Capitulo 7

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Berlim, 10 novembro de 1938 
 
 
Com a Noite dos Cristais todos os alemães souberam que estava declarada guerra contra os judeus. Qualquer um que fosse reconhecido como judeu era mandado para um campo de trabalhos forçados, ou era isso que era divulgado pelos órgãos do Reich, e qualquer alemão que ajudasse ou os escondessem seriam presos e mandados para o campo junto com os judeus, e não se esqueça dos ciganos, negros, testemunhas de jeova. Os judeus de origem polonesa, que eram maioria na Alemanha em 1938, foram deportados para os guetos da Polônia.
Chyo se sentia mal pelo que havia acontecido a Kizashi e a família, chegava a lhe doer o coração, mas não havia nada que ela pudesse fazer, além de rezar por ele e a família. Sasori se sentia tão mal quanto ela, tentou ajudar Sora a sair de Berlim mas não conseguiu e deu muita sorte de não ter sido pego. A última leva que Yahiko e Nagato tentaram tirar da Alemanha foi entregue por um traidor, os colegas de organização foram mortos. Konan enviada para Dachau como rebelde.
O neto não tinha tido coragem de contar à avó que Tsunade e Shizune haviam sido mortas e tudo isso pesava em seus ombros, como se fosse um fardo, sentia que iria enlouquecer a qualquer momento.
Batidas foram ouvidas na porta da cozinha da avó que tinha saído para servir o almoço da família Uchiha.
- Entre – falou e o rosto lívido de Deidara apareceu. -  O que você faz aqui ? – perguntou quase sorrindo, ver que o amigo ainda estava vivo lhe dava alívio depois de tanta merda.
- Oi para você também. – tentou esconder o nervosismo.
- O que te traz aqui ? – apesar de estar feliz em revê-lo sabia que havia algo mais.
- Sora – sussurrou, sabia que aquele era um nome proibido na casa em que estavam.- eu sei para onde ele e a Sakura foram. – o ruivo ficou atônito com a informação – eles estão em Dachau e os  pais ... – negou com a cabeça e Sasori se entristeceu ainda mais, teria que informar mais essa tragédia para a avó.
- Como você tem certeza? – só para desencargo ele perguntou mas já tendo certeza de que se arrependeria da resposta.
- eles tinham mais de 60 anos, você sabe o que acontece. – não havia o que contestar. Eles estavam mortos. Os idosos eram postos em caminhões que andavam por horas a fio, e toda a fumaça de gás carbônico do veículo não era lançado no ar, mas sim dentro do baú onde os prisioneiros entravam sem saber de seu destino.
- E o que você vai fazer?
- Vou para Dachau, mas preciso de um lugar para esconder os dois.
- Tá brincando comigo, né? – ele não teria onde esconder, vivia num apartamento mínimo no centro da cidade, e a avó morava na casa dos Uchihas, sem a menor chance de esconder dois judeus ali.
- Não, eu to falando sério e vou tentar ajudar a Konan também. Mas preciso de um lugar.
- Tenta levar os dois para fora do país. Se eles chegarem na França pelo menos já estarão longe das leis daqui.
- Você não tem noção do que está acontecendo na fronteira, não é ? – perguntou e Sasori negou com a cabeça, por enquanto ele fazia patrulhas no centro de Berlim e volta e meia ia para Frankfurt – não tem como sair do país com judeus, ainda mais que não tem como disfarçar que eles não são judeus, pelo que ouvi falar eles estão fracos e sem comer, fica evidente que eles são judeus...
- Tem um lugar -  Sasori disse de supetão – mas é muito afastado, uma casinha que a vovó Chyo ganhou dos Uchihas em Bamberg, ela ta abandonada mas para quem não tem pra onde ir acho que é suficiente. – o rosto de Deidara se iluminou com a possibilidade, mas antes que ele dissesse qualquer coisa Itachi entrou na cozinha, deixando os dois mudos, com medo de que ele tivesse ouvido a conversa deles.
- Boa tarde, senhores. – Ambos já tinham se levantado para prestar a devida continência a um Sargento. – descansar. – pegou um copo e saiu da cozinha deixando os dois apavorados, pois não tinha porquê ele ter entrado na cozinha para pegar apenas um copo, sendo que tinha Chyo e Mei para fazerem isso por ele.
Tiveram ciência de que deveriam ser mais discretos, em silêncio Sasori correu até o quarto de sua avó e pegou a chave da casinha e entregou em silêncio ao loiro que entendeu que já era hora de agir, arrumaria uma desculpa para ir até Dachau. Daria um jeito de tirar o amigo de lá.
 
 
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Paris, Novembro de 1938
 
Obito vivia como um boêmio, fato que dava desgosto a toda a família Uchiha, ou melhor a todos os velhos da família, pois para Sasuke era a vida que pediu a deus, não dava satisfação para ninguém, fugiu da guerra com uma desculpa ridícula de que iria ser um diplomata fora do país e passava mais tempo em festas de madrugada do que acordado de dia, porém na busca por ajuda a pessoas atingidas pelas perseguições ele era ideal, era do tipo que falava com qualquer um, era poliglota e conhecia todo tipo de gente, do mais rico até mesmo os muleques ladrõezinhos de feira,o que facilitava a achar um partisan escondido em paris.
Recebeu a carta de Sasuke, querendo saber como ele estava, e se poderia enviar uma encomenda de um doce de Paris para Berlim.
- Ah Sasuke você só pode estar brincando…
 
Querido  primo
 
Espero que esteja bem, lhe envio essa carta pois mamãe quer um doce, na verdade é um doce italiano que é possível encontrar na França, mas não sei onde você conseguirá encontrá-lo, são fios de ovos, me lembro que a embalagem era toda colorida e alegre. Quero que esteja bem forte, e que venha de trem numa embalagem alemã claro.
Aguardo seu envio.
 
Até logo
De seu primo Sasuke Uchiha.
P.S.: segue o dinheiro para comprar o doce.”
 
- Ah que maravilha vou ter que achar um cigano italiano de cabelo loiro em paris, ele só pode estar querendo gozar com a minha cara, e ainda vou ter que alimentar e vesti-lo como um alemão, arrumar documentos para por ele num trem. – reclamou sozinho em seu apartamento de frente para a Torre Eiffel – Que porcaria ..– Se vestiu, afinal teria trabalho a fazer, até o dinheiro para compensá-lo o bastardo mandou. Quando encontrasse Sasuke faria questão de esfregar a cara dele.
Foi para a rua, e entrou no primeiro bar, o dia precisava começar com pelo menos um gole de whisky, encontrou alguns amigos boêmios que até estranharam vê-lo tão cedo na rua, sondou os últimos acontecimentos e os medos que eles sentiam de uma invasão alemã, fato que o alarmou para que quem breve arrumasse um jeito de se mudar dali, Itália talvez ou a Inglaterra, contanto que ele não falasse nada em alemão, tudo ficaria bem.
Caminhou despretencioso ate um restaurante no final da rua onde faria um  desjejum e ouviu apenas o mesmo que ouviu no bar, teria que ir mais fundo para saber o que se passa nos submundos, olhou no relógio e descobriu que era cedo para ir ao bordel de Anko sondar se algum italiano idiota chegou por lá contando vantagem de alguma coisa.  Suspirou em desagrado, seu trabalho seria mais difícil do que imaginava. Seu primo teria que lhe mandar mais dinheiro, afinal isso não ia ser nada fácil.
 
 
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 Dachau, 16 de novembro de 1938
 
Na chegada ao campo Sakura começou a se encolher pois os homens do exército a olhavam de forma assustadora, isso sem contar os cães e os rifles apontados para si, os gritos vindos de longe e pessoas magras e abatidas observando a chegada dos novatos, se estava com medo antes agora começava  a bater o desespero, Sora se colocou à frente dela, na tentativa inútil de escondê-la. Desde que ouvira falar algo de seu cabelo rosa e de um tal Dr. Orochimaru não conseguiu tirar os olhos dela nem mesmo um minuto. E ela agarrou a camisa dele como se fosse sua pedra de salvação.
- Sakura tenta manter a calma, você tá chamando mais atenção quando me puxa desse jeito – a voz fraca tentava de alguma forma trazer um pouco de paz para ela.
Nesse momento a fila que chegava começou a ser separada, mulheres para um lado, homens para o outro, pessoas muito fracas iriam para uma enfermaria e as aptas a trabalhar seguiram para os campos.
- Sora o que a gente fez ? – ela perguntou assustada, os olhos cheios de lágrimas.
- Me pergunto a mesma coisa todos os dias.
Conforme a fila diminuía mais eles se aproximavam, como se isso fosse os salvar do que quer que fosse, mas não iria, a força, ela foi separada de Sora e começou a berrar em desespero.
- SORA! – chorava e esticava as mãos tentando voltar para o irmão -  SORA NÃO ! ME DEIXEM -  Se debatia tentando fugir, até que um soldado acertou seu estômago com força e ela cuspiu sangue, o que foi estopim para que Sora se enfureceu. Com uma força monstruosa ele empurrou os dois homens que o seguraram e empurrou o soldado que acertou sakura o jogando no chão, seguiu para o segundo que ainda a segurava, mas antes que ele se aproximasse da irmã ele foi atingido por um tiro na perna que o fez gemer alto, e ela chorar mais ainda, colocando as mãos na boca tentando abafar seus gritos.
-Sora ! não – chorava muito, enquanto os soldados acertados por ele se levantavam e começavam a lhe desferir chutes e ele sangrava, pela boca e pelo tiro que havia levado na perna.
- Levanta agora valentão. Quero ver você defender sua irmãzinha. – um deles o provocava, com a boca ensangüentada, se levantou com dificuldade e olhou para Sakura, sem esperanças de um futuro melhor, sua família havia acabado e ele pela primeira vez chorou, na verdade deixou lágrimas escorrerem de seus olhos, pois sabia que nem ele nem ela sobreviveriam e não queria nem pensar no que poderiam fazer com ela. Se arrependeu de sua reação, talvez se ficassem quietos e seguissem para as filas não passassem por isso. A única coisa que lhe dava algum conforto era saber que a avó e a tia estavam longe de toda essa merda, que deveriam estar na França já. Mais um soco no estômago o fez se curvar, e olhar os soldados forçando Sakura a ficar de joelhos, no fim seria uma morte rápida, assim ele esperava. Imaginava se havia algum deus vendo isso, pedia a ele que poupassem Sakura do pior, preferia vê-la morta, do que violentada. Armas apontadas para a cabeça dos dois indicavam que eles iriam morrer em breve.
-Tá tudo bem – ele sussurrou para a irmã, não queria que ela morresse aterrorizada, o que era bem difícil com rifles apontados para a cabeça deles. Tentou acalmá-la – eu amo você e tudo isso vai acabar, todo o sofrimento, estaremos em paz em breve... – ela tremia e chorava, os cabelos rosados bagunçados e um filete de sangue na boca. Afirmava com a cabeça, concordando com o irmão e tentando não se desesperar. Os soldados engatilharam as armas quase ao mesmo tempo, uma platéia assistia o que ocorria, soldados riam e gritavam palavras de escárnio e ofensas, mas para os dois nesse momentos só existiam eles, e o cano das armas prontos para atirar, quando uma voz baixa e que lembrava um silvo chamou a atenção dos soldados que olharam para a direita e mudaram as posturas.
- O que vocês estão fazendo? Bando de incompetentes. -  ele ralhou com os soldados, Sakura e Sora não tiveram coragem de olhar para o lado e Sora teve quase certeza de que aquele era o tal dr Orochimaru e seu corpo estremeceu, tinha esperança de serem mortos antes dele aparecer. Havia um boato de que nos campos de trabalho também haviam experimentos com pessoas com alguma anomalia, ou diferença genética, assim como gêmeos também eram usados em experimentos, e seu medo nesse momento era que usassem Sakura como cobaia.
- Eles nos atacaram, senhor -  um dos soldados respondeu.
- Tragam ela – ele respondeu sem se importar com os motivos dos soldados ou de qualquer um. Num último ato impulsivo e de raiva, Sora se levantou para tentar proteger a irmã mas um tiro na cabeça tirou sua vida num piscar de olhos.
- SORA! – Sakura começou a espernear e a chorar, gritando pelo irmão e sendo arrastada pelos homens da SS para dentro de um pavilhão logo no começo do campo. Se debatia muito e um dos soldados acertou sua nuca fazendo com que ela desmaiasse. Os homens a jogaram numa cela vazia enquanto o doutor não a examinava.
 
A uma distância razoável, Deidara assistiu a seu amigo ser morto. Segurou o choro, mas a dor estava lá, no peito ardendo como fogo, a raiva fazia a bile subir e lhe dar vontade de vomitar, mas tinha que se controlar, afinal pelo jeito Sakura ainda estava viva e pela memória do amigo a salvaria, tinha que tirar pelo menos uma pessoa dali, visto que Sora estava morto e Konan não estava em nenhum pavilhão que ele procurou.
 
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A noite Sakura acordou com a cabeça doendo muito, seus olhos ardiam e se lembrava que mais cedo doía tudo, seu coração, sua cabeça e sua alma. Começou a pensar em meios de tirar a própria vida até que um homem pálido e de cabelos compridos e jaleco impecavelmente branco ficou de frente com ela na cela pequena e fria, ela se afastou da grade, sentando no canto mais afastado, olhando para ele com raiva.
- Belos olhos você tem, mesmo que eles expressem somente ódio. – o médico de mais cedo olhava para ela. – mas sabe o que eu tenho certeza de que as mulheres alemãs ficariam com inveja ? desse seu cabelo cor de rosa. -  Ela se encolheu sentindo um frio na espinha. -  Tenho certeza de que eu consigo descobrir de onde ele vem. E quando eu descobrir eu deixo você se juntar ao seu irmão. – o tom sem emoção fazia sakura sentir mais raiva do homem.
Ela se manteve em silêncio enquanto ele a observava. Não havia o que dizer a ele, mesmo porque ela não queria dizer, ela queria agir, se não estivesse presa avançaria sobre o pescoço dele e faria ele morrer sem ar agonizando sob seu aperto. Por causa dele o irmão estava morto e ela não. Por causa dele ela ainda iria sofrer mais, ela não poderia ver os pais ou a avó, e isso dava a ela mais raiva do médico, do partido, do Reich, da Alemanha e de todos. Só queria morrer em paz.
- Tenha uma boa noite, amanhã nos veremos bem cedo depois da sua esterilização.  – ele saiu e alguns minutos depois ela começou a chorar, desesperada. Queria sair dali mas não tinha como, claro que não, estava presa numa cela, tinha guardas nas entradas e depois por todo o campo, haviam cães e armas. Não tinha jeito, estava fadada a morrer como um rato. Mas passos puderam ser ouvidos e ela se alarmou, imaginou que era o doutor de novo e não permitiria a ele vê-la chorar. Ergueu a cabeça e secou as lágrimas, já pensando numa resposta malcriada para dar a ele.
- Vamos sair daqui – um soldados da SS abria a cela com uma chave olhando nervoso para todos os lados. -  vem menina, quer morrer aqui? – ele disse nervoso, mas para ela era difícil confiar em alguém com aquela farda. – Eu sou amigo do seu irmão. Quer dizer eu era... – disse com pesar, se lembrando de mais cedo.- E eu prometi pela alma dele que salvaria você. – ela continuou desconfiada,  não se lembrava desse amigo de Sora. Mas estava escuro e realmente ela não conseguia ver o rosto dele. – Sakura sou eu Deidara, você não se lembra de mim? – ela negou com a cabeça, ainda encolhida. Ele se aproximou mais e lhe estendeu a mão -  Eu não vou te fazer mal. Vou tirar você daqui, mas eu preciso que você coopere comigo. – Ela afirmou com a cabeça e se levantou. -  Use isso -  estendeu um lenço para ela.
Ele a guiou para fora do galpão que era usado pelo médico, logo a esquerda fez ela se abaixar e se esconder dentro de uma lixeira enorme que era usada para roupas que seriam queimadas e que Sakura preferia não pensar de quem eram. Ouviu a voz de Deidara conversar com outros soldados, rir de piadas sujas e ele se despedir a deixando com medo de ter sido abandonada por ele ali.
Uma hora se passou, duas, três e quando ouviu o som de algo que parecia uma sirene a tampa da enorme lixeira se abriu revelando o rosto de Deidara, um tanto assustada e nervosa.
- Vamos rápido! – ela pulou para fora da lixeira e ele lhe apontou um buraco na cerca, luzes vasculhavam o campo vazio a essa hora. – se esconde nessa mata eu já te encontro, caminhe até a beira da estrada mas fique escondida, vou te achar antes que dêem falta de você.
E assim ela fez, passou abaixada pelo buraco que era pequeno mas ela estava tão magra que agachada parecia uma criança,  correu entre as árvores e ele seguiu para fora do campo, pelo portão principal, como se não tivesse a ajudado, como se não soubesse da existência dela, na verdade ele agia como todos os outros soldados, como se os judeus fossem lixo. Subiu no caminhão que veio, porém sozinho, ele havia vindo a Dachau como motorista de um tenente de Berlim, o tenente iria ficar de vez e ele iria embora sozinho.  Após dirigir por uma distância segura ele parou e de longe viu um ponto ambulante no meio das árvores, e rezou para que só ele tivesse reparado. Fez sinal e ela correu até a porta do veiculo.
- Entra atrás, se abaixa e não faz barulho.
Dirigiu duas horas até Bamberg, verificando o tempo todos espelhos e olhando para trás, não podia ser seguido, e ninguém podia desconfiar dele, afinal ainda voltaria para Dachau com certeza, agora que havia inventado de que era o motorista oficial para o lugar. E além de tudo verificava o tempo todo se a garota ainda estava viva, pois a mesma seguiu à risca a ordem de ficar em silêncio e parecia franzina de mais, pois estava sem comer direito havia seis dias.
A casa de Chyo era uma daquelas tradicionais moradias do interior, uma casa geminada com outras, branca e com madeiras cruzadas, que davam sustentação a ela e ficavam  aparente, não podia negar que era aconchegante. Estacionou na frente, a rua estava silenciosa pois ainda era madrugada, mas os primeiros raios de sol começavam a aparecer no horizonte, ele precisava fazer com que ela entrasse antes que alguém a visse e denunciasse ele e Chyo. Chamou por sakura que se levantou rapidamente.
Abriu a porta da casa e fez sinal com a mão para que ela entrasse rápido enquanto ele verificava se ninguém os via.
Dentro da casa, por mais estranha que fosse para ela, algo dizia que ela estava mais segura do que na casa dos pais, que a essa hora nem devia mais existir, e com certeza muito melhor que o campo.
- Escute, os vizinhos não podem saber que você está aqui. Faça silêncio venho trazer comida para você sempre que puder e se ouvir qualquer barulho estranho entre no porão que tem na cozinha. Você entendeu ?
- Sim -  ela falou pela primeira vez desde que viu o irmão morrer, a voz saiu falhada e até mesmo embargada.
 - Mas não durma lá embaixo, ou fique lá direto. Faz muito frio, não quero que fique doente, não tem nenhum médico que possa vir ver você, e também não acenda a lareira, tem cobertores no quarto use quantos quiser, mas não acenda lareira, nem luz, vão saber que tem alguém aqui, e todos sabem que a dona daqui não vem aqui a anos.
- Tá bem. – mais uma afirmação triste e monossilábica.
- Eu ...- não sabia como falar aquilo, mas tinha que falar. – eu sinto muito pelo Sora. -  ela afirmou com a cabeça - ele era um bom amigo. – Viu os olhos dela se encherem de lágrimas, e ela olhar para baixo. -  mas eu tenho certeza de que ele iria querer que você vivesse uma vida boa e feliz e é isso que eu e meu amigo que arrumou essa casa queremos, que você esteja a salvo.
- Obrigada. – ela disse chorando baixinho
- Preciso ir, tem comida na cozinha e eu tento voltar logo, mas a comida que tem aqui deve durar pelo menos duas semanas. -  ela agradeceu mais uma vez e ele saiu pela porta da frente deixando ela sozinha com seus próprios pensamentos e lágrimas. 
 

NOTAS FINAIS

Oii

Vou tentar atualizar toda segunda ok ?

Dachau se lê "Darral"
era um campo de concentração na Alemanha, o mais famoso do país, a maioria dos outros tipo Auschwitz ficavam na Polônia, que havia sido ocupada, e para lá iam os judeus deportados, os que não eram alemães. Pelo menos no começo, antes de 1941( se não me engano).
Noite dos Cristais eu expliquei no ultimo mas vai a definição de novo para quem não viu( porque eu coloquei depois )
Foi uma retaliação dos alemães aos judeus por uma suposta morte de um embaixador. Na verdade, não passou de um motivo para que começassem os ataques violentos a judeus na Alemanha e em seus países ocupados.

Vidas no porão Onde histórias criam vida. Descubra agora