Berlim, Setembro de 1938
As malas estavam prontas e Sora levaria as duas mulheres ao local indicado.
Por sorte a idosa estava com a doença controlada, então não houve nenhum ataque, ou surto de esquecimento, no máximo ela achava que Sora era Kizashi, e Shizune rezava para que a mãe continuasse assim até chegarem na França.
Konan se escondia na escuridão, normalmente não era ela quem levava os refugiados, mas hoje se tratava de duas mulheres, achou melhor ela acompanhar as duas, mas a tensão era uma velha conhecida, ainda atrapalhava muito a moça rebelde de cabelos azulados que vivia fugindo da policia alemã.
Os quatro se encontraram na penumbra e não houve apresentação, ou comprimentos, só o caminhar silencioso.
O trem que as levaria estava sendo abastecido com feno para Saarbrucken , sem despedida, Sora e Konan ajudaram as duas a subir no vagão, esconderam atrás de um cubo enorme de feno, onde haviam outras pessoas, cerca de mais sete pessoas, apinhadas, escondidas de uma forma que os soldados não vissem nada além da carga.
- Vai embora, não fica aqui! – Konan sussurrou, se ele ficasse ali chorando chamaria atenção. Fazendo os guardas do outro lado vistoriarem os vagões.
Sora se virou e começou a caminhar lentamente, no caminho contrário ao da mulher, a cada passo sentia o peso de sua tristeza nos ombros, deixava as lágrimas descerem, pois em seu íntimo tinha certeza de que não as veria de novo, principalmente sua avó, a doença a levaria de qualquer forma.
Furtivamente chegou em casa e seus pais e Sakura estavam sentados na sala e com a entrada de Sora Sakura e Mebuki choravam ainda mais, estavam abatidas, mas acreditavam que tudo daria certo, tinham esperanças.
Tê-las levado embora foi o melhor que kizashi pode ter feito por ela, a situação só piorou com o passar dias dias, não havia mais dinheiro, nem comida, o pouco que tinham eram batatas e pães, dos quais Sora conseguiu com a Akatsuki, não havia notícias sobre a avó, só sobrava a imaginação. Imaginava as duas felizes na França, bem longe dali.
Seu pai ainda insistia em ir até a loja, o que Sora achava um erro e já tinha tido discussões com ele sobre isso, mas não o julgava era parte de seu legado, seu único legado, os quartos de aluguel foram tomados por alemães, o ouro e as pedras preciosas já haviam acabado, já tinha trocado tudo por comida, só sobrou a loja que ele mantinha fechada, mas ia todos os dias ver se estava tudo certo.
Berlin, novembro de 1938.
A noite fria estava quieta, todos dormiam na casa, seu único refúgio, onde não haviam ataques ou palavras de ódio, somente a família. Seus vizinhos, alguns judeus faziam o mesmo que eles, próximos às sete da noite faziam suas refeições e logo após apagavam as luzes, silêncio para não atrapalhar nenhum ariano. Mas aquela noite foi diferente, o silêncio foi quebrado por um barulho ensurdecedor, algum explosivo foi acionado muito perto dali, Kizashi teve a impressão de que havia sido dentro da própria casa, se levantou correndo e encontrou sora no corredor entrando no quarto de Sakura, que saiu em seu roupão nervosa.
- O que foi isso ? – mais barulhos de bombas puderam ser ouvidos, e por reflexo os dois irmãos se abaixaram.
- São bombas, troquem de roupa e vamos sair daqui! – Kizashi sempre calmo, hoje gritou para que os filhos fossem rápidos, e eles o obedeceram e menos de cinco minutos os dois já estavam sem pijamas, mas muito bem agasalhados, no hall de entrada de casa, os barulhos de vidros quebrando e algumas explosões deixaram os dois desesperados. – para o porão agora os quatro desceram, aproveitaram para levar alguns cobertores pois lá embaixo era muito frio e o inverno se aproximava.
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Vidas no porão
RomanceNo século XX o mundo passou pela pior guerra já vista, foram cerca de 40 milhões de civis perderam suas vida. Porém muitos deles foram perseguidos por uma regime fascista que perseguia e matada minorias. Na tentativa de fugir dessa perseguição Sa...