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Ainda naquele mesmo dia...

20:15.

A chuva não cessou e o vazio, a falta de me sentir em casa, está me deixando louco. Wooyoung pediu para ficar mais um dia na casa de Yunho para aproveitar a companhia de suas amigas que iriam embora na noite do dia seguinte e eu deixei. Deixei porque eu preciso sofrer um pouco com a minha própria companhia e a consequência dos meus atos.

Pego um fone de ouvido velho e conecto ao meu celular, rezando internamente para que ele não me mate no meio do caminho. Às vezes uma caminhada debaixo de chuva pode fazer bem.

Saio de casa sem nenhum preparo, apenas um moletom, uma calça grossa e minha sandália que Yunho apelidou carinhosamente como "sandálias de Jesus". E um cigarro. E a chave de casa. Apesar da chuva ainda um pouco forte e das calçadas escorregadias, eu resolvo correr mesmo sem conseguir enxergar direito entre os pingos de chuva.

Corro sem uma direção certa enquanto uma música que fala sobre liberdade e amor toca nos fones, me animando ainda mais para correr mais rápido.

É possível ser livre quando tudo que você fez durante a sua vida inteira foi ficar preso em uma caixa sem poder se expressar porque as necessidades do próximo eram mais importantes que a sua?

É possível amar quando tudo o que a vida já te ensinou sobre amor é que ele é doloroso e machuca? Que ele é só um conjunto de palavras bonitas que sai da boca de alguém por quem você mataria e morreria, mas essa pessoa não comeria uma balinha com gosto ruim por você.

É possível se permitir ser amado quando o mundo te ensinou que você apenas serve para preencher um espaço ridiculamente pequeno e que na menor chance pode ser preenchido por outra pessoa?

Paro de correr quando a música termina e apoio as mãos na cintura, buscando fôlego e limpando os pingos de chuva inutilmente, apenas para ser molhado outra vez. Um toque muito familiar e melancólico preenche meus ouvidos e eu reviro os olhos, me sentando na beira da calçada para respirar melhor.

Quem me observa de longe deve achar que eu estou louco ou que sou um cara que ama se exercitar mesmo na chuva, mas quem se importa com o que eles pensam? Eu devo sim estar louco, mas quem liga?

A voz melódica começa a cantar em meus ouvidos e eu respiro fundo, sendo atingido por muitas memórias com Seonghwa. Há muito tempo, em uma das nossas inúmeras idas ao rio, nós transamos ao som de Heartbeat  do BTS. Um pouco estranho, eu sei.

Eu realmente devo ir atrás dele, dar um beijo daqueles de novela e dizer "eu amo você, por favor, vamos ficar juntos"? Eu devo finalmente me entregar ao que eu sinto por ele?

A chuva começa a ficar fraca e eu me levanto, caminhando lentamente, com o peito ardendo e a respiração ofegante. Será que ele vai estar em casa sozinho ou o amigo dele vai estar lá para assistir um filme e beber um chocolate quente como "amigos"?

Desligo a música e guardo os fones no bolso, rezando para meu celular não estragar por estar em contato com a minha roupa encharcada. Ao chegar no prédio o porteiro me ofereceu um sorriso amigável e disse que eu poderia subir pois Seonghwa havia me autorizado a subir em qualquer momento que fosse.

O que fez meu coração balançar um pouco, confesso.

E esperar pelo elevador estava fazendo minha barriga doer e meu corpo tremer junto com meu coração, então eu subi correndo pelas escadas e agora estou parado em frente a porta dele, ofegante e com o coração nas mãos, pronto para ser entregue á ele. e talvez eu tenha descoberto um novo hobbie para substituir meu vício por cigarro.

HEARTBEAT [seongjoong]Onde histórias criam vida. Descubra agora