Pela manhã, no domingo, perto das oito horas, Raul abriu os olhos no quarto de hóspedes e resolveu descer. Havia dormido com a mesma roupa, diferente de Kevin, adormecido ao seu lado, que vestia um pijama com detalhes verdes.
O jovem rapaz se sentia sonolento, pois não havia dormido mais do que 6 horas, porém, ainda assim, usou o banheiro do quarto e, então, seguiu para o primeiro andar, onde encontrou Lorena na cozinha, em pé ao lado da cafeteira.
— Bom dia — saudou Raul ao entrar.
Lorena, que estava distraída olhando para o chão, voltou o olhar para a entrada da cozinha e forçou um sorriso, saudando também:
— Bom dia, Raul. Dormiu bem?
— Eu dormi. E você?
A loira respirou fundo e se afastou da cafeteira, indo até o armário, a fim de apanhar duas xícaras. Seu semblante denunciava a falta de descanso.
— Não dormi direito. Você sabe, insônia — disse ela, estendendo uma xícara para Raul.
— É chato.
Lorena concordou e o serviu com o café, enquanto o jovem rapaz se preocupou:
— Mas... Está tudo bem?
— Não muito, viu? Eu passei a noite pensando em como eu vou resolver esse problema com a Luana. Ela já está me cansando e eu...
— Olha, não precisa tirar ela de lá se isso for causar ainda mais...
— Tá brincando, Raul? Aquele apartamento não é dela. Se eu deixar por isso mesmo, ela vai abusar ainda mais. O problema da Luana é esse, ninguém nunca deu limite para ela.
Lorena bebeu um pouco de café e pareceu pensar por alguns instantes, enquanto Raul a olhava.
— Eu não odeio a minha irmã, entende? Mas ela tira qualquer um do sério. E essa que aquela aprontou agora...
— Calma — Raul disse, se aproximando.
O jovem rapaz havia dito aquilo pois notara a inquietação de Lorena, que estava cada vez mais vermelha.
— Não vai te fazer nem um pouco bem ficar se irritando assim — continuou Raul.
— Fazer bem, não faz, mas... O que eu posso fazer?
Raul pensou e não conseguiu encontrar nenhuma resposta. De fato, parecia não haver outra saída, senão bater de frente com Luana.
— Enfim — Lorena retomou —, vamos tomar café e aí veremos o que pode ser feito. E... Ah. Feliz aniversário!
O jovem rapaz sorriu torto e agradeceu:
— Obrigado.
— Eu tinha comprado um presente para você e o episódio de ontem serviu para reforçar a necessidade do que eu comprei. Espere aqui!
Lorena deixou sua xícara sobre a bancada e saiu da cozinha, voltando em menos de dois minutos com uma sacola preta e pequena.
— Lorena...
— Abre esse presente, Raul! — exclamou ela, divertida.
Então, assim como a loira, Raul deixou sua xícara sobre a bancada e abriu a sacola, apanhando uma pequena caixa que trazia gravada em si a logo da Apple.
— Você...
— Ontem, você teve que dar a volta ao mundo para falar comigo — explicou Lorena. — Ficou mais do que comprovado que você precisa de um celular.— Mas... Esse é muito caro. Eu olhei o preço de um outro dia e me espantei. Estava quase 5 mil reais.
— Você merece, Raul.
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O Malabarista - Concluído
SpiritualRaul é um morador de rua que perdeu sua mãe e, desde então, vive debaixo de um viaduto com o seu irmão mais novo chamado Kevin, de apenas 7 anos. Ele vive sem muita esperança de ter a sua sorte mudada, embora esteja sempre consolando o seu irmão, di...