Um

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Pode conter gatilhos para alguém que perdeu uma pessoa próxima.

Desço do carro com a ajuda do tio Louis, caminho pelo cemitério até o local onde o corpo dele vai ser enterrado

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Desço do carro com a ajuda do tio Louis, caminho pelo cemitério até o local onde o corpo dele vai ser enterrado.

Teve um pequeno velório que eu não consegui ir, mas eu precisava vir pro enterro e vê-lo uma última vez.

Vejo algumas pessoas parando mais a frente e paro de andar sem coragem de olhar para ele.

- Vamos querida - balanço a cabeça em negação - Precisa se despedir do seu pai meu bem.

As imagens do meu pai morto na banheira vem a minha mente e faço um bico para chorar, ele me aperta e alisa minhas costas.

- Vamos querida é preciso - diz depois de um tempo e caminho com ele até o local, paro na frente de todos que me olham com pena, eu não gosto disso.

Fecho meus olhos para não olhar pro corpo do meu pai, o pastor vai falando um sermão e ora, eu nem sei por que tem um aqui, meu pai não ligava para religião.

- E agora queria perguntar se um dos parentes ou amigos do Peter tem interesse em falar algo? - abro os olhos e olho pro pastor.

- Você quer falar algo? - tio Louis questiona e balanço a cabeça em negação.

- Eu queria falar - ouço a voz de uma mulher e olho pro lado, ela caminha até onde o pastor está e vira para a frente dos presentes.

Engulo em seco ao ver que é mulher que me carregou na barriga.

- Eu sou Lauren, fui casada com Peter por um tempo e nós tivemos dois lindos filhos - diz e olha para mim, aperto o tio Louis - Ele era um bom homem, apesar de alguma desavenças que tínhamos, espero que Deus possa o perdoar pelo que fez, sempre digo que Deus é o único que pode nos julgar, não sei o que levou o Peter a fazer isso, fico triste por ele ter tido a vida interrompida assim de repente, mas o que podemos fazer nesse momento é nos apoiarmos e principalmente a minha filha que está ali e foi quem encontrou ele.

Vejo todos me olharem e não gosto, eu nem gosto dessa mulher também, viro pro tio Louis e escondo meu rosto enquanto choro.

- Vaca idiota - tio Louis diz baixinho e me aperta.

- Meu filho Noah não chegou pois é médico e foi chamado para participar de uma cirurgia hoje, mas assim que terminar bora direto para cá se despedir do pai dele - continua a dizer, tapo meus ouvidos para não ouvir a sua voz chata e irritante.

- Querida você não quer falar nada? - Louis pergunta e balanço a cabeça em negação - Fale ao menos comigo Gigi, você não fala nada desde que aconteceu tudo.

Abro a boca mas fecho assim que vejo a mulher caminhando até mim, ela me puxa e me abraça começando a chorar, fico sem reação e arregalo os olhos.

- Oh querida como é bom ver você depois de tanto tempo - diz com emoção na voz - Eu fico feliz por ver você e triste por ser assim com a morte do seu pai.

Olho pro titio Louis e peço ajuda com o olhar.

- Você está uma mulher tão linda - ela diz se afastando e segurando meu rosto, vejo seu olhar cair sobre meu corpo de cima baixo - Uma mulher maravilhosa, muito parecida comigo.

- Olá Lauren - titio Louis diz.

- Louis - diz como se tivesse visto ele agora e o olha com nojo de cima a baixo - O que está fazendo aqui só amigos e parentes deveriam estar aqui.

- Sou... Amigo do Peter e sabe disso - fala, me afasto da mulher e aperto o Louis.

- Claro, não sabia que dormir junto te fazia amigo - diz baixo e faz uma careta, mas olha para mim e sorri me puxando e quase me machucando, ela aumenta sua voz e continua a falar - Eu quero abraçar mais uma vez minha filhinha querida.

Vejo algumas pessoas olhando a cena e dando um sorriso de conforto, ela me abraça e só consigo olhar pro tio Louis.

Alguns amigos do papai vão falando e a mulher não me soltou, tentava sair do abraço dela mas sempre me apertava mais me impedindo de sair.

Tio Louis dá um sorriso acolhedor e diz para eu ficar, respiro fundo e fico olhando para quem fala ou não.

- Não acredito que esse bichinha vai falar - ela diz com voz de nojo e me pergunto o que é bichinha.

- Olá a todos - ele diz e olha pro corpo do meu pai - Eu sou Louis, amigo do Peter desde que me entendo por gente, nós já dividimos muitas coisas, éramos melhores amigos na infância, depois passamos um tempo sem nos falar por alguns problemas que apareceram - ele faz uma pausa e engole o choro - Mas a vida nos deu a oportunidade de se encontrar novamente e aproveitamos isso... Eu e Peter temos uma história, e eu queria dizer que é só amizade, e era, mas também fomos namorados...

As pessoas faz um som surpreso e eu sorrio, mas a mulher ao meu lado parece prestes a morrer.

- Nós estamos juntos a mais ou menos oito anos e escondemos isso durante esse tempo todo para proteger quem amávamos - diz me olhando e limpo as lágrimas dos meu olhos - Peter era um bom homem, falo isso como o amigo dele, cuidou bem da filha após tudo que aconteceu, sempre deu amor de sobra a ela, amava também o outro filho, mas houve muitas circunstâncias.

- O que esse desgraçado está fazendo? - a mulher pergunta baixinho e me olha dando um sorriso sem graça.

- O que eu quero dizer é que ele vai fazer muita falta, seja como amigo, namorado, pai - diz e fungo, ouço a mulher bufar e então passar os braços a minha volta - Eu vou permanecer aqui e fazer com que tudo que ele queria seja realizado.

Tio Louis sai do local e olha pro meu pai dentro do caixão, ele se abaixa e beija meu pai, depois para ao meu lado e me dá um sorriso confortante.

- Ah meu filho querido chegou - a mulher diz e me solta saindo de perto de mim, aproveito para abraçar o tio Louis, descanso minha cabeça no ombro dele e vejo a mulher chegando perto de mim ao lado de um homem alto, ela sorri tanto que parece prestes a derreter - Olha filho, finalmente podemos ser uma família de novo.

O homem desvia o olhar para mim e levanta as sobrancelhas surpreso, me encolho nos braços do tio Louis.

Eu lembro do papai sempre falar que eu tinha um irmão, mas eu nunca podia vê-lo e nem sei o motivo, as poucas vezes que o vi uma foi em meu aniversário de onze anos e as outras somente por foto, e em nenhuma delas ele parecia essa pessoa que está na minha frente.

- Oi Giulia - diz sorrindo - É bom ver você pessoalmente e não por foto.

Olho para ele que parece simpático e depois para a mulher que tem um olhar avaliativo.

Eu não gosto da mulher que me carregou na barriga.

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Doce amorOnde histórias criam vida. Descubra agora