0.3 - Promessa

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    Estava divagando perdido em seus pensamentos quando escutou alguém batendo à porta. Pediu para esperar e finalmente vestiu suas roupas. Quando abriu a porta, sua prima entrou com uma vasilha em mãos.

    — Te trouxe comida, nii-san. Você não almoçou hoje— entregou o objeto para ele.

    — Obrigado— pegou o pote— Ninguém viu você trazendo isso para aqui? Se te vissem você teria problemas.

    — Não se preocupe, ninguém me viu— estava sentada na cama olhando quieta para o primo pensando em como dizer o que queria— Er… nii-san, aconteceu alguma coisa com você? 

    — Não aconteceu nada, por que?

    — Mesmo? Não quero te pressionar a dizer algo, é só que parecia que você estava preocupado.

    Olhou para a vasilha que estava em seu colo, a tampou e colocou de lado. Suspirou antes de olhar para a prima.

    — Hinata, posso te contar uma coisa? Mas você tem que me prometer que não vai falar isso pra ninguém em hipótese alguma.

— Você pode confiar em mim, nii-san. Sabe disso.

— Eu sei, Hinata, mas isso é muito sério— ficou em silêncio por um tempo juntando coragem, ela o esperou pacientemente. Respirou profundamente antes de continuar— Eu… eu sou como o Akira… Estou apaixonado por um homem de outro clã… Eu sou gay…

— Neji isso… isso é…— sorriu, se levantou e abraçou o primo— Estou orgulhosa de você! Você tem sido forte por tanto tempo— estava sem reação. Não achou que a prima fosse ter uma reação exagerada, mas não esperava por isso. Retribuiu o abraço com os olhos marejados— Deve ser tão difícil para você ser do nosso clã… sinto muito…— acariciou os fios castanhos dele— Estou orgulhosa da sua coragem e força.

— Não sou corajoso. Pelo contrário, tenho medo. Medo de…— se afastou para olhar para ela— se descobrirem eu não sei o que farão comigo… Mas sei que será pior do que fizeram ontem, por que sou da família secundária… isso me assusta… muito…

— Ser corajoso não significa que não sente medo. Significa que, apesar deles, você segue em frente e pode até enfrentá-los.

— Eu não sou! Já perdi a conta de quantas vezes quis desistir. Não tenho forças para enfrentar nada!

— Tudo bem. Você não precisa enfrentar hoje, nem amanhã. Não precisa ser forte hoje, não agora e não comigo— secou a bochecha dele— Você pode deixar de ser forte agora.

O abraçou apertado e ele se desmanchou em lágrimas. Apertava o moletom dele e chorava baixo e abafado. 





Estava deitado sobre o colo da prima que mexia em seus cabelos. Tinha passado algum tempo e estava sonolento.

— Hinata— ela o olhou quando chamada— Eu sou uma vergonha… uma desonra para todo nosso clã… 

— Por que? Por amar outro homem?

— Sim… Ser como eu é errado— desviou o olhar— Mas ainda quero ficar com ele, ainda quero amar ele… É tão errado que nem podemos ficar juntos.

— Não é errado. Existem muitos tipos de amor e muitos jeitos de amar e nenhum é errado. 

— Mas é contra a lei dos Hyuuga.

— A nossa lei está errada! Nossos líderes estão errados! Qualquer um que diga que amar não é certo está errado. Você realmente acredita que ser gay é errado?

— Não… Só estava pensando que seria mais fácil se eu não fosse.

— Tem razão, seria mais fácil. Nunca vou saber exatamente como se sente, mas posso imaginar e acredito que realmente seria mais fácil. Nii-san, se pudesse escolher, deixaria de amar o homem por quem está apaixonado?

Tem alguém vindo (ShikaNeji)Onde histórias criam vida. Descubra agora