Catorze

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- Eu vou limpar esse machucado no seu rosto, fica sentada aí que já venho ok? - falo a Giulia que assente com um bico de choro

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- Eu vou limpar esse machucado no seu rosto, fica sentada aí que já venho ok? - falo a Giulia que assente com um bico de choro.

Caminho até o banheiro e pego um kit de primeiros socorros no armário, paro por dois segundos e respiro fundo não acreditando em tudo que ouvi, parece até outra realidade.

Volto para a sala e me sento na frente de Giulia, vejo marcas de unhas em seu rosto, como ela é pálida está bastante vermelho e a unha marcou a pele um pouco.

- Pode arder um pouco por conta do arranhão, mas é para não infeccionar já que unhas podem conter bactérias ok? - falo a ela.

- Otei - diz baixinho.

Pego um algodão e um antisséptico, derramo no algodão e passo pelo arranhão causado pela unha, ela faz uma careta e se afasta.

- Faz dodói - diz.

- Vai passar bonequinha, prometo - ela respira fundo e aperta minha coxa quando passo o algodão pela sua pele, assopro o local e me afasto - Prontinho, vou só passar uma pomada.

Pego a pomada e passo no local, suspiro ao ver uma marca roxa de dedos contra seu braço.

- Está doendo algo mais? - pergunto.

- Não - responde tristonha.

- Me desculpe por tudo Bonequinha - falo, ela assentem e sobe para meu colo me abraçando e deixando a cabeça em meu ombro - Eu não sei o que aconteceu com minha mãe, ela nunca agiu assim, ouvir tudo aquilo é quase irreal.

- Por que ela não gosta de mim? - pergunta.

- Eu não sei, não sei - respondo apertando ela.

Ficamos em silêncio e tento absorver tudo que ouvi, saber que a mulher que me criou é alguém diferente daquilo que me mostrou durante toda a vida é difícil de acreditar, mas eu ouvi da boca dela tudo e agora me pergunto muitas coisas sobre o que ela me disse durante esses anos.

- Estou com fome - Giulia fala baixinho.

- Acho que tem leite e cereal no armário, eu não costumo comer em casa - falo ficando de pé.

- Me leva no colo? - pede e suspiro ajeitando ela.

Caminho até a cozinha e a deixo sentada na bancada, abro a geladeira e vejo se o leite está bom, depois pego uma vasilha e coloco cereal dentro, entrego o prato a ela que começa a comer.

- Acho que preciso ir ao mercado fazer umas compras - falo - Como não tenho muito tempo costumo comer comida pronta ou ia comer na minha mãe, mas isso está fora de cogitação.

Ela continua a comer e fico a observando, toco seu rosto no local onde ficou marcado e suspiro, tento esquecer o que ouvi e resolver tudo depois, tenho tanto para analisar ainda.

- Acabei, tem docinhos? - pergunta sorrindo.

- Não tem docinhos nessa casa - ela faz um biquinho e reviro os olhos comigo mesmo - Mas podemos comprar depois.

Doce amorOnde histórias criam vida. Descubra agora