2.1- Por você

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Acordou no chão gelado do banheiro. Estava com dores pelo corpo e logo sentiu o medo voltando a tomar conta de seu corpo. Tremendo, foi até a porta e a abriu devagar, olhou para os dois lados e saiu nas pontas dos pés. Sequer passou no quarto para trocar sua camisola por outra roupa porque não queria acabar vendo Neji que estava completamente apagado no chão do quarto. Mahina apenas pegou um casaco longo que estava no mancebo ao lado da porta e saiu.

Seguindo rápido e pelos cantos da vila para ninguém a ver, foi até a casa de seus pais. Queria tanto ver e falar com sua mãe que nem bateu na porta antes de entrar.

— Quem está aí?— a mulher gritou da cozinha ao escutar a porta.

— Sou eu, mãe, a Mahina.

— Filha, o que está fazendo aqui? Por que não está na casa de núpcias?— ela saiu da cozinha secando as mãos— E por que seus olhos estão tão inchados?

— Mãe…— seus olhos se encheram d’água— foi horrível, ele tentou… tentou…

— É por isso que está aqui? É claro que tentou, é sua noite núpcias, afinal— falou em tom óbvio— E ele tentaria de qualquer jeito, eu deixei tudo preparado para que o casamento fosse consumado e não pudesse ser desfeito.

— C-como… como assim?— sabia que sua mãe tinha a criado e arrumado para o casamento e tinha estado na liderança ao arrumar a casa, mas ela parecia querer dizer mais que isso.

— Eu deixei um chá de ervas que deixariam vocês mais relaxados e com mais vontade para o caso de vocês ficarem receosos— falou e deu de ombros.

Mahina arregalou os olhos vermelhos e inchados. Sua mãe tinha feito aquilo consigo, ela tinha batizado as ervas do chá e Mahina havia o dado a Neji. Ele estava sob o de drogas quando a atacou tudo porque ela fez aquela droga de chá para ele. Se perguntava se a culpa poderia ter sido sua por preparar a bebida. 

— Não… não foi minha culpa— sussurrou para si própria— não foi.

— O que está murmurando?— sua mãe falou irritada— se tem algo a dizer, diga em voz alta.

— Foi você…— Mahina sentiu o rosto esquentar e uma raiva perpassar seu corpo— Foi você! COMO PODE FAZER ISSO COMIGO, SUA PRÓPRIA FILHA!?— explodiu com a mulher— Você não tem ideia do quanto foi assustador?! Não pensou o quanto isso me machucaria?! Eu fiquei completamente assustada e a culpa foi sua. A DROGA DA CULPA FOI SUA! Porq-

Foi interrompida por um tapa forte e estalado em seu rosto. O manteve virado, incrédula. Mordeu o lábio inferior, cerrou a mandíbula e os punhos para conter o choro.

— CALADA! Não vou aceitar esse desrespeito em minha casa. E olhe para mim quando eu estiver falando— segurou o rosto da filha com uma mão e o virou de modo brusco para si— Como eu pude fazer isso com minha própria filha? É muito simples, tudo que eu fiz foi por você. Tudo!— soltou o rosto dela e se afastou— Eu fiz de tudo para que fosse escolhida para ser a noiva do próximo líder, eu te criei e eduquei para que fosse perfeita para este cargo. Eu fiz tudo e tudo foi por você; também foi uma ordem direta do líder da vila, eu não poderia negar. Agora você ocupa a posição mais elevada e respeitada que uma mulher poderia ocupar e tudo graças a mim!— ela apontava para si própria e fazia gestos com as mãos enquanto falava— E agora você vem aqui na minha casa para gritar comigo e dizer que não pensei em você? A ÚNICA coisa que uma ingrata como você deveria fazer era deixar que ele te engravidasse, mas nem isso você é capaz de fazer por que eu fiz tudo por você por toda sua vida!— ela se afastou, respirou fundo e disse de forma fria— Eu tenho que arrumar minhas coisas para a mudança, volte agora para aquela casa e faça algo que preste uma vez na vida e tenha um filho— a mãe passou por ela e parou à porta— vou sair e não quero ver você aqui quando eu voltar.

A batida da porta fez Mahina voltar à realidade. Ela se virou e saiu correndo para a casa de volta. 

Neji tinha acordado no chão do quarto, suado, com dores de cabeça e um forte enjôo. Não se lembrava de como tinha parado ali ou porque estava ali para começo de conversa, sua última lembrança era de ter tomado chá e comido biscoitos enquanto conversava com Mahina.

— Acho que aqueles biscoitos não me fizeram bem— murmurou enquanto ia em direção ao banheiro para se lavar— O que isso está fazendo aqui?— se perguntou ao ver um jarro no chão ao lado do box do banheiro. Não teve muito tempo para pensar sobre o objeto porque sentiu a bile subindo e correu para vomitar— preciso de um banho.

Assim que chegou, abriu a porta se jogando contra ela e a fechando com força, com o impulso ela acabou caindo de joelhos. Assim que seu corpo tocou o chão, desabou em lágrimas. Queria gritar e destruir tudo que visse pela frente. Queria pegar aquele maldito chá e incêndia-lo. Queria gritar com sua mãe e dizer que ela era horrível, egoísta e mesquinha. Queria segurar Neji pelo pescoço e o fazer sentir tanto medo quanto sentiu na noite anterior mesmo que ele não tivesse culpa, já que estava drogado. Mas não fez nada do que queria, apenas se debulhou em lágrimas e sentiu a dor em seu peito crescer.

O barulho da queda chamou a atenção de Neji que saiu depressa do banheiro com os cabelos ainda molhados, com um pouco de sabonete pelo corpo e só uma toalha presa à sua cintura. Se abaixou ao lado dela, colocou a mão em suas costas e tentou tirar o cabelo dela de seu rosto enquanto perguntava se ela tinha se machucado ao cair. Mahina o empurrou para longo e o fulminou com o olhar.

— NÃO ENCOSTA EM MIM! Fica longe de mim!— falava com ódio e medo— NÃO!… não se aproxime de mim novamente!!

Neji nunca a tinha visto com raiva, muito menos naquele nível em que ela estava. Ela parecia tremer e estava na defensiva. Ele achou que seria melhor deixá-la se acalmar sozinha e a deu espaço. Voltou para seu banho.

Quando terminou e voltou para sala já vestido, Mahina ainda estava no chão, mas tinha parado de chorar. Neji sentou no sofá e a observou de longe em silêncio. Mahina levantou sem dizer uma única palavra, tomou um banho, foi até a cozinha e esquentou água enquanto Neji ficava sentado a vendo andar de um lado para o outro.

Ela pegou as ervas que sua mãe havia deixado e colocou em uma xícara e na outra fez com um chá de camomila que encontrou no armário. Colocou as duas xícaras em uma bandeja, levou para a sala e a colocou sobre a mesinha de centro com o chá de ervas “especiais” virado para o lado de Neji.

Neji pegou sua xícara.

∆∆∆

Bom, aparentemente o último capítulo foi um pouco mais chocante do que o que eu esperava. Mas eu diria que ele foi um ótimo jeito pra eu voltar a publicar minhas fanfics, uma verdadeira entrada triunfal.

Eu postei esse antes do que o planejado pelas ameaças e exigências pra "resolver" isso.

Espero que tenham gostado.

O próximo capítulo sai dentro de cinco dias se tudo correr bem.

Obrigado por ler!

🌈🍉✨

Tem alguém vindo (ShikaNeji)Onde histórias criam vida. Descubra agora