Corria tanto que já não sentia mais as pernas, os olhos molhados de lágrimas atrapalhavam a enxergar os obstáculos no meio do mato, mas isso não o pararia, não ia desperdiçar o sacrifício da mãe dessa forma, prometeu a ela e a si mesmo que fugiria, que sairia daquela enrascada vivo, livre como eles eram, um povo livre, de alma livre.
Naruto e os pais eram ciganos de origem romena, viviam em caravanas pela Europa, até o nascimento do único filho, o parto foi complicado e segundo o curandeiro que examinou Kushina após o parto, ela nunca mais poderia ter filhos, e um cigano sem uma prole numerosa era sinônimo de azar, o casal passou a ser considerado fonte de má sorte no bando, com isso Minato se viu obrigado a se mudar para um lugar só deles, optou por ficar no país que estava e do qual o filho nasceu, a Itália, pois em qualquer caravana seriam execrados pela má sorte de ter apenas um filho. Se estabeleceram na Sicília, na cidade de Taormina, um lugar paradisíaco, onde ambos faziam seus artesanatos para vender às pessoas que iam até lá para conhecer a ilha e as praias. Até serem descobertos por Roma e mandados de volta a Romênia, os ciganos não eram bem vindos para o Vaticano, mas pelo caminho Minato conheceu Assuma Sarutobi, italiano que estava sendo deportado por rebeldia, por se opor ao atual governante, num trem que os tiraria do país, no caso da família de ciganos seria a Romênia, já de Assuma para a Calábria onde, segundo boatos havia um campo de trabalhos forçados. Os dois passaram a ser amigos e Minato ouviu falar dos Partisans pela primeira vez, e do plano de Assuma para fugir dali, apesar de não querer uma criança os atrapalhando, ele aceitou, depois de garantir que Naruto era uma criança inteligente e que não havia porque se preocupar, fugiram do trem quando ele diminuiu a velocidade para abastecer, só notariam as ausências quando chegassem em Roma para separar os prisioneiros. Assuma abriu uma escotilha usada para jogar comida para os animais, pois sim aquele trem era destinado a cavalos e bois, não seres humanos.
Com o tempo Naruto e Kushina também se tornaram parte do movimento, e o garoto de então 10 anos já implantava bombas e armadilhas para os Camisas Negras e claro a família passou a ser procurada por toda a Itália, como ciganos perigosos e terroristas. A fim de despistar a polícia italiana e achar mais seguidores para combater o movimento fascista da Europa, Minato foi mandado para a Alemanha em 1929 para recrutar essas pessoas e começar o movimento Partisan entre os nazistas.
O grupo estava formado e fluía bem até um traidor os delatar a Gestapo em 1937 e ai começou a fuga da família mais uma vez, a Itália não poderia ser o lar deles, e a única opção no momento era a França, eles só não contavam com a ajuda de um oficial alemão para fugir de lá, nunca o conheceram só se sabia que eram oficiais alemães, eles passaram a viver no porão da casa deles e uma mulher de olhar doce e terno os alimentava duas vezes ao dia, pedindo apenas que eles ficassem em silêncio, para que não fossem descobertos. Numa madrugada ela surgiu com um candelabro na mãos e pediu a eles que a seguissem, com medo Minato e Kushina a seguiram seguidos por Naruto e por uma sobrinha de Kushina que morava com eles, ela indicou um caminho na mata entregou provisões e disse que haveria uma captura falsa deles e que depois de forjarem uma fuga eles seguiriam ao lado de um rio que os levaria até a fronteira com a Bélgica.
Porém eles nunca chegaram lá.
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Depois de ter despistado os soldados alemães, Naruto se escondeu numa árvore, não tinha o que comer então teria que passar fome mais uma noite, mas se sentia grato de ter sobrevivido. Escondido chorou a morte dos pais, a forma como morreram e o fato de ter ficado sozinho, e a crueldade da qual ele e outros como ele estavam sofrendo, sentiu falta dos Partisans, com eles ele teria pelo menos uma arma para revidar os tiros que atingiram o pai, podia até morrer, mas morreria atirando, se defendendo e não correndo e chorando feito um animal acuado. Irritado consigo e já descansado da corrida ele desceu da árvore decido a pelo menos sobreviver, caminhou de volta até a margem do rio, o mais escondido possível, não viu mais nenhum soldado, percebeu apenas alguns sapatos roupas e um cheiro horrível, uma mistura de fezes e carniça, deduziu que foi ali por perto que mataram seu pai, pensou em voltar e tentar dar um enterro digno a ele, mesmo que fugisse a suas tradições enterrar os mortos, seria melhor do que apodrecer no meio da floresta, mas não, não voltou, nem mesmo olhou para trás, segurou a dor do luto e as lágrimas e continuou, tentando se lembrar de onde estavam as provisões deixadas por seus aliados.
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Vidas no porão
RomanceNo século XX o mundo passou pela pior guerra já vista, foram cerca de 40 milhões de civis perderam suas vida. Porém muitos deles foram perseguidos por uma regime fascista que perseguia e matada minorias. Na tentativa de fugir dessa perseguição Sa...