abraço de canto. — E aí, o que quer fazer hoje?

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