HEARTBEAT [seongjoong]

I can't breathe anymore

"Você recebeu amor suficiente, meu pombinho? Por que você chora? E eu sinto muito por ter partido, mas foi pelo melhor, embora nunca tenha parecido certo. "

–Fourth of July, Novo Amor

Quinta-feira. 00:01.

O mundo pareceu estar congelado quando eu escutei a voz chorosa de minha mãe me pedindo ajuda, os olhos de Yunho me encararam preocupados quando olhei para si e sai do quarto sem pensar duas vezes.

A porta do quarto da minha mãe já estava entreaberta e ela estava sentada ao lado da cama, os lençóis brancos completamente manchados de um vermelho vivo igualmente a camisola rosa de seda que ela estava usando para cobrir o corpo.

—O que aconteceu? —pergunto tentando manter a calma, me sentando de frente para si sem me importar com o sangue manchando minha roupa.

—Estou morrendo, querido. —minha mãe diz com a voz fraca e um sorriso forçado.

Meus olhos se enchem de lágrimas ao ouvir Yunho conversando com os médicos e tentando acalmar Wooyoung, enquanto uma música chata e fudidamente triste ecoa pelo quarto.

Parece a cena de um filme, e poderia ser engraçado se não fosse trágico.

—Por que essa bendita música está tocando, mãe? —pergunto fechando os olhos brevemente para afastar as lágrimas e ignorar o sangue escorrendo pelo nariz dela.

—É a minha música favorita, Joong. Não se lembra? É daquela banda, Novo Amor. —ela diz limpando o sangue com as costas da mão e então me olha.

Os olhos escuros e antes opacos agora brilham intensamente sob a luz amarelada do abajur.

—Mãe, por favor. —sussurro sem conseguir conter as lágrimas e sinto sua mão gélida tocar a minha.

—Isso sempre acontece, querido. Não se lembra do que falávamos anos atrás quando você tinha os seus quinze anos de idade e eu novamente estava quase perto da morte? —ela pergunta com uma risadinha e abre os braços, me convidando para um abraço.

—Sobre o que a gente conversava nessa época? —pergunto escutando a música tocar e o coração dela batendo lentamente.

—Falávamos sobre algo parecido com essa música, sobre não conseguirmos viver um sem o outro e sobre quanto medo você sentia de perder a única pessoa que te mantinha vivo. —ela diz acariciando meu cabelo quando deito a cabeça em seu ombro —É irônico porque desde que você nasceu, eu sempre estive quase morrendo.

"... Don't go, you half of me now but I'm hardly stood proud I said it, almost."

Meus olhos se enchem de mais lágrimas quando as primeiras caem e eu entendo a letra da música, soluçando como uma criança em crise de choro.

Perceber que eu estou nos braços da minha mãe enquanto ela sangra internamente e suspira pelas últimas vezes é aterrorizante.

—Mãe, por favor, não me deixe aqui sozinho. —peço num sussurro quando seus dedos diminuem a pressão em meu cabelo e ela respira fundo.

—Você não vai estar sozinho, querido. —ela diz e eu encaro seus olhos.

"Oh, I've been low, but damn it, I bet it don't show..."

—Eu sempre estarei aqui, vivendo com cada batimento cardíaco seu. —ela coloca a mão manchada de sangue sobre meu peito e eu respiro fundo.

—Eu não posso deixar você ir embora assim, e todo o meu esforço para te manter aqui? Te manter viva? Por Deus, como é que eu vou viver sem você? —pergunto num fôlego só, desesperado por ver ela perdendo força.