HEARTBEAT [seongjoong]

Nights that never ends

"[...] Não é a minha intenção ser ruim, você é tudo que eu queria. Apenas me deixe te prender como um refém."

—Hostage, Billie Eilish

Quinta-feira. 23:34.

Admito que o pior para mim não foi ver Seonghwa tão perto de Yuri, o amigo dele que inclusive realmente namora. O pior foi ver que ele pintou o cabelo, os fios rosa desbotados agora estão tingidos de preto.

E o pior de tudo: eu não sei o porquê isso me afetou tanto. Talvez tenha machucado o meu âmago que sempre deseja que eu seja importante para alguém.

—Você vai fugir de mim até quando? —a voz grave e familiar soa perigosamente perto do meu ouvido e eu viro o rosto, encarando os olhos escuros de perto.

Muito perto.

—Eu não estou fugindo de você. —falo com um dar de ombros, encarando a cerveja quente dentro do copo para fugir dos olhos tão encantadores.

—Gatinho, você mal falou comigo quando Yunho veio me cumprimentar. Qual é? Parece que estamos brigados. —ele diz e eu olho para ele outra vez.

—E não estamos? —pergunto e ele franze as sobrancelhas.

—Temos algum motivo para estar, Hongjoong? —ele pergunta piscando devagar, passando a língua no canto da boca.

—Eu não sei, Seonghwa. —falo um pouco irritado, desviando os olhos.

—Eu acho, tenho quase certeza, que você está chateado consigo e está colocando sua chateação em mim também quando, na verdade, a única coisa que eu quero é poder te beijar outra vez. —ele diz e um suspiro cansado escapa dos meus lábios e inevitavelmente meus olhos encaram os dele outra vez.

—Eu não estou chateado com você. —falo e ele estreita os olhos.

—Mas ainda assim está espelhando isso em mim quando eu só quero ficar com você. —ele diz e eu dou uma risadinha, revirando os olhos.

—Será que quer mesmo, Seonghwa? —pergunto em um tom ácido e ele se afasta um pouco com uma expressão séria.

Ele fica tenso, claramente na defensiva e eu cruzo os braços, respirando fundo.

—Estou cansado disso, sendo bem sincero. —ele diz e eu engulo em seco, sentindo meu coração doer.

—Você se cansou de mim, isso que você quis dizer. —falo e ele aperta os lábios e os olhos, respirando fundo de um jeito agressivo.

—Porra, não dá para conversar com você. Sabe o que você faz? Esquece tudo o que eu já te disse e o que eu já fiz por você, porque se eu sou tão ruim a ponto de você duvidar de tudo que eu sinto, então acho que nós realmente não devemos ficar juntos. —ele coloca o copo sobre o balcão e sai, empurrando as pessoas até chegar a saída.

Indo embora sem nem olhar para trás.

Bebo a cerveja quente em um gole só e respiro fundo, piscando várias vezes para tentar afastar as lágrimas. Ele quem está errado e eu que saio como o culpado por estar desconfiado?

Alguns pingos começam a cair do lado de fora e a sensação ruim me sufoca cada vez mais, como se a culpa estivesse apertando meu coração entre os dedos.

E num impulso, como se nada mais existisse no mundo além de mim, eu faço como ele. Saio empurrando algumas pessoas até chegar a saída, sentindo os pingos gelados da chuva fraca.