Sexta-feira. 10:10
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É bizarro encarar o caixão fechado com alguns lírios brancos e a foto da minha mãe, é bizarro pensar que é minha mãe ali.
É doloroso escutar a maldita melodia da música que ela me pediu para colocar no dia do velório, o maldito toque do piano e a letra que se encaixa perfeitamente na situação.
Eu tenho a sensação de que estou prestes a cometer uma loucura, que vou sair gritando e quebrando tudo como as pessoas frustradas fazem nos filmes de drama.
Minha ficha não tinha caído até algumas horas atrás, ou talvez eu tenha entrado em um estado de aceitação já que enquanto eu encarava o corpo gélido na maca, sequer uma lágrima preenchia meus olhos.
Era como se todo aquele choro de quando ela ainda estava em casa fosse uma coisa de momento, como se aquilo tudo não tivesse acontecido. Mas aconteceu.
Eu só entendi que Kim Hwayoung tinha morrido quando o médico perguntou se eu gostaria de mais alguma coisa e se o corpo dela deveria ser coberto dentro do caixão. Eu só entendi que estava sozinho quando retiraram a maca do quarto.
Agora eu estou parado dentro de uma sala minúscula onde o caixão da minha mãe vai ficar para sempre, até que eu morra ou decida retirá-lo daqui.
Estou sentindo meu coração bater devagar e as lágrimas se acumulando aos poucos no canto dos meus olhos, apesar da dor estou sentindo uma calmaria passar por todo meu corpo, como se eu estivesse conformado com a situação.
Yunho e Wooyoung já foram para casa, eu fui o único que fiquei aqui, parado como um zumbi, como se não quisesse deixar o caixão nessa sala vazia.
Respiro fundo e limpo os olhos, afastando por alguns segundos as lágrimas dos olhos apenas para conseguir sair da sala e ir embora. Mas eu ainda não vou para casa, preciso ver alguém antes de voltar para lá.
Mas apesar da urgência que acelera meu coração com o pensamento de ver Seonghwa, algo me diz que alguma coisa não está certa, algo me faz acreditar que não é uma boa ideia ir até a casa dele.
Mas infelizmente –ou felizmente– eu já bati na porta e estou esperando com as mãos no bolso, esperando para sentir meu coração se acalmar ao olhar para ele.
A porta se abre e meu sorriso morre antes mesmo de esticar meus lábios quando um homem alto e muito bonito me olha de cima a baixo e abre um sorriso simpático demais.
—Quem é você? —sua voz aveludada arrepia todo meu corpo e eu engulo em seco, vendo Seonghwa aparecer atrás dele com apenas uma toalha presa na cintura.
—Eu? —pergunto um pouco confuso, analisando o homem de cima a baixo assim como ele fez comigo.
—Sim, quem é você? —ele pergunta de novo e eu olho para Seonghwa e depois para ele outra vez.
—Foi engano, me desculpe. —falo antes de me virar e andar apressado até o elevador, agradecendo mentalmente por não ter que esperar mais do que dois minutos.
—Hongjoong, espera um pouco! —Seonghwa grita segundos antes da porta se fechar e eu respiro fundo, me agachado no canto do elevador.
Coloco o rosto entre as mãos, sentindo as lágrimas molhando meu rosto mais uma vez e meu coração acelerado, como se quisesse explodir o meu peito.
Ele realmente estava fazendo isso comigo? Transando com outro cara enquanto eu preciso dele? Não interessa que ele não sabia ou que sei lá, a gente não tenha nada concreto, mas isso é errado.
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HEARTBEAT [seongjoong]
FanfictionOnde Seonghwa se vê apaixonado por um cara que beijou em uma noite qualquer e se questiona se seria a melhor opção se declarar. E Hongjoong acha que a melhor escolha é esconder os próprios sentimentos porque acredita que ele não passa de um "passa t...