Capítulo 4

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Berlim, 1938

A vida se tornava cada dia mais insegura, as perseguições a judeus aumentou exponencialmente, não havia mais segurança para nenhum deles, às mulheres ficavam somente em casa, os suprimentos, já mínimos e escassos eram conseguidos por Sora, na verdade Deidara sempre dava uma jeito de arrumar alguma coisa para eles porém escondido ou por mensageiros, normalmente crianças que faziam essas entregas, porém os remédios da avó eram praticamente impossíveis de se conseguir, por isso a doença avançava de forma assustadora, Tsunade passava mais tempo na cama do que em pé, pois já não se aguentava mais, sem contar as tentativas de fuga e as vezes em que Sakura teve que correr atrás delas.

Kizashi tentava de toda forma arrumar um visto para mãe, queria tirá-la da Alemanha de qualquer jeito, mas a tarefa estava cada dia mais difícil, nenhuma embaixada aceitava o visto de judeus ainda mais de uma idosa inválida. Suas esperanças estavam cada dia mais escassas, só tentava não deixar transparecer para não desesperar o resto da família.

Sora, por outro lado mantinha contato direto com a Akatsuki, que ia conseguindo tirar judeus da Alemanha e mandá-los para nações em que o antissemitismo era menor ou quase inexistente, mas até mesmo para eles estava difícil, as tropas alemãs estavam fechando o cerco em pessoas que ajudavam judeus e a população que era favorável ao governo fazia as vezes de dedo-duro, quase foram pegos algumas vezes e o medo de Yahiko era que as pessoas próximas a ele fosse pegas.

Na calada da noite Sora saiu escondido de casa, se tudo desse certo em dois ou três dias eles conseguiriam tirar pelo menos a avó da capital, mas para isso precisava planejar o máximo com seus amigos para que tudo desse certo, pois se uma agulha saísse fora do lugar todos seriam mortos, como já vinha acontecendo no interior da Alemanha.

- Temos um trem que sairá daqui três dias. Duas vagas, traga o menos possível de bagagem, e se forem pegos você já sabe, certo? - o homem ruivo conhecido como Yahiko falava na penumbra do beco em que se escondiam.

- Certo. - Sora apenas assentiu, apreensivo, uma pessoa de sua família teria que acompanhar a avó, e isso significava começar a separar a família sempre tão unida. A decisão doía em seu peito, sem contar que teria que contar para os pais que ele estava envolvido com rebeldes, aos quais ambos recriminavam, achavam um absurdo a forma truculenta ao qual eles agiam.

Rumou escondido para casa, deixaria para contar a possibilidade na manhã seguinte, quando todos estivessem acordados e atentos às suas palavras, para que não houvesse dúvidas e a decisão fosse tomada com sabedoria, pois a pessoa que iria com sua avó seria responsável por ela também.

Ia subir em uma árvore para entrar por sua janela quando percebeu luzes acesas na casa, sentiu um frio na barriga, o coração acelerou, sensação de que o orgão iria sair pela boca, correu até a porta de entrada, mas claro a mesma estava trancada, bater com força, e logo uma Sakura pálida, chorosa e de camisola abriu a porta.

- ONDE VOCÊ ESTAVA ?! - Falou irritada, queria gritar mas sabia que não podia, chamaria muita atenção.

- O que aconteceu, Sakura?! pelo amor de Deus

- Vovó está passando mal, começou a convulsionar, eu chamei o papai que mandou te chamar, mas você não estava lá - começou a chorar em desespero. Ambos subiram e encontraram a mulher já contida, havia parado a convulsão, mas a mesma queimava de febre, Sakura vestiu um roupão que havia numa poltrona próxima.

- É a febre Kizashi, ela precisa de um médico para passar os remédios para a pneumonia. - Shizune dizia, na verdade ela já tinha ideia do que a mãe tinha, afinal a idosa passa mais tempo na cama do que em pé, isso fazia formar água no pulmão, a famigerada pneumonia.

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