Capítulo 25

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Catorze anos antes

Boa parte da família Ribeiro estava reunida nos fundos da casa, comemorando os 12 anos de Luana. Primos, tios e sobrinhos haviam vindo de longe apenas para confraternizar com a garota que estava sempre à beira da mesa de presentes, medindo cada embrulho com o olhar.

— Minha filha, saia de perto dessa mesa um pouco e vá brincar — disse Cícero.

— A tia Tereza não me deu presente — observou a garota após não encontrar o nome da tia materna em nenhuma das etiquetas gravadas nos embrulhos.

Cícero apenas riu e passou a mão na cabeça da filha, sem refletir a fundo nas palavras dela. Quando, porém, ele ia passando pela mesa de doces, encontrou Lorena, sua primogênita, com um olhar preocupado.

— Está tudo bem, Lori?

— Não sei, pai. Eu tenho a impressão de que...

No mesmo instante que Luísa se aproximou da mesa do bolo, chamando a atenção dos convidados para o momento do parabéns, Lorena segurou forte no braço do pai e olhou para baixo, constatando, junto com ele, que a sua bolsa havia estourado.

— Pai.

— Calma, minha filha. Vai ficar tudo bem.

Cícero beijou a testa de Lorena, tentando transmiti-la tranquilidade, e então disse:

— Iremos para o hospital agora mesmo. Só vou avisar sua mãe.

O homem correu até a esposa e lhe contou no ouvido o que havia acabado de acontecer. Luísa, sempre mais ansiosa, interrompeu a festa no mesmo instante, anunciando a todos com alegria:

— Pessoal, meu netinho vai nascer!

Todos festejaram, felizes, e desejaram boa sorte à Lorena que, acompanhada dos pais, entrou no carro, indo rumo ao hospital. Luana, porém, ficou perto do bolo, inconformada de não poder parti-lo com Cícero e Luísa.

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Lorena estava deitada na cama da maternidade olhando, apaixonada, para Bernardo, que, em seus braços, amamentava calmamente.

— Ele tem olhos verdes, mãe.

— Igual ao seu pai — disse Luísa, risonha.

A loira concordou e abaixou um pouco a cabeça, a fim de beijar seu bebê. Então, quando voltou a erguer o olhar, viu a figura de Victor se desenhar à porta.

— Finalmente, rapaz! — Luísa exclamou.

Victor não disse nada, apenas entrou no quarto e caminhou até Lorena. Então deu-lhe, nos lábios, um beijo demorado apenas para provocar Luísa, que não tardou em repreender o rapaz, puxando-o pelos ombros, a fim de afastá-lo da filha.

— Acho que já está bom, né, engraçadinho?

— Mãe! — Lorena exclamou, fazendo Luísa soltar Victor.

Mas, tão logo mãe e filha se resolveram, Cícero entrou no quarto segurando dois copos de café e, ao ver Victor, reagiu quase tão mal quanto Luísa.

— Agora que você me aparece? — Questionou Cícero deixando os cafés em uma mesa próxima.

— Eu estava ocupado, ué!

— Ocupado com o que, moleque? O que pode ser mais importante do que o nascimento do seu filho?

— Eu falei que era mais importante? Só falei que estava ocupado.

Victor olhou de relance para Lorena e concluiu:

— Além do mais, eu sabia que vocês não iam me aceitar bem aqui.

O Malabarista - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora