Prólogo

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Não! Não! Não!

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Não! Não! Não!

Diante de todas as coisas ruins que eu já fiz, por que Deus decidiu revidar logo agora?

Irritada, acertei um soco no volante e abri a porta do Jipe. Pulei do enorme carro e fechei a porta com tanta força que fez um enorme barulho.

— Merda! Merda! Merda! — Esperneei na calçada — Connor!

Caminhei para dentro de casa atrás do meu melhor amigo, que por sinal, continuava do mesmo jeito que o deixei a dez minutos atrás, deitado no sofá comendo panquecas de banana enquanto assistia a alguma reprise de um jogo de futebol.

— Ele parou! Ele simplesmente parou! — bufei jogando a bolsa na mesinha de centro — fez um barulho estranho e bum! Parou. Até saiu fumaça do capô.

— Eu disse a uma semana que isso iria acontecer, não foi? — o garoto ergueu uma sobrancelha para mim, como se soubesse de tudo o que aconteceria.

E eu suspeitava que sim, porque Connor era mestre em saber quando eu me daria mal, desde um carro quebrado a uma noite bêbada, ou uma demissão como aconteceu na faculdade quando eu fui "demitida" do jornal do Campus. O que foi uma injustiça, só porque Lexie queria muito pegar meu melhor amigo e eu não a ajudei nisso, então ela simplesmente me expulsou.

Era notável que a maioria das meninas na faculdade se aproximava de mim ou por causa da minha família, ou por meu melhor amigo.

O garoto era capaz de arrancar suspiros por qualquer lugar que passasse, coisa que eu achava ridículo, ele era lindo, sim, claro, mas caramba, é o Connor!

— O que eu vou fazer? — choraminguei, sentando no sofá branco assim que ele ergueu as pernas para que eu me acomodasse — não posso ficar sem carro, preciso trabalhar.

— Posso dar carona para você — sugeriu enquanto passava as mãos em seu cabelo castanho escuro. 

Connor Hunter e eu morávamos juntos desde a faculdade, antes era em um apartamento mais perto da universidade e quando terminamos, viemos para um bairro mais próximo da praia, onde Connor tinha sua loja de surfe e também um restaurante/bar, enquanto isso, eu dirigia até o centro para um prédio incrível e lindo, mas não um dos melhores da Chanel, e lá eu trabalhava como personal shopper.

Eu estava a quase dez anos da minha vida morando com meu melhor amigo e apesar das insinuações de algumas pessoas próximas de que um dia acabaríamos dormindo juntos, continuávamos com nossa amizade intacta e quebrando os padrões impostos.

Nove longos anos morando com ele, brigando pela água quente do chuveiro, dos dias de lavar roupa, as louças sujas, o que assistir na TV, entre mil e umas outras brigas bobas, e em nenhum desses nove anos eu cogitei sair desse lugar, eu não deixaria Connor tão cedo.

— Hum, se me deixar ouvir música sem reclamar — meu sorriso se alargou ao ver os olhos castanhos do garoto se arregalarem.

— Não! Sua playlist inicia em Amy Winehouse, vai para One direction, você sofre com o restante de Ed Sheeran e quando chegamos no seu trabalho, você está gritando com a Adele, não dá para ouvir sua playlist, Maddie, simplesmente não dá! 

— Isso é uma falta de respeito com meus cantores favoritos, e aliás, você esqueceu de Lionel Richie — pisquei para ele que estremeceu. 

Depois de alguns minutos resmungando para Connor me levar, o garoto aceitou e foi se trocar. Dentro do seu Jeep Rezvani, ele ligou o rádio em sua playlist, mas logo trocou por uma música minha, tivemos uma breve discussão sobre qual iríamos ouvir, até Connor resmungar um “vamos conversar.”

O volume da música ficou baixinho e o garoto concentrado na estrada, esperou que eu falasse, ele sabia que eu queria contar algo.

— Se não contar até chegarmos, vai perder a oportunidade — Connor resmungou me dando uma rápida olhada.

— É que eu vou encontrar Evan hoje a noite e vamos para o apartamento dele, vamos fazer três anos no sábado e sabe… eu queria entrar naquela conversa — o final, falei tão baixo porque eu sabia o que essa conversa causava.

A parada brusca que Connor fez com o carro, me obrigou a escolher colocar o cinto de segurança para ter essa conversa enquanto ele dirigia.

— Acha que ele está pronto? — meu amigo perguntou, evitando contato visual.

Encarei minhas unhas pintadas de um esmalte preto que Alora havia esquecido na nossa casa. 

A pergunta do meu amigo me atormentava a dias, mesmo que ela não tenha sido dita em voz alta antes e nesse instante saindo de sua boca, o medo ficou ainda mais real.

O garoto ao meu lado sabia o meu maior desejo, assim como todos nossos outros amigos, incluindo meu namorado. Eu sempre deixei claro que queria ser mãe antes dos trintas, e já estava com vinte e oito, no ano seguinte teria vinte e nove.

Por ter com uma vida estabelecida, sem estar debaixo das asas dos meus pais, tendo um namorado que me amava e um emprego de anos, tudo o que me faltava era estar andando descalça e grávida pela casa, claro! Às vezes eu esquecia a parte do casamento, mas para mim, antes dos meus trinta, era mais importante meu maior sonho, no caso, ser mãe.

Eu sempre estive pronta para isso, sempre soube dentro de mim que se acontecesse a qualquer momento, seria o momento perfeito, não importasse minhas condições ou com quem, eu daria a minha vida pelo possível bebê.  

E eu queria mais-que-tudo ter um filho, ver ele crescer, dizer suas primeiras palavras, correr pela praia juntando conchinhas, ensiná-lo a amar o som do mar… eu desejava ser mãe tanto quanto desejava me casar um dia.

— Eu não sei — mordi meu indicador, olhando para Connor que franziu as sobrancelhas. 

— Mas vai perguntar?

— Sim, a gente já teve essa conversa antes, ainda tínhamos um ano de namoro na época e ele disse que ainda estávamos nos conhecendo, já faz três anos… acho que está na hora — minha voz saiu tão decidida que o sorriso do meu amigo só aumentou. 

— Então vai com tudo — ele levantou a mão para mim e eu bati.

— E você, Connor Hunter, está pronto para ser padrinho? — perguntei curiosa, mesmo já tendo essa resposta há anos.

— Eu sempre estive!

Era isso, aguardei vinte e oito anos e agora sim,  iria ser mãe, querendo Evan ou não.

🍕🍕🍕

Capítulo escrito por escritoracolly


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Sempre foi você (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora