Auschwitz, Fevereiro de 1942
- Aqui os arames farpados não estão ligados na energia elétrica. Se conseguirmos cortar esses fios seria uma rota. - Itachi apontava no mapa onde ele, Izumi e Kenzo planejavam abrir passagem para começar a evacuar o máximo possível de pessoas do campo.
- E depois de serem libertos? para onde vão? - Izumi questionou, encarando as fronteiras de Auschwitz. Concentrada.
- Pela estrada, ao fim dela, eles encontram abrigo e um agente de minha confiança que os levarão para fora do país.
- Como pode ter tanta certeza de que ele é de confiança? - a pergunta desconfiada, o que fez Itachi encará-la, quase sorrindo, ela estava muito abusada para alguém, que no início, quase não falava de tanto medo descabido. Não podendo negar que achava aquilo fofo.
- Infelizmente, nessa vida e fazendo o que estamos fazendo não temos muitas garantias de que tudo dará certo, temos apenas que confiar. - Ele sorriu para ela, enquanto Kenzo analisava o mapa atentamente. Ele queria estar sozinho com ela, tendo a chance de provar dos lábios doces dela.
Com a mudança dos três para a casa dele, muitas coisas mudaram, começando pelos trapos que usavam, Itachi arrumou roupas em bom estado e limpas, sapatos confortáveis ao invés dos tamancos de madeira de tamanho pequeno para eles, deixava a comida a vontade, os deixando mais fortes e saudáveis, mesmo Shikamaru, que não parecia de confiança, usufruia dos confortos do oficial. Izumi tocava todas as noites, melodias alegres e agradáveis, o que deixava aquele ambiente mais leve.
- Vou me retirar, o cansaço já me atrapalha. - O médico disse se espreguiçando.
- Eu também devo ir. Precisarei acordar cedo amanhã. - Izumi bocejou e levantou para seguir Kenzo.
- Gostaria de um café. - Itachi pediu a ela, encarando os olhos castanhos, e sorrindo de lado.
- Claro.
Ela desceu e preparou a bebida que ele havia pedido, colocou o pequeno bule com a bebida quente, alguns cubos de açúcar e três biscoitos numa bandeja, aquele era o pedido diário do Uchiha. Retornou para o escritorio, abriu a porta de leve e deixou a bandeja sobre a mesa. Itachi encarava a janela, vendo as estrelas. A escuridão daquele lugar proporcionava uma vista incrivel do céu. Talvez fosse um dos poucos alívios de estar naquele lugar terrível. Outro alívio era observar o sorriso doce da mulher que deixava bem mais do que um café para ele. Ela tinha o poder de entregar carinho, em tudo que fosse fazer, fosse um jantar caprichado ou um simples café como agora.
- Da felicidade ao sofrimento é apenas um passo… - Repetiu o ditado que seu pai costumava dizer quando ela era menina, o que tirou Itachi de seu devaneio. Virou a cadeira e a viu colocar seu café sobre a mesa que antes abrigava um enorme mapa da região.
- Do sofrimento a felicidade parece demorar uma eternidade. - completou a frase a qual ela se referia.
- Você conhece o ditado ?
- Um dos meus melhores amigos era judeu. - Ela o encarou, como se esperasse o complemento daquela frase, mas não havia, Sora nunca conseguiu ser salvo. Itachi se lembrou do último olhar frio que ele lhe deu, pela última vez.
- Ele veio para cá? - perguntou curiosa, querendo saber se ele conseguiu salvar esse amigo.
- Não - negou com a cabeça, não conseguindo contar sobre sua falha. Ela se aproximou, curiosa por saber o que havia acontecido. A encarou, entendendo que ela queria que ele contasse mais sobre esse amigo. - Eu falhei com ele. Ele morreu. Em Dachau, o maximo que conseguimos fazer por ele foi abrigar a irmã. Mas o resto da família morreu. - O olhar pesado encarando o chão fez Izumi sentir a dor dele, ela se aproximou e segurou o rosto dele, fazendo seus olhos encararem os dela.
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Vidas no porão
Storie d'amoreNo século XX o mundo passou pela pior guerra já vista, foram cerca de 40 milhões de civis perderam suas vida. Porém muitos deles foram perseguidos por uma regime fascista que perseguia e matada minorias. Na tentativa de fugir dessa perseguição Sa...