Temptation on the Warfront | Drarry

05 | Roupas, Maçãs, Portas

Draco Malfoy odeia Harry Potter e tem mais que certeza de que Harry Potter também o odeia. Eles disseram um ao outro, depois da discussão na cozinha, que o ódio deles é mútuo - é assim que sempre foi, e mudar isso de repente seria jogar no esquecimento todos os fatos sólidos aos quais Draco passou a vida se agarrando.

Talvez o esquecimento seja algo de que Draco tenha medo, uma nuvem de mau presságio escondida nas fendas intocadas de sua mente, mas o medo é uma emoção que ele sempre gostou de fingir que não existe. Então, em vez disso, ele se apega à noção de que Potter deve odiá-lo, que Potter precisa ser capaz de odiá-lo tanto quanto Draco odeia Potter – porque isso é normal, é o que todos esperam.

Sim, Harry Potter odeia Draco Malfoy, então por que ele insiste em deixar refeições quentes do lado de fora da porta de Draco, mesmo quando ambos sabem que Draco não as comerá? Por que Potter se preocupa com o bem-estar de alguém que ele sabe que despreza sua própria existência? Por que, na manhã seguinte, ao lado de um prato de panquecas suspeitamente carbonizado, Draco encontra um saco de papel amassado, cheio de roupas? Novas roupas. Roupas que, quando Draco as tira e as inspeciona criticamente, parecem ser do tamanho dele, mais ou menos alguns centímetros? São roupas trouxas ridículas e bizarras que Draco nunca usou antes, nunca pensou em usar antes - mas ainda são roupas - e o gesto faz algo dentro do peito de Draco doer inesperadamente.

Suas próprias roupas estão cobertas de poeira e sujeira, sua camisa está rasgada e cheira a suor, e apesar do fato de que, mais do que tudo, Draco deseja incinerar a sacola de roupas que Potter deixou para ele, ele sabe que isso só o tornaria parecer ser um mártir tolo e masoquista. E ser um mártir é o que Potter faz de melhor, então Draco fará o que for preciso para evitar que o título seja associado a si mesmo. Ele diz isso a si mesmo enquanto tira o tecido velho e ensanguentado, joga-o no canto da sala e veste um suéter de tricô preto, longo demais nas mangas, mas bastante decente no meio. Draco oscila entre ignorar completamente o ato que Potter provavelmente considerou gentileza (porque não há nenhuma maneira no inferno de Draco agradecer a ele) e reconhecer abertamente o modo como o suéter não cabe nele corretamente, e ridicularizar Potter por isso.

Mas então ele congela, sua mente girando, porque de repente ele fica assustado com o fato de que Potter devia ter tido algum tipo de ideia sobre as medidas de Draco de antemão. Ele faz uma careta para seus braços, mas o material é quente e macio, então Draco morde o lábio e afasta o pensamento desconfortável.

O que Draco tira da sacola o faz pensar que vai escolher a segunda opção, de atormentar Potter por causa de suas escolhas equivocadas, porque o par de calças que ele tem nas mãos é um par daquelas calças de brim cinza, de aparência desconfortável e fugidia. Draco não sabe como se chamam, nem quer saber, só sabe que Potter sempre as usa, e esse é um motivo suficiente para Draco decidir que as detesta. Ele lamenta a perda de suas calças enquanto puxa com desdém a calça cinza, mas um pensamento pequeno e distante o faz lembrar que, pelo menos, Potter não lhe comprou roupas íntimas. Deus, esse será o dia em que Draco Malfoy concluirá que existir se tornou doloroso demais.

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Draco chegou ao ponto em que quase não sente mais fome. A última refeição que ele comeu foi provavelmente qualquer mingau nojento com o qual o Auror o ameaçou, e isso foi há quase quatro dias. Então, quando ele sai do sótão e vê que o café da manhã que Potter deixou para ele é um muffin, o olhar de Draco passa de irritado para melancólico. Ele tenta bloquear a memória de três anos atrás, antes de a Mansão ter sido tirada deles, quando o Lar ainda era um Lar. Sua mãe costumava fazer muffins às vezes, porque sabia que eram os favoritos de seu filho e não confiaria isso aos elfos domésticos.

Draco engole e de repente não sente mais fome. Ele desce as escadas, procurando Potter, porque uma discussão é o que ele precisa agora, uma distração, e ele não vai parar até conseguir uma.