Anánkē

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Seonghwa


"— Anánkē.

A forma de amor mais abstrata, o amor à primeira vista, um amor por alguém que acabamos de conhecer e que não pode ser evitado de forma alguma. [...]"


Eu não sei o que estou fazendo ao me permitir sentir meu corpo arrepiar e meu coração acelerar ao beijar Hongjoong. Mas eu sei que estou fazendo algo.

Sei que sinto algo, mas não sei o que exatamente. Euforia por estar começando um tipo de relacionamento novo com alguém tão diferente de mim?

O que eu sinto em relação ao homem que parece tão entregue sob meus beijos? Com os cabelos pretos um pouco grandes em um corte mullet, os olhos ainda cansados mas tão confortáveis quando ele está comigo.

Interrompo o beijo, mantendo minha mão segurando o rosto dele e meus lábios encostados nos dele. Deixo um selinho demorado em seus lábios e me afasto para olhar para ele, seu rosto está um pouco corado e um sorrisinho envergonhado nos lábios.

Me sento direito no banco e seguro a vontade de segurar a mão dele, ficando em silêncio por um tempo. Um silêncio estranho mas não desconfortável.

—Você gosta de pinturas, Hwa? —Hongjoong pergunta para quebrar o silêncio e eu dou de ombros.

Sentindo meu estômago gelar com o apelido, mesmo que eu não goste.

—Não sou um grande apreciador da arte. —respondo olhando para o céu— Mas admito que algumas vezes me encanto por alguns quadros.

—Que tipo de coisa você gosta de apreciar então? Que se considera um grande apreciador? —Hongjoong parece perguntar no automático enquanto observa atentamente o céu escuro.

—Não é bem uma coisa, talvez um sentimento? Gosto de observar o contato físico, a troca de afeto e palavras carinhosas entre as pessoas. Gosto de sentir o calor que exalam quando se olham apaixonadamente e também sentir a frieza de um toque ou engolida a seco em uma mesa de restaurante caro, onde uma mulher vestida em um lindo vestido justo e preto julga que é melhor terminar seu relacionamento. —falo sentindo seus olhos em mim e respiro fundo.

—Como diz um dos meus filmes preferidos: "Precisamos do toque de quem amamos tanto quanto de ar para respirar". —falo ainda sem olhar para ele.

—É uma boa reflexão, mas já parou para pensar no que vem depois? —olho para ele e franzo as sobrancelhas, sem entender.

—O que vem depois, Joong? —pergunto.

"Mas eu nunca entendi a importância do toque, do toque dele; até não ter mais". —ele pisca devagar e então continua— Se você precisa do toque de quem ama tanto quanto de ar para respirar deve saber interpretar cada toque, certo? Algumas pessoas não demonstram em palavras e sim em toques. Então, se você não compreende a importância do toque enquanto ele está quente e formigando em sua pele, ele se vai. E você só perceberá a importância depois.

Ele diz enquanto entrelaça, meio que automaticamente, nossas mãos. Levantando elas em uma altura em que nós dois podemos ver, dando um sorrisinho.

—Um toque pode ir muito além do físico.

Seus olhos continuam me encarando e eu sinto que meu coração poderia explodir por bater rápido demais. Meus batimentos cardíacos estão completamente descontrolados.

O que é esse sentimento que Hongjoong causa em mim? Me pergunto se ele sente o mesmo ou se eu estou apressado demais para sentir o coração tão confuso em relação as minhas reações perto do garoto que me apelidou de "cabelo-cor-de-rosa-desbotado".

HEARTBEAT [seongjoong]Onde histórias criam vida. Descubra agora