23 | Um plano de recuperação

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— Depois que tudo isso acabar, depois que Voldemort morrer - vou namorar Draco Malfoy. Então, por favor - você pode muito bem se acostumar com isso agora.

Eles realmente teriam se acostumado com isso? Será que seus dois melhores amigos algum dia teriam aceitado alguém que consideravam perdido, além de desesperado pela causa pela qual lutam - a causa pela qual sangram? A causa que deixará Hermione com uma palavra vil rabiscada em sua pele para sempre, uma cicatriz que nenhuma magia será capaz de curar.

Mais tarde, quando Harry tiver horas intermináveis ​​para si mesmo e nada em que pensar além das coisas que guarda enquanto o sol ainda brilha, ele se perguntará se o tempo realmente cura... Ele tem uma cicatriz, Hermione tem uma cicatriz e Draco Malfoy também tem uma cicatriz. Mas se há algo que Harry aprendeu sendo quem ele é, é que embora tudo o que o mundo possa ver seja aquela cicatriz, as pessoas certas, as pessoas pelas quais vale a pena lutar, não veem nada além de pele. Nada além de chances.

Ele deu essa chance a Draco, e talvez Draco tenha dado uma a ele também, mas quando as noites estão cheias de nada além de preocupações com o que está por vir, Harry se perguntará se talvez em vez de chances, seja uma questão de escolhas.

Seus pensamentos serão demais para ele, e ele fechará os olhos e segurará a varinha de Hawthorne - a varinha que ele roubou das mãos de Draco - mãos que estavam prestes a matá-lo - e ele se entregará ao cheiro de cedro e maçã, a lembrança de um menino tão distante, tão inalcançável. Talvez Draco estivesse sempre fora de alcance, talvez Harry estivesse se iludindo ao pensar no que eles importavam, talvez tudo fosse apenas uma farsa.

Mas então Harry olhará para o pequeno campo de quadribol de madeira em sua mesinha de cabeceira, o presente que ele tentou destruir, e o presente que ele se impediu de destruir, tantas vezes. E tudo o que ele verá será a testa sem cicatriz, o garoto sem passado, apenas futuro, o garoto que Draco Malfoy deve ter visto.

E Harry vai perceber que o odeia, que odeia tanto Draco, mas também o ama. Ele o ama, e isso despedaça Harry.

.

Todo mundo está ofegante – suas mãos lutando umas contra as outras, suas vozes implorando para saber se todos estão bem.

Harry mal os ouve, mal se concentra em qualquer coisa além da agitação em sua cabeça e do pavor frio em seu corpo.

Porque ele não está bem.

Porque tudo que ele pensava que sabia – cada detalhe intricado que resistiu ao tempo, ao ódio e à rivalidade, cada toque e cada beijo que mantinha ele e Draco juntos, agora foi desmontado. E Harry fica de joelhos em um túnel ferroviário escuro, tentando desesperadamente juntar as peças novamente - mas não consegue, porque falta a parte mais importante. Draco Malfoy está de volta de volta ao caos, à morte e ao sangue. Sangue que ele derramou.

Alguém está chamando seu nome – distante e nebuloso, como se Harry estivesse debaixo d'água. Há um calor em seu ombro – uma mão, e quando Harry balança a cabeça e se força a emergir do mar de confusão e traição, ele vê que não é Ron ou Hermione ao seu lado, mas Luna.

Ele sabe que deveria perguntar se ela está bem e como todos os outros estão, mas Harry descobre que não consegue falar. Luna carrega uma tocha acesa em uma das mãos, a chama iluminando seu rosto. Ela está pálida, faminta, sem dúvida, mas ainda sorri.

— Vamos, Harry. Vamos conhecer os outros — Ela oferece a mão dela, e Harry a aceita, deixando-a ajudá-lo a se levantar, porque Luna é gentil, confiante e receptiva. Ela não espera que ele diga nada, não espera que ele seja outra pessoa além de Harry, e é como se ela estivesse dizendo a ele que isso é o suficiente e que ela sente muito por sua perda. Porque ele perdeu alguma coisa, Harry percebe, algo extremamente importante, e se ele pensar muito sobre isso, sabe que perderá a pouca força que lhe resta.

Temptation on the Warfront | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora