Capítulo 16

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— Eu não sei o porquê exatamente de não procurar a minha família biológica. Eu vim até aqui, esse era o meu objetivo, mas por alguma razão tem alguma coisa que me impede de seguir o meu caminho. Talvez por medo, ou por insegurança... a verdade é que eu não sei. — explico com os olhos ainda na cidade — Alguns problemas eu acho melhor evitar, entende? 

— Evitar o que? — Hariel me olha sério — Não é um problema encontrar a família biológica. Você não sabe o que é ter realmente um problema. 

— Qual é? Não é porque eu cresci com dinheiro que eu não tenho problemas, tem coisas que vão bem além disso. — A minha voz sai séria. 

Ele desvio o olhar para a cidade, mas logo me olha novamente, negando com a cabeça.

— Quais problemas, Madelyin? 

Câncer, penso. Entretanto, fico quieta, ignorando-o. 

Ele respira fundo e anda para dentro da casa. Eu permaneço no mesmo lugar, ainda admirando as luzes da cidade enquanto o tempo começa a fechar.

São Paulo é realmente um lugar bipolar, nunca se sabe o que vestir com um tempo assim. 

— Se quiser, eu posso ir com você — Hariel aparece com um baseado entre os lábios. — Se quiser, claro. 

— Conhecer a minha família? — sorrio brincando. — Tão rápido assim? 

— Ha-ha, tão engraçada. 

— Ok, pode ir comigo. 

Ele concorda com a cabeça, ascendendo o baseado, tragando  e soltando a fumaça, ainda me olhando com os olhos apertados.

— Preciso te levar, tenho que resolver umas coisas. — Ele diz, pegando a minha bolsa em seguida.

— Ainda hoje? — o sigo.

— Sim. Os negócios não param, Made. 

— Nem quando você planeja um encontro? 

Ele para e me olha. Eu paro junto, sem entender. Seus olhos se mexem, como se estivesse pensando ou ouvindo alguma coisa. 

Será que é a maconha? 

Quando penso em perguntar o que é, ouço gritos distantes. 

Ele fecha os olhos, como se soubesse o que está acontecendo. 

— Quem é? — pergunto apavorada com os gritos femininos ficando mais altos. Meu corpo acelera e eu me assusto quando eles ficam mais e mais altos. 

"Hariel! Seu desgraçado, manda eles me soltarem!" Fã? Não, com certeza não. 

— Tem alguém chamando. Quem é? Tem alguém machucando ela! 

Mais um grito. O meu corpo se assusta, me fazendo ir para fora. Ele tenta me impedir, mas eu o ignoro. Se estão machucando-a, eu quero ajudá-la. 

— Madelyin, não. — Ele me chama mas eu não olho. 

É difícil andar nos pequenos piso de paralelepipedos do lado de fora, mas eu consigo chegar perto o bastante da portaria para visualizar melhor. 

Tem um carro. Um carro grande e bonito, e a moça, uma moça muito bonita. Não estão encostando nela, então bloqueando a passagem para ela. 

— Ah! Madelyin... — ela me olha. — Eu sabia. 

— Que? — a minha pergunta parece baixa, mas ela entende. 

— Que cretino. — Ela bate a porta do carro do lado de fora, nervosa. 

— Quem é você? — pergunto. Os meus olhos desviam para dentro da casa, esperando que Hariel saia e explique. 

Ele aparece na porta, mostrando calma. Ainda tem o cigarro entre os dedos, tragando várias vezes e caminhando até o portão grande.

A garota ri, ainda nervosa. 

— Quando não tem ninguém você chama ela? — a morena pergunta, do outro lado do portão. 

— Como achou aqui? — ele pergunta sério. 

— Ela é o seu brinquedinho?

— Como chegou aqui? — ele pergunta mais uma vez, impaciente. 

— Ele vai te usar, tá princesinha? — ela fala alto para que eu escute bem. — Esse cretino. 

Ele coça a cabeça, sem paciência. 

— Made, entra. 

Meu corpo da uma passo para trás, mas recuo assim que vejo as lagrimas desesperadas da morena. Estou perdida. Quem é ela? 

— Eu vou te matar. — Ela ri, olhando para Hariel — Você é um homem morto, Hariel. Eu já falhei uma vez, mas dessa vez eu te mato. 

Meu coração acelera. Hariel gesticula para o segurança na portaria, que pega o telefone e liga para alguém. 

— Boa sorte, Clara. — Hariel fala, se virando de costas para ela. 

Os olhos da moça o seguem com ódio, chegando até a mim. 

— Era para entrar. — ela diz ríspido, me guiando para dentro da casa. 

— Quem é ela? — pergunto já dentro da casa, ainda perdida. Mais que perdida, assustada. 

Ele trava a porta e me olha sério. Sem muito suspense, responde: 

— Uma ex, louca. 

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