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Ana Luíza|Analu 🌪️

Eu voltei pro quarto tentando assimilar tudo que tinha acontecido durante essa noite.

O cara que eu discuti no baile por uma incrível coincidência é irmão da Helô e pelo que eu deduzi é o dono do morro, agora às coisas começaram a fazer sentido na minha cabeça.

Gente eu discuti com um traficante e agora estou simplesmente na casa dele. Meu Deus do céu!!! Onde eu vim parar?

Como a Heloísa não me contou nada cara? Eu posso estar aqui correndo risco de ser presa por associação ou até morrer sem saber absolutamente de nada!!!

[...]

Já eram quase dez da manhã e eu não tinha conseguido dormir mais. Fiquei mexendo no celular desde das sete, mandei mensagem pra minha mãe e pra Nayara.

A Heloísa estava se mexendo na cama e eu percebi que ela tinha acordado.

Heloísa: Amiga tu já tá acordada? Que horas são?— ela levantou se espreguiçando.— Que ressaca cara!!!

Ana Luíza: Helô eu nem dormi pra falar verdade, acordei eram sete horas com uma puta dor de cabeça e morrendo de sede. Tentei te acordar pra pedir um remédio mas parecia que você estava morta, não acordava por nada.— ela deu risada.— Então eu resolvi ir até a cozinha pra procurar e por acaso seu irmão "Caveira" chegou na mesma hora.—falei o nome dele pausadamente e ela ficou séria.— Ele seria o Caveira, dono do morro né?— ela concordou.

Heloísa: Amiga eu posso te explicar... Eu não te contei nada sobre a minha família porque a gente mal se conhece.— concordei.— Eu não podia chegar em você e falar: Analu meu pai é traficante e meu irmão também, minha família que comanda o morro do PPG.— ela suspirou cabisbaixa.

Pior que é verdade. Eu e a Helô se conhecemos não faz nem duas semanas direito, e isso não é algo que se conta para desconhecidos, né?

Ana Luíza: Helô, eu entendo o seu lado, realmente isso não se conta à quem conhecemos à duas semanas.— ela riu sem graça.— Mas a parti do momento que você me chamou pra vim pra cá e ainda pra dormir na sua casa, você não poderia ter escondido esse detalhe de mim, pois eu tinha o direito de saber a onde eu estava me metendo e escolher se eu ficava ou não, entende?— ela concordou.

Heloísa: Me desculpa por não ter te contado ontem, assim que você chegou aqui mas eu fiquei com medo de tu querer ir embora e nunca mais falar comigo, de julgar eu e minha família sem ao menos nos conhecer de verdade.— ela falou triste e abaixou a cabeça.— E eu entendo e respeito caso você decida se afastar e não querer dá continuidade na nossa amizade.— discordei na mesma hora.

Ana Luíza: Claro que eu te desculpo Helô!!! E eu jamais julgaria você ou sua família pelo o que eles fazem ou pela forma como vocês vivem. Quem sou eu para julgar alguém ou às escolhas de alguém? O único que pode nos julgar é Deus.— ela sorriu sem graça.— E eu não vou me afastar de você de forma alguma só porque seu pai, irmão, tio e periquito são de uma vida completamente diferente da minha.— ela riu.— E claro que vamos na continuidade na nossa amizade, isso não interfere em nada na nossa relação. Eu só te peço que não me esconda às coisas, porque temos que construir a nossa amizade na base da confiança.— ela sorriu e me abraçou.

Nos abraçamos e eu fiquei aliviada pela nossa conversa. Eu entendo o lado dela, de ter escondido a verdade sobre a sua família. Ela não pode sair falando para qualquer pessoa que seu pai e irmão são traficantes, ela pode colocar ela e sua família em risco.

Confesso que eu fiquei com medo quando deduzi que estava na casa de um traficante e tive vontade de ir embora. Mas eu também não posso negar que gostei de estar aqui, me senti em casa e todos me receberam com muito carinho e me trataram bem à todo momento, exceto o Caveira que foi um grosso mas se desculpou também.

Heloísa: Amiga você ainda não me contou o que aconteceu ontem, quando você sumiu pra ir no banheiro.— olhei pra ela e dei risada.— Tu estava pegando alguém né safada?— discordei.

Ana Luíza: Quem dera se eu estivesse pegando alguém mesmo, na verdade eu estava discutindo com o seu irmão amiga.— ela me olhou sem entender.

Eu expliquei toda a história pra ela, enquanto ela fazia caras e bocas e dava muita risada.

Heloísa: Analu do céu, você enfrentou o meu irmão na frente de geral?— assenti.— Ele deve ter ficado cheio de ódio da sua cara, eu estou chocada com esse babado e com a cara no chão que ele se desculpou, ele nunca dá o braço a torcer quando está errado cara!

Ana Luíza: E eu com ódio da cara dele amiga, ele foi grosseiro demais, tive vontade de voar no pescoço dele quando ele me empurrou, sorte dele que eu tenho amor a minha vida.— revirei os olhos e ela riu.— Mas como ele se desculpou está tudo certo.

Heloísa: Ele às vezes é um escroto mas tem um bom coração amiga. Agora vamos descer pra tomar café porque eu estou morrendo de fome.— concordei.

Eu fui até o banheiro, escovei os dentes e joguei uma água no rosto, a Helô estava me esperando na cama.

Descemos pra tomar café, e a mesa já estava posta. A mãe da Helô estava na cozinha, e um homem mais velho sentado na mesa. Eu dei bom dia para os dois e a Helô foi cumprimentar eles.

Heloísa: Bom dia pai, bom dia mãe.— ela deu um beijo neles.— Pai ontem o senhor não conheceu a Analu, ela que é minha fisioterapeuta.— ela nos apresentou.— Analu esse é meu pai, Augusto.

Fuzileiro: Suave Analu? Prazer aí em conhecer tu, sinta-se em casa pô.— concordei sorrindo.— E aí curtiu o nosso baile ontem?

Ana Luíza: O prazer é meu. Eu curti muito, acho que nunca me divertir tanto e pretendo vir em outros hein.— a Helô sorriu.

Helena: Achei que você tivesse indo embora ontem Analu, que bom que você ficou. Vai passar o domingo com a gente né?— concordei.

Ana Luíza: Eu até ia embora Helena mas a sua filha insistiu tanto pra mim ficar que acabou me convencendo. Só que ontem eu não trouxe nem uma escova de dente pra cá e agora preciso de uma roupa para usar hoje.— falei rindo.

Heloísa: Mãe eu já falei pra ela que esse não é o problema, que a gente vai na sua loja e ela escolhe um look, não é?

Helena: Isso mesmo Analu, hoje a loja fecha às três, quando vocês terminarem de tomar café a gente vai lá.— concordei.

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LEAL - [FINALIZADO] Onde histórias criam vida. Descubra agora