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Nayara Souza 📸

Meu coração estava angustiado desde quando eu soube que ia ter a missão para resgatar o Caveira.

Foi um alívio quando ele me contou que eles tinham descobrindo a onde ele estava. Eu acompanhei de perto o sofrimento do meu namorado, da família do Caveira e também da minha amiga que é completamente apaixonada por aquele rabujento.

Sim, rabujento é o apelido que eu dei pro Caveira, o garoto é todo mal humorado, parece um velho cara.

Mas eu confesso que ele me conquistou com esse jeitinho dele, e eu também sou uma das pessoas que sofri e senti muito a falta dele.

A única pessoa que não sabia do resgate, era a Analu. E eu fui a primeira a bater de frente pra eles não contarem nada pra ela.

Minha amiga já está passando muito stress e nervoso ultimamente desde quando ele sumiu, e agora que ela descobriu que está grávida não pode ficar passando por toda essa ansiedade não, isso faz mal pra ela e pro meu afilhado.

Eu odeio ter que esconder às coisas dela, a gente sempre foi um livro aberto uma com a outra, mas dessa vez é para o bem dela.

Eu tinha deixado ela na casa do Henrique e desci pra casa do Ph. Ultimamente nossa relação estava meio abalada por conta de tudo que andava acontecendo, a gente tinha se afastado muito por causa de toda correria dele e por mais que ele ache que eu não entendo, eu entendo sim e apoio ele.

O que me chateava era ele ficar se drogando dia e noite como fosse resolver alguma coisa. Teve um dia que eu cheguei na boca de surpresa e ele estava com cinco carreiras de pó na mesa cara, quando eu vi, o choro se instalou na minha garganta e saí correndo de lá.

Eu sei que estava difícil pra ele, mais ele estava querendo o quê? Se matar?

A gente ficou um pouco abraçados na cama em silêncio fazendo carinho um no outro e quando deu a hora dele ir, eu quase não deixei, eu estava com um pressentimento ruim demais.

Eu e a Luciana ficamos falando pra caramba no ouvindo dele, até que ele se despediu da gente e saiu.

E meu coração que já estava angustiado ficou ainda pior.

Horas se passaram e a gente estava aguardando por notícias, eu ainda não tinha conseguido dormir quando escutei os barulhos de fogos e na sequência tiros.

Eu corri para o quarto da Luciana e nós ficamos agachadas no chão morrendo de medo, enquanto lá fora parecia estar havendo uma guerra.

Tinha amanhecido e até agora nada dos tiros cessarem, eu já tinha rezado um milhão de vezes junto com a Lu pedindo proteção para os meninos e também para todos aqueles que estão lá fora.

Quando finalmente os barulhos de tiros acabaram, era quase 9h00 da manhã. Eu já tinha ligado pro Pedro umas mil vezes e até agora a gente estava aqui sem respostas.

Eu a Lu estávamos sentadas no sofá conversando, quando o Pedro entrou pela porta com a blusa toda suja de sangue.

Eu corri pra abraçar ele, assim também como a mãe dele.

Nayara: Graças a Deus você tá bem.- comecei a chorar.- Eu fiquei morrendo de medo. Porque você não me atendeu cara?

Luciana: A gente estava aqui desesperada Pedro Henrique!- falou bolada.- Você tá sangrando meu filho?- ele negou.- Você se machucou?

PH: Esse sangue é do meu padrinho.- ele falou com a voz embargada e começou a chorar nos nossos braços.

Luciana: O Fuzileiro, ele...?- ela não teve coragem de terminar a frase e ele confirmou com a cabeça.- Não acredito nisso.- começou a chorar e meus olhos também encheram de lágrimas.- Eu preciso ver a Helena, cadê a sua madrinha filho?

O Ph explicou por cima tudo que tinha acontecido, tomou um banho, trocou de roupa e comeu um pão que eu tinha feito pra ele e tudo isso em menos de dez minutos tá? Ele disse que precisava sair, porque tinha muita parada pra resolver e que o morro estava de cabeça pra baixo.

Sério, eu não estava nem conseguindo raciocinar que tudo isso estava acontecendo.

Nayara: E cadê às meninas? A Analu, Helô, Helena?- ele me encarou.- Elas estão bem né?

PH: Loira eu nem sei como te falar isso mano.- passou a mão no rosto.

Nayara: Falar o que Pedro? Fala logo caralho.- me estressei.- O que aconteceu? Elas estão bem né?

Luciana: Fala filho pelo amor de Deus.

PH: A Analu tá postinho, ela levou dois tiros.

Eu entrei em desespero, comecei a sentir falta de ar e minha pressão caiu.

Isso não pode estar acontecendo!

Nayara: Eu quero ir pro postinho agora!- peguei minha bolsa em cima do sofá.

PH: Troca de roupa primeiro né loira.- me encarei vendo que eu estava de pijama.

Fui até o quarto dele e coloquei a primeira roupa que eu vi pela frente.

O Pedro me deixou no postinho e quando eu entrei, estava a Helô abraçada com o Tatu e o Caveira sentado de cabeça baixa.

Ao lado dele tinha um banco vago, então eu sentei e segurei a mão dele forte e ele me encarou com os olhos inchados e vermelhos, com certeza de tanto chorar.

Eu acho que nem ele mesmo sabia o quanto ele é apaixonado pela Analu.

Nayara: Nossa Analu é forte pra caralho entendeu?- encarei ela.- Ela vai sair dessa, vai ficar bem e vocês vão parar de enrolar e vão ficar juntos de uma vez.- eu falava confiante olhando nos olhos dele.- Daqui a pouco ela está aqui enchendo nossa paciência querendo comer melancia com manteiga três horas da manhã.- ele sorriu pra mim.- E tu vai ter que se virar e ir atrás do desejos malucos de grávida dela. E já vou logo te adiantando que a garota tá dramática demais.- eu tentava animar ele.

Caveira: É bem a cara dela mermo essas maluquices.- concordei.- Era pra ser tudo diferente Nay.- suspirou.- Ela não devia tá passando por isso tá ligado? Ela não merece não pô. Eu sou um estrago na vida dela papo reto.- respirou fundo.- Ela e nosso filho pode morrer por minha culpa caralho.

Nayara: Ela que escolheu ficar com você, ela que escolheu ir atrás de você nesse Rio de Janeiro todinho igual uma maluca dia e noite, ela que escolheu ir em hospitais, imls, delegacias e até em penitenciárias te procurar. Ela que escolheu bater no peito e colocar a cara tapa e se apresentar como sua mulher mesmo sem ser.- ele me encarava.- Você não obrigou ela à nada, você não tem culpa de nada. Ela fez tudo isso porque foi uma escolha dela e porque ela te ama Henrique.

Caveira: E olha aí, o que ela ganhou em desse amor troca pô? Tá lá dentro daquela sala correndo risco de vida e tudo por minha causa.- suspirou.

Nayara: Para de se culpar cara, às escolhas foram dela e você não tem como mudar isso. Agora a gente tem que rezar e pedir pra Deus e Nossa Senhora zelar por ela.- ele concordou.

Eu estava tentando manter a calma e passar calma pra ele também, mais por dentro eu estava despedaçada e com muito medo de alguma coisa acontecer com a minha irmã de coração e com o meu afilhado.

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LEAL - [FINALIZADO] Onde histórias criam vida. Descubra agora