Onze

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Tempos depois...

- Aqui garoto, um pirulito para adoçar - entrego na mão do garotinho que sorri - Não pode comer muitos doces, mas uma vez ou outra é bom

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- Aqui garoto, um pirulito para adoçar - entrego na mão do garotinho que sorri - Não pode comer muitos doces, mas uma vez ou outra é bom.

- Obrigado - diz e sorrio bagunçando os cabelinhos dele.

- Agora só cuidar e fazer um curativo no machucado todos os dias após o banho ok? - alerto e ele assente - Com licença.

Saio da sala de atendimento e deixo a mãe dele o ajudando, olho no relógio e vejo que meu horário de descanso chegou, caminho até a área de descanso e tiro o jaleco deixando no porta casacos, tiro os sapatos e me deito na cama.

- Noah - ouço a voz do clínico geral e diretor do hospital - O que está fazendo aqui?

- Descansando - falo.

- Por que não está descansando em casa? É sua folga? - pergunta - Faz dias que trabalha direto sem folga, eu preciso de médicos saudáveis e não doentes para cuidarem dos meus pacientes.

- Estou bem - falo.

Sei que trabalhar demais não é bom, já vi muitos casos de pessoas que ficaram sobrecarregadas por trabalharem e quando o corpo cansou quase não volta.

Mas eu estou bem, até agora, é só quase um mês trabalhando sem folga.

- Não está, percebo que está cansado - diz - Você não vai trabalhar por uma semana Griffin, quero que se recupere e volte a trabalhar normalmente.

- Senhor - ele me olha balançando a cabeça e suspiro sabendo que não há conversa.

- Seja qual for o motivo que o fez trabalhar sem parar é melhor resolver - diz e sai da área de descanso.

O motivo tem nome, sobrenome e endereço, mora com nossa mãe e é minha irmã.

Quase um mês atrás eu tive um acesso de loucura e fiz algo impensado.

Beijar ela foi como flutuar, seus lábios nos meus, minhas mãos em seu corpo.

Mas foi algo totalmente louco e prematuro da minha parte, puta merda foi totalmente maluco.

Giulia é minha irmã apesar de não termos sido criados juntos, acho que esse fator me fez confundir as coisas e acabar tendo feito aquilo.

Desde então eu tenho trabalhado todos os dias sem descanso, minha mãe me ligou me chamando para comer lá outro dia e pedi desculpas dizendo estar ocupado, Giulia me ligou e eu não atendi, só mandei mensagem dizendo estar ocupado.

Nossa mãe disse que ela está se adaptando bem a nova casa, aos poucos tudo vai ficando bem.

Ao menos em partes, pois para mim não está nada bem, cada vez que fecho os olhos sinto a maciez de seus lábios nos meus.

Saber que fui o primeiro a beija-la me deixa maluco, somente eu tive prazer de provar dos seus doces lábios.

Mas é totalmente insano pois sou seu irmão, acho que tudo que preciso é sair com alguém, por isso vou aproveitar essa semana sem trabalhar e procurar alguém.

∆∆∆∆∆∆

- Alô? - atendo o telefone.

- Oi filho, a mamãe está sabendo que você está de folga, vem aqui para casa, estou com saudades - diz e suspiro.

- Ok, vou aparecer aí mais tarde - falo.

- Vou fazer sua sobremesa preferida querido - diz - Tchau.

- Tchau mãe - ela desliga e suspiro sabendo que preciso ir até ela.

Por sermos só nós dois por tanto tempo eu sempre fui apegado a ela assim como ela comigo, tento o possível para não deixar ela sozinha por muito tempo.

Esses dias como a Giulia está com ela eu preferi me manter afastado, talvez assim elas tenham até adquirido uma amizade.

Levanto do sofá e pego a chave e carteira, saio de casa fechando a porta e entro dentro do carro, começo a dirigir em direção a casa dela.

Não é longe, então logo para na frente de sua casa, estaciono e travo o carro e caminho até a porta da frente.

Toco a campainha e logo a porta é aberta pela minha mãe.

- Finalmente estou vendo você filho, trabalhou demais esse mês - diz e me abraça.

- Tenho alguns dias de folga agora - falo entrando dentro da sua casa, olho ao redor e vejo tudo quieto - Onde está Giulia?

- Ela está no quarto - diz suspirando - Eu não quis te contar, mas os últimos dias ela tem ficado mais no quarto e sem querer sair, eu não sei o que aconteceu, ela nem mesmo fala comigo.

- Você não tocou no nome do pai dela né? Já expliquei que é sensível para ela mãe - falo.

- Não toquei eu juro querido, ela estava bem e então se afastou me deixando sem explicação, eu juro que não fiz nada - diz com o semblante triste - Talvez ela queira falar com você.

- Vou ver - falo suspirando - Volto já.

- Vou arrumar algumas coisas - diz.

Saio em direção ao quarto onde Giulia está dormindo, bato na porta e abro devagar, vejo ela assistindo TV, ela olha para mim e então desvia o olhar para o desenho novamente.

- Oi - falo chegando perto dela.

- Oi - responde mas não me olha, olho para ela e engulo em seco sem saber como agir.

- Nossa mãe disse que você está distante dela, o que aconteceu? - questiono.

- Nada - murmura baixinho e se encolhe na cama apertando o lençol contra o corpo - Estou assistindo, pode sair?

- Giulia foi por conta daquele dia? - questiono e ela levanta o olhar negando - Você se afastou dela por conta disso?

- Não, eu só quero ficar sozinha - diz, talvez ela esteja em um estágio de isolamento do luto.

Há pessoas que ficam anos de luto por alguém, há outros que passam logo, acredito que para Giulia seja mais difícil ainda por ter sido ela a achar o pai.

- Eu sou seu irmão, pode falar o que quiser para mim bonequinha - falo para ela - Não quero que aquilo que aconteceu interfira na nossa amizade, só precisamos deixar para lá.

- Eu só quero assistir e ficar sozinha - diz outra vez e assinto.

- Estou aqui caso precise - falo e ela não fiz nada.

Suspiro e saio do quarto, é só esquecer e tudo ficará bem.

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Doce amorOnde histórias criam vida. Descubra agora