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Ana Luíza|Analu 🌪️

Três horas de medo, angústia, nervosismo e preocupação.

Já tinham se passado três horas e os tiros não paravam, na verdade parecia que aumentavam e se aproximavam cada vez mais.

Estava eu, Nay e minha pequena que dormia e graças à Deus não estava escutando e nem entendia o que estava acontecendo lá fora, e muito menos que seu pai e seu padrinho estavam lá envolvidos nessa guerra.

A tv estava ligada e o jornal anunciava a invasão como guerra pelo comando do tráfico.

Nayara: Eu posso morar aqui cem anos que nunca vou me acostumar com isso.— falou aflita.— Não consigo entender como os meninos conseguem gostar dessa loucura.

Ana Luíza: Nem eu amiga, nem eu.— suspirei.

O celular da Nayara começou a tocar e ela correu pra pegar e quando atendeu seu semblante mudou para apavorada em minutos.

Ana Luíza: Quem é Nayara? Que cara essa? Fala alguma coisa Nayara.

Nayara: É a Helô... A Jady está sangrando e às duas estão lá sozinhas.

Ana Luíza: Meu Deus.— falei aflita.— Elas tem que ligar pro Henrique... E os seguranças da casa? Cadê?

Nayara: Já ligaram e ele não atende, e não tem nenhum segurança na frente da casa pra socorrer elas.— andou de um lado pro outro.— Vou tentar ligar pro Pedro.

Ana Luíza: E agora? — ela me olhou sem saber.— Cadê os seguranças daqui?— olhei pela janela.— Nayara não tem ninguém aqui cara.— falei com medo.

O celular dela começou a tocar denovo, ela atendeu e colocou no viva voz.

📲[Ligação] Helô 💓
Heloísa: Gente a Jady tá gritando muito de dor. O que eu faço pelo amor de Deus? Tô desesperada.— falou chorando.
Ana Luíza: Calma amiga, você tem que manter a calma. Ligou denovo pro Henrique? Pro Tatu?
Heloísa: Ninguém me atende Analu, não sei o que eu faço. Se ela perder essa criança meu irmão nunca vai me perdoar.
Ana Luíza: Para de pensar isso Heloísa.— respirei fundo.— Eu tô indo pra aí.— desliguei.
📴

Nayara: QUE? VOCÊ TÁ LOUCA?— me encarou.— Como você sair daqui no meio desse tiroteio? Você não vai sair dessa casa Ana Luíza.

Ana Luíza: Não tem escolha Nayara, a Helô precisa de ajuda e a Jady também.

Nayara: Se você morrer no meio do caminho não vai ter como ajudar ninguém. Vamos tentar ligar pra alguém.— me olhou preocupada.

Ana Luíza: Já tentamos e ninguém atende Nayara. Não posso ficar aqui de mãos atadas. A Jady precisa ir pro hospital.— peguei meu celular em cima da mesa e saí sem deixar ela falar.

Dentro de casa o barulho dos tiros eram altos mas na rua doía os ouvidos e era realmente assustador.

Fui correndo abaixada pela calçada e me escondia entre os carros que estavam estacionados quando via algum movimento estranho ou alguém. Entrei no beco que cortava caminho e dava acesso a casa do Henrique e corri muito sem olhar pra trás.

Quando cheguei na frente da casa, minha boca estava seca, meu coração acelerado e minha respiração super ofegante. Abri o portão e entrei correndo, a Jady estava desmaiada e seu vestido que era branco estava tomado de sangue. A Helô estava chorando sentada ao lado dela enquanto segurava um celular e respirou aliviada quando me viu.

Ana Luíza: A gente tem que levar ela pro hospital agora Helô. Cadê a chave do carro do Henrique?— ela levantou correndo.

Heloísa: A gente não vai conseguir sair do morro Analu.

LEAL - [FINALIZADO] Onde histórias criam vida. Descubra agora