09:00.
Uma semana depois...
Desde aquele sábado eu estou com a sensação de vazio dentro de mim. Desde que deixei aquele carinha de cabelo rosa desbotado para trás dizendo que foi um prazer para ele também, eu estou me sentindo vazio.
—No que está pensando? —minha mãe se senta em minha frente e eu olho para ela.
—Em nada, acordou agora? —pergunto e ela assente— Como foi a noite ontem? —pergunto olhando para o pequeno roxo em seu pescoço e ela sorri.
—Foi incrível.
—Incrível? —pergunto e ela assente, com os olhos brilhando.
—Nós saímos para jantar, e depois fomos para um hotel chique e o resto você já sabe. Mas dessa vez foi diferente. —ela diz e eu franzo as sobrancelhas.
—Diferente como? —pergunto e ela morde o lábio inferior.
—Ele não falou dele dessa vez. —ela diz e eu franzo as sobrancelhas.
—O que? Está me dizendo que sente ciúmes de uma criança? —pergunto e ela assente, sem conseguir esconder o quanto isso a chateia.
—Mas eu estou no meu direito. —ela diz com um dar de ombros e eu suspiro.
—Certo, e você acha legal ser "amante" de um homem que tem um filho mais novo que foi abandonado pela mãe e ainda ter ciúmes dessa criança? Acha legal sair com esse homem enquanto ele deixa o filho que precisa de apoio sozinho, com uma mulher que provavelmente o trata como um robô? —falo me levantando e ela segura meu pulso quando passo por ela.
—Não me odeie por amar o seu pai. —sua voz soa baixa e eu respiro fundo.
—Eu não odeio você, muito pelo contrário. Eu odeio ele. —falo soltando delicadamente meu pulso e deixo um beijo delicado em sua testa antes de sair do quarto.
Eu vou caminhar pela praça durante alguns minutos para conseguir prender tudo que estou sentindo dentro de mim, eu preciso de mais um tempo fugindo das minhas responsabilidades.
Preciso de tempo para conseguir lidar com meu coração quebrado quando a clínica me dizer qual o diagnóstico final da minha mãe.
Caminho pelas ruas molhadas pela chuva lentamente, respirando fundo vez ou outra o ar gelado da manhã. O dia está nublado e parece combinar com meu humor.
Chego à praça e me sento em um dos poucos bancos que ainda estão secos e respiro fundo outra vez, vendo uma fumaça sair da minha boca pelo frio.
Sei que minha mãe não considera seu vício pelo homem que chamo de pai algo prejudicial, mas eu sei que é. Sei que se eu não estiver perto ela toma mais de duas cartelas porque precisa esquecer meu pai para não surtar.
Mesmo que minha mãe acabe me odiando por um tempo, eu estou fazendo pelo bem dela. Quando ela sair de lá, quem sabe ela não encontre alguém que a faça bem e mereça todo o amor que ela guarda dentro do coração dela.
—O mundo é mesmo pequeno, hum? —ouço uma voz família e olho para o lado, vendo Yeosang se sentando perto de mim.
—O que está fazendo aqui? —pergunto franzindo as sobrancelhas e ele dá um sorrisinho.
—Eu vim até a casa de um amigo. E você, o que está fazendo sentado sozinho? —respiro fundo e dou de ombros.
—Estou tentando relaxar e ver você não está ajudando nem um pouco. —falo desviando os olhos e respiro fundo outra vez.
—Qual é, gatinho? Você ainda me odeia por ter sentado no seu namorado babaca?—ele diz e eu olho para ele, revirando os olhos.
—Eu não odeio você, até porque você estava fazendo seu trabalho. —me limito a dizer e ele engole em seco— Não posso odiar um garoto de programa que prioriza o dinheiro, mesmo que isso envolva magoar profundamente o melhor amigo. Não é, gatinho?
Seus olhos encontram os meus e ele dá um sorriso, claramente desconfortável e respira fundo.
—Você sabe mesmo como machucar alguém, hum? Pensei que podia confiar em você quando te contei isso. —ele diz eu dou um sorrisinho.
—Claro que sei, e eu nunca contei seu segredo para ninguém. Eu uso ele contra você só quando te vejo, para as outras pessoas você é só um filho da puta que pegou o meu ex-namorado. —falo olhando para minha mão e depois para ele, seus olhos cheios de lágrimas encontram os meus e eu sinto uma pontada de culpa surgir.
—Sinto muito por tudo isso, você sabe que eu precisava de dinheiro. —ele diz e eu assinto.
—E eu te ofereci mais do que você precisava, você escolheu isso ao invés da minha ajuda. Foi por livre e espontânea vontade, Yeosang. —falo e ele desvia os olhos, soltando um suspiro pesado.
—Você e Yunho nunca vão me perdoar, não é?—ele pergunta enfiando as mãos no bolso do sobretudo que está usando e eu dou de ombros.
—Talvez um dia, nós éramos como irmãos e você nos traiu. Mais a mim do que ele, mas ainda assim traiu. —falo sentindo meu coração doer quando ele soluça baixinho.
Enfio as mãos no bolso da blusa e olho para ele quando me levanto para ir embora.
—Você se arrepende mesmo do que fez? Eu sinto muito sua falta, de verdade. —falo e ele me olha secando as lágrimas— Mas eu não posso conviver com alguém que diz se arrepender e esbanja um relacionamento sério com meu ex. E não que eu ainda goste daquele desgraçado, muito pelo contrário, eu só acho muito errado da sua parte continuar com ele e dizer que sente muito por tudo que aconteceu.
Respiro fundo e caminho para casa, sentindo algo pesar sobre meus ombros por ter ignorado tão friamente as lágrimas de Yeosang. Mas eu estava sendo sincero.
Eu não posso confiar em alguém que "sente muito" e continua com o motivo de tudo ter dado errado.
°°°
22:40.
A casa está silenciosa e o arrependimento está me consumindo por ter magoado Yeosang outra vez com o fato dele trabalhar com o que trabalha. Mesmo que ele seja bem sucedido, ele não quer essa vida, mas não pode sair dela.
—Você só tem que quebrar os ovos e adicionar em um recipiente junto com a farinha...—a voz de uma mulher ecoa pela sala enquanto ela ensina como se faz brownie.
Desligo a televisão e respiro fundo. Está muito cedo para começar a beber até não sentir nada?
Subo as escadas até o meu quarto e vou direto para a sacada, me sentando no sofá para observar a vista enquanto fumo o décimo cigarro do dia.
Respiro fundo outra vez, tentando engolir o nó em minha garganta e trago a fumaça tóxica para dentro dos meus pulmões. Mesmo que meus pensamentos estejam uma bagunça, o carinha de cabelo rosa não sai da minha mente.
Eu me pergunto o motivo para eu pensar tanto nele. Nós apenas nos beijamos e isso já faz uma semana, não é como se eu estivesse apaixonado só com dois beijinhos.
Respiro fundo e trago o cigarro outra vez, soltando a fumaça pela boca e narinas, sentindo um alívio me percorrer. Eu não gosto da sensação de que o vazio que venho sentindo sempre é preenchido quando vejo os cabelos cor de rosa.
Olho para as luzes da cidade e respiro fundo enquanto trago o cigarro outra vez. Os carros não param mesmo com as ruas molhadas e um chuvisco fraco caindo do céu.
Eu não faço ideia do que estou fazendo com minha vida, mas sei que estou perdendo completamente o juízo. Me levanto e me sento na cama, tragando o cigarro uma última vez antes de jogá-lo fora.
Perceber que mesmo que eu tente com tudo o que eu tenho e não tenho para separar minha mãe de Soohun nunca da certo me deixa irritado.
Sei que tem que partir dela querer que ele suma de vez e que me envolver nisso só vai me deixar pior do que já estou com toda essa situação, mas eu não sei como não me preocupar com isso.
Respiro fundo pela milésima vez e fecho os olhos, na esperança de conseguir dormir pelo menos um pouco essa noite.
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HEARTBEAT [seongjoong]
FanfictionOnde Seonghwa se vê apaixonado por um cara que beijou em uma noite qualquer e se questiona se seria a melhor opção se declarar. E Hongjoong acha que a melhor escolha é esconder os próprios sentimentos porque acredita que ele não passa de um "passa t...