Quatro

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  Assim que chegamos no terraço, ela para de andar e se vira para mim, os braços cruzados.

  — O que você quer? — pergunto.

  — Quero que você suma — diz, se aproximando. — Já que é tão rica, pode ir para qualquer lugar, então vá e fique por lá.

  Fico quieta. Ela está com raiva por causa de Ji Soo, mesmo assim...

  — Apenas suma dessa escola Yoo Nah! — grita e segura meus ombros com força. — Ninguém precisa de você aqui! Ji Soo Oppa não precisa de você!

  Ignoro a dor das suas unhas em mim e me solto.

  — Mas eu preciso dele! — grito, para em seguida receber um tapa no rosto.

  Agacho para me recompor e sou empurrada com força para o chão. Não satisfeita, ela puxa meu cabelo, me fazendo encará-la.

  — Se você não sumir por conta própria, vou fazer da sua vida um inferno.

  Não sei como isso seria diferente do que ela já faz hoje. O sinal toca e Ha Ri solta meu cabelo bruscamente antes de sair. Me deito de costas, tentando não pensar na dor. Encarar o céu que está tão bonito faz eu me sentir aliviada, mesmo assim as lágrimas invadem meus olhos e as deixo cair por um tempo.

  * * *

  Entro na sala de cabeça baixa e escuto todo mundo murmurar. Finjo que não é por causa do estado do meu rosto, então apenas vou para o meu lugar. Espero receber uma repreensão por ter perdido metade da aula, mas ela não vem. Só quando levanto os olhos percebo que estamos na aula de inglês, e que o novo professor me encara intensamente, a expressão indecifrável. Olho para baixo, tentando parecer ocupada com meu caderno, mas não consigo manter a postura por muito tempo.

  — Kang Yoo Nah?

  Ouvir meu nome sair em um tom tão ríspido da boca dele me faz arrepiar. Acho que a repreensão vai vir agora.

  — Sim sonsaengnim? — pergunto, o olhando.

  — O que aconteceu?

  A pergunta pega a todos de surpresa, inclusive eu. Instintivamente olho para Ha Ri, que me lança um olhar ameaçador. Como se ela precisasse fazer isso. Em seguida me volto para o professor.

  — Eu cai, por isso me atrasei.

  Ele fica em silêncio, como se estivesse decidindo o que fazer. Fecho os olhos, aflita. A última coisa de que preciso é ser o centro das atenções! Ele não pode dar a bronca logo? Os outros estão olhando...

  — Abram na página 49 — diz por fim, pondo fim a questão, para o meu alívio.

  * * *

  A aula acaba sendo mais agradável do que imaginei. O método de ensino do professor é interessante e eficaz, e ele parece ter mais experiência do que diz. Durante as explicações, Sr. Choi caminha pela sala completamente à vontade. Vez ou outra ele passa por mim e sinto um calor abrasador toda vez que acontece. Meu pescoço também dói, mas acredito que a surra que levei seja a responsável por isso. Algo que me deixa intrigada, porém, é o fato dele ainda estar com as luvas. Está um calor infernal lá fora, mas ele não as tira nunca. Será que tem a mão deformada ou algo assim? Os outros também devem achar estranho, mas ninguém toca no assunto.

  Antes da aula acabar, o professor passa alguns exercícios para fazermos. Ele pede para levarmos nossas resoluções até ele um por um, mas quando chega a minha vez, eu tento entregar o caderno o mais rápido o possível, já que o calor continua a me consumir. Por pura vergonha, acredito. Mas no exato momento em que vou tirar o braço para sair, ele segura meu pulso. O toque causa uma espécie de choque na minha pele, que percorre todo o meu corpo até parar no coração, que começa a trabalhar mais rápido com o susto.

PARADOXOOnde histórias criam vida. Descubra agora