dix-sept | monza

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– Eu fiz uma coisa

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– Eu fiz uma coisa.

Dorothea arregalou os olhos por debaixo das lentes de seus óculos de grau, encarando a figura de sua paciente. Não gostava muito de analisar seus pacientes pela aparência, mas Alina, sempre que aparecia em seu consultório, estava com a figura mais retraída e nada serena, ainda que já estivesse em tratamento há quase três anos.

– Bom dia, Alina. – sorriu, dando espaço para que ela entrasse na sala. – Como você está?

– Me desculpe... – murmurou, envergonhada por ter se precipitado e passando uma das mãos pelo rosto para esconder uma risada fraca que escapou. – Eu estou bem, Dorothea, e você?

– Estou bem também. Obrigada por perguntar. – a mais velha sorriu, indicando o sofá no meio da sala e a loira seguiu para o local, deixando sua pequena bolsa de lado para que pudesse se sentar de uma forma mais confortável.

Dorothea buscou seu bloco de anotações sobre a mesa e sentou-se em sua cadeira, observando a loira por alguns instantes antes de anotar o nome dela na folha de papel com a logo de sua clínica e elevar o olhar para que pudesse observá-la.

– Você chegou aqui dizendo que fez uma coisa. – pontuou, dando ênfase ao final. – Quer elaborar isso melhor?

Alina respirou fundo, retirando os scarpins que usava e cruzou as pernas sobre o sofá em que estava sentada.

– Eu aceitei retirar as regras da relação que eu estou vivendo. – soltou o ar de forma pesada. – Eu aceitei entrar em uma nova relação, Dorothea.

– E você acredita que essa foi uma boa decisão?

– Eu não sei. – riu, passando uma das mãos pelo rosto. – Eu meio que me senti mais leve depois de falei que não teríamos mais regras, mas agora eu me sinto meio que preocupada.

– O que te preocupa, Alina?

– Me preocupa não conseguir dar a ele o que ele quer, não conseguir ser o suficiente. – a loira fez uma pausa, tamborilando as pontas dos dedos em sua canela antes de voltar a falar: – Me preocupa o que as pessoas vão pensar quando for a hora de assumir a nossa relação.

– Por que você acredita que não vai ser suficiente? Ou que não vai dar a ele o que ele quer? – Dorothea a observou. – Aliás, como você sabe o que ele quer?

– Ele disse que me ama. – riu de forma nasalada. – Eu acho que, quando uma pessoa diz isso a outra, ela espera, no mínimo, ouvir essas três letras de volta.

Balançou a cabeça, respirando fundo e passou o olhar pela sala da psicóloga, focando a atenção em alguns livros que estavam na estante antes de voltar a falar.

– Ele me disse que a ex-mulher dele e os filhos querem me conhecer. Então, eventualmente, ele vai querer que eu conheça a família dele porque eles são importantes para ele. Isso também me assusta.

DON'T BLAME MEOnde histórias criam vida. Descubra agora