"O amor vai te deixar sem palavras"

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Segunda-feira. 09:00.

Eu nunca pensei que tomar café da manhã com minha mãe seria tão desconfortável.

-Eu quero aproveitar que estamos todos aqui, juntos -ela começa a falar, cortando o silêncio constrangedor -Para dizer que eu estou feliz de ter vocês como família.

-Eu também estou feliz de ter minha família reunida outra vez. -Soohun diz e eu engulo em seco.

Bebo um pequeno gole do café quase sem açúcar, tentando engolir todas as palavras ofensivas que eu gostaria de dizer.

-Não vai falar nada, Hongjoong? -minha mãe pergunta e eu nego.

-Eu não tenho nada para dizer. -me limito a falar e bebo mais um pouco do café.

-Certo.

-Como não tem nada para dizer? Não está feliz de ter sua mãe em casa outra vez? -Soohun diz com um tom de voz ofendido e eu olho para ele, franzindo as sobrancelhas.

-A sua hipocrisia e falta de vergonha me irrita, me deixa totalmente surpreso. -uso o tom de voz mais educado que consigo, mesmo querendo gritar as palavras mais ofensivas que se poderia dizer a alguém.

-Não vamos discutir na frente da sua mãe. -ele diz e eu reviro os olhos.

-Nem mesmo longe dela, do que depender de mim, você não vai trocar mais uma palavra comigo. -falo forçando um sorriso e ele respira fundo.

-Eu vou ver como Wooyoung está, volto daqui a pouco. -Soohun diz olhando para minha mãe e se levanta, deixando um beijinho delicado nos cabelos dela.

Respiro fundo quando ouço os passos dele no andar de cima e fecho os olhos.

-Você disse que iria tentar. -minha mãe diz com a voz fraca e eu olho para ela.

-Toda tentativa tem uma falha. -falo com um dar de ombros, terminando de beber o café.

-Pode não falhar dessa vez? -seus olhos me encaram, opacos e sem emoção alguma.

-Me desculpe, mas eu não sou tão forte para ajudar você a viver uma mentira. -falo e ela ri sem humor nenhum.

-Eu não quero viver uma mentira, quero viver o que me faz feliz. Você me ajudou a viver no meu pior momento e não pode fazer isso agora? -ela diz e eu engulo em seco.

-O que é viver para você, mãe? -pergunto e ela franze as sobrancelhas- Desde que eu nasci tudo o que você conhece é a prisão de uma casa e um hospital gelado e com cheiro de remédio. O que é "viver o que te faz feliz"? Se entregar a um amor que claramente acabou e se mantém por puro remorso?

-Ele também me ama, não seja cruel com suas palavras. -ela diz desviando os olhos, apertando os braços.

-Ele não te ama, e você sabe disso. Eu nem preciso dizer os motivos para saber isso. Você poderia muito bem achar alguém para te amar nesse um mês ou sei lá quantos dias de vida, um amor dito da boca para fora em uma noite de verão seria muito melhor que um amor construído a base de mentira e manipulação. Que nem dito é, já que o sentimento não existe.

-Existe da minha parte, isso já é suficiente. -ela volta a me encarar, com os olhos brilhando pelas lágrimas.

-E você acha justo se doar de corpo e alma, literalmente, para o homem que nunca amou você? Sejamos sinceros aqui, mãe. Ele fugiu porque estava cansado de fingir amar você, então usar sua doença pareceu ser o mais coerente para ele não sair como o errado na sua visão sobre isso.

-Ele nunca ficou longe de mim, depois de algumas semanas ele voltou. -ela tenta justificar e eu respiro fundo.

-Isso não é amor mãe, pelo amor de Deus! -falo um pouco inconformado e ela engole em seco.

HEARTBEAT [seongjoong]Onde histórias criam vida. Descubra agora