Berlim, Outubro de 1940
- SORA ! - Ela acordou com falta de ar e suando, provavelmente teve outra febre noturna que cedeu durante a madrugada, quem cuidava dela nesse momento era Naruto que também acordou assustado com o chamado dela.
- Tá tudo bem, tá tudo bem ! - disse mais a si mesmo do que para ela. Os olhos azuis arregalados o traziam de volta do cochilo. - tá tudo bem, Sakura ? - ele agora perguntou a ela, que confirmou com cabeça tímida e um pouco amedrontada ainda, qualquer barulho a mais a deixava em pânico fazendo ela se lembrar do terror que havia passado. Logo a porta se abriu abruptamente e uma senhora atarracada entrou.
- Será que você consegue acordar a rua toda Naruto? - a irritação tomando conta de sua voz.
- Desculpa vovó Chiyo. - ele disse triste.
- Como você está, menina ? - perguntou se aproximando dela, que ia se encolhendo a cada passo próximo, colocou a mão em sua testa. - Não está mais com febre. Bom sinal. Hinata deve aparecer pela manhã e…
- Ela vem de manhã? - Naruto parecia muito animado, mas logo foi repelido por um tapa da senhora Chiyo.
- Não vem com gracejos, o irmão dela vem também e se descobrir que nós escondemos vocês dois por sua causa eu te dou os tapas que sua mãe devia ter te dado quando criança.
- Não pode fazer nada, nem ver a namorada nessa casa. - Sakura sorriu tímida para a briga deles, Naruto andava de um lado para outro, a camisa verde com detalhes em roxo por baixo do casaco preto que ele costumava usar durante as noites em que ficava de vigia, denunciavam que ele era um cigano orgulhoso de seu povo e de seus costumes.
- Fala baixo seu escandaloso. - ralhava com ele Chiyo. - quer alguma coisa Sakura? - A garota negou com a cabeça. - então trate de tomar bastante água e descanse, o dia já vai raiar.
A idosa saiu e Naruto se encolheu, cruzando os braços reclamando do frio que fazia a noite. Sakura se sentia culpada deles terem que se revezar para vigia-lá, queria dizer que não precisava mais disso, mas a febre constante não ajudava. Pediria a Hinata que pedisse a eles para que a deixassem ficar no porão com Naruto, ela sabia o que significava ser encontrada, e além do incômodo de ser estorvo havia o medo de alguém entrar naquele quarto e encontrá-la, levando-a de volta para Dachau.
E além de tudo havia Sasuke, que ela não via a dias, a senhora Chiyo quem cobria a vez dele de cuidar dela. Ela queria ter a oportunidade de agradecer, tanto em tê-la acolhido quanto ter a acalmado na noite em que acordou, naquele dia ela não conseguia pensar em mais nada a não ser que seria morta, ainda mais porque ele estava com o maldito uniforme. O mesmo do homem que tomou o colar que poderia ter ajudado a salvar sua avó, o mesmo dos homens que levaram seus pais. Mas havia algo de diferente em Sasuke, mesmo sendo carrancudo e falando muito menos que Naruto, ele tinha um olhar acolhedor, algo que a faziam se sentir segura. Aos poucos ela sentia o sono voltando, os olhos iam pesando e aos poucos a imagem de Naruto sentado na cadeira ia sumindo.🌸
Auschwitz, Janeiro de 1941.
Fazia exatamente três meses que Itachi havia sido designado para a Polônia e um mês que havia sido mandado para Auschwitz, lugar do qual os nazistas chamavam de "Solução Final''.
Ele não sabia quanto tempo aguentaria, tudo ali só fazia com que ele se sentisse cada vez pior, seu pai havia lhe prometido tentar mandá-lo de volta para Berlim, mas até agora nada havia sido feito. E a cada dia que passava, Itachi se sentia pior. Não conseguia mais dormir e comia muito pouco, a única coisa que lhe acalmava eram os cigarros, fumava um atrás do outro, como se esperasse algum consolo.
O cheiro, o ambiente, o frio, os gritos só fazia piorar a sensação desesperadora daquele lugar, e para piorar sua moradia era próxima demais, não conseguindo nem mesmo fugir em seus dias de folga.
- Alguns judeus vão até a sua residência, fazer seus " serviços doméstico " - zombou Kakuzu, um dos generais que Itachi mais sentia nojo. respirou fundo pensando na situação em que essas pessoas iriam até a sua casa, ele poderia ajudá-las mas nao tirá-las dali, chamaria muita atenção.
Conforme ele havia dito, no dia seguinte pela manhã haviam três pessoas em sua cozinha, pelo que havia sido dito eles apenas fariam o serviço de limpeza e não tocariam na comida do sargento, para que ele não comesse comida suja com as mãos dos judeus e que eles não comessem de sua comida. Ele olhou para os dois homem e a mulher à sua frente, todos assustados e de cabeça baixa, aquilo o incomodava de uma forma incomensurável. não gostava do fato de pessoas terem medo dele, principalmente por motivos que ele achava nojentos. Não conseguia tratar aquelas pessoas mal, não haviam feito nada.
- Bom dia, senhores - ele disse, e sua voz ecoou pela cozinha ampla e vazia, ele ainda não podia confiar nos três. E se dissessem a alguém que foram bem tratados? Ou então se pedisse para ir para a casa dele novamente? todos saberiam. - Os trabalhos são simples, meu quarto precisa ser arrumado pela manhã, e eu … - o estômago da garota roncou alto e ele sorriu, apesar da situação ser deprimente ele sorriu e olhou para os três que ficaram tensos. - Ah não digam que nao acharam graça? - ele disse sorrindo ainda, fazia um bom tempo que nao ria de nada. - Façamos o seguinte, se alimente e depois eu passo tudo que vocês devem fazer - os três sorriram com a perspectiva de comer alguma coisa que não fossem nabos mofados e pedaços míseros de pão.
Itachi se dirigiu a dispensa e pegou pães, geleia, ovos, queijo, leite e ofereceu aos três que comeram com certo desespero, os três abaixavam as cabeças e agradeciam, mesmo com medo dele tentar qualquer coisa com eles. Mas Itachi apenas sorria para eles, contemplando algo que achava incrível que seus pais faziam.
- Agora escutem, vocês serão meus serviçais aqui, mas ninguém pode saber que vocês se alimentam aqui, se não vocês três não virão mais e eu serei morto. - os três afirmaram com a cabeça. - não sou bagunceiro como podem ver, só não sei cozinhar direito…
- Eu era cozinheira, eu posso fazer a sua comida. - a moça se adiantou um tanto tímida e nervosa.
- Ótimo, então você será nossa cozinheira, pode sempre fazer porções para nós quatro, sim? - ela afirmou. - meu jardim também tem que estar sempre impecável e minhas botas lustrosas.
- Nós daremos um jeito. - um dos homens disse animado. percebendo ali uma chance de sobreviver ou pelo menos não morrer de fome durante o dia.
- Obrigado. - ele se levantou - Apenas lembre que ninguém pode ver vocês assim. Quais os nomes de vocês ? - perguntou curioso.
- Sou Shikamaru - os três não tinham cabelos, ele era o mais alto e parecia ser o que mais havia estudado, não era muito mais velho do que Itachi.
- Eu sou Shino - o outro parecia solicito, pelo menos foi ele quem disse que daria um jeito em seu jardim e suas botas.
- E eu sou Izumi. - disse a moça de traços finos e um olhar triste e distante.
- Bom nos conhecemos e essa é a minha deixa para partir. Até mais tarde - Ele saiu e antes que chegasse a porta uma voz pode ser ouvida. Era Izumi.
- Obrigada - ela disse tímida, olhando para os pés. Ele se aproximou, tocou o queixo dela e ergueu sua cabeça, ela não era menos do que ele, com certeza era muito mais.
- Não me agradeça e sempre me olhe nos olhos, sim ? - disse carinhosamente e ela assentiu mordendo os lábios de nervoso.
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Berlim, Outubro de 1940
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Vidas no porão
RomanceNo século XX o mundo passou pela pior guerra já vista, foram cerca de 40 milhões de civis perderam suas vida. Porém muitos deles foram perseguidos por uma regime fascista que perseguia e matada minorias. Na tentativa de fugir dessa perseguição Sa...