Capítulo 9

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Berlim, Setembro de 1939

A casa nova era pequena se comparada a casa de seus pais, mas mesmo assim ainda era grande, tinha três quartos, uma sala de visitas ampla, uma boa cozinha com saída para um jardim atrás da casa, o suficiente para um jovem solteiro e uma idosa como governanta, um vão lateral para a entrada dos fundos e um porão que se não estivessem em guerra seria ótimo para guardar coisas não utilizadas. 

A casa já tinha seus móveis e seria necessário trazer apenas as roupas e objetos pessoais de cada um. O que ambos fizeram na semana seguinte à conversa entre Fugaku e Sasuke. Chiyo estranhou o pedido,  mas não reclamou, pelo menos por hora iria ficar mais fácil ver o neto, até que o mesmo fosse para a guerra, fato que deixava a mais velha apreensiva até seu último fio de cabelo. 

Chiyo era sozinha, tendo apenas Sasori, seu neto. O filho único e a nora haviam morrido um ano depois da  primeira guerra e assim ela criou o menino na casa em que sempre trabalhou, que considerava  família, mas depois do começo de outra  guerra os patrões mudaram muito, se afastaram muito dela, como se ela fosse os trair de alguma maneira e o pior, os filhos deles também acabaram se afastando, a deixando ainda mais deprimida, pois Sasuke e Itachi eram como netos também, mas agora achava que as coisas ficariam menos estranhas, afinal estaria no centro de Berlim, mais perto do neto e com vizinhança diferente da mansão afastada dos Uchihas. 

- Frau Chiyo aqui na cozinha tem um porão, na verdade um abrigo antiaéreo, caso haja algum ataque com bombas -  Sasuke explicou na primeira noite que passaram naquela casa, o menino sempre muito fechado hoje esta diferente, parecia animado até, como ela viu poucas vezes. o uniforme negro da Gestapo se destacava na pela branca com cabelos tão negros quanto o uniforme.A braçadeira vermelha que assustava a muitos. -  Gostaria que deixasse sempre limpo e com alguns mantimentos. 

- Sim Senhor. - ela proferiu e as palavras incomodaram Sasuke. 

- Não me chame assim, por favor, nada de senhor. Só Sasuke como sempre chamou. - disse um tanto irritado, de um modo que ela ria sempre, era engraçado vê-lo assim. 

- Tá bom menino. Você só cresceu no tamanho não? -  ele não respondeu a idosa, continuaram pelo tour onde ela conheceu os quartos e tudo que havia na casa. Uma casa grande para um solteiro e uma idosa. - Precisa de mais alguma coisa Sasuke? 

- Não, pode descansar, a mudança foi cansativa, eu vou para a sede do partido e volto tarde. Não me espere. 

O jovem saiu e ela se manteve na cozinha com utensílios novos e uma mesa pequena, completamente diferente da casa anterior, onde tudo era grande e para várias pessoas, talvez ali fosse melhor, mais perto de tudo, mas ela tinha o pressentimento de que ficaria mais solitária ali. 

- Malditos nazistas. - resmungou pegando as coisas para fazer um cafezinho. 

- Se alguém ouve a senhora falando isso pode ser fuzilada,  sabe né? - a idosa deu um grito e derrubou o bule de café que segurava. 

- Sasori! Quer me matar do coração!? - o neto ria do susto da avó e abaixou para pegar o que havia caído , mas claro acabou tomando um tapa na nuca. 

- Aí! Eu não fiz nada, vó. A senhora que tava aí reclamando. - fingiu indignação e inocência. 

- O que você veio fazer aqui ? - disse irritada. Querendo dar mais uns tapas bem dados nele. 

- Vim te ver ora… não posso mais? 

- Deve - estava tão rabugenta que o ruivo se arrependeu do susto. 

- A casa é bem bonita. Tudo novo, né ? 

- É sim… - respondeu sem nenhum entusiasmo  - por que você tá aqui? Porque tenho certeza de que você não veio aqui sem motivo. Te conheço. 

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