Se existia algum deus, Neji o agradeceria por ter feito sua professora de matemática faltar e, por esse motivo, ter sido liberado mais cedo. Tinha cerca de uma hora e meia livre antes de ter que voltar para seu clã. Não precisaria avisar a prima já que planejava voltar dez minutos antes e se encontrar com ela no portão do colégio.
Antes de sair, prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo baixo, o moletom que pegou do namorado, um boné e colocou o capuz. Andou pelas ruas com a cabeça levemente abaixada para que ninguém visse seus olhos.
Shikamaru segurava sua mão e ia meio passo na frente, graças a isso foi capaz de impedir que o Hyuuga batesse o rosto em uma placa de faixa de pedestres que estava presa em um poste de luz. Reclamou com o namorado por ele ter rido de si.
Tomaram um caminho diferente pois o esgoto de uma das ruas estava sendo arrumado e, por isso, estava interditada. Sem saber por onde iam por não conhecer a cidade, apenas acompanhou o Nara, e se assustou ao passar em frente ao clã Uchiha. Em uma tentativa de passar o mais despercebido o possível, trocou de lado na calçada, puxou a aba do boné para baixo e olhou para o lado oposto. Shikamaru notou de imediato a inquietação do outro e, para que ele soubesse que estava ali, apertou de leve a mão do namorado e apertou o passo.
Acabou contando brevemente para o namorado o que havia acontecido na sexta, durante a reunião com o líder e seu sucessor, para o namorado durante o restante do percurso. Gostava de como poderia apenas dizer o afligia, sem precisar responder perguntas ou explicar o porquê se sentia daquele modo, com Shikamaru; e ele sentia o mesmo, exceto pelo fato de Neji às vezes como a voz da sua consciência, que o trazia de volta para a razão.
— Mãe, tô de volta!— anunciou enquanto tirava os sapatos para entrar.
— Chegou cedo, Shikama- Oi, Neji!— saiu de um dos quartos olhando dentro da bolsa que estava pendurada em seu ombro— Que bom ver você de novo.
— Olá, senhora Yoshino.
— Eu iria adorar ficar aqui pra conversar com você um pouco, mas tenho que fazer umas compras no mercado— colocou uma mão na bochecha do filho e deixou um beijo de despedida na outra— vou demorar um pouco pra voltar. Fiquem à vontade e vê se arruma seu quarto antes de eu voltar, Shikamaru, ou vou varrer o chão com você— saiu fechando a porta atrás de si e deixando os garotos sozinhos.
— Tsc, mulher problemática.
— Vamos, Shikamaru. Eu te ajudo— deu um tapinha no ombro dele e foi em direção ao quarto.
Apesar de sempre demorar para arrumar o cômodo, seu quarto não era sujo, apenas um pouco desorganizado. Sua demora era devido ao fato de fazer longas pausas sentado na cama entre uma pequena tarefa e outra. Mas organizou tudo o mais rápido possível para aproveitar algum tempo com o namorado. Passou por cima da cama, puxou de leve a camisa de Neji, passou o braço pela cintura dele e o puxou para cama consigo.
— Vamos ficar assim só um pouco— sussurrou rente a orelha do Hyuuga e escondeu o rosto na curva do pescoço dele e entre alguns fios de cabelo.
Neji entrelaçou seus dedos nos de Shikamaru em sua barriga. Ficaram desse jeito até que Yoshino voltou e os chamou para ajudarem a tirar as compras do carro e as guardarem nos devidos lugares. Enquanto os meninos guardavam tudo, ela começou a preparar o almoço. Pediu para o genro picar uma cebola para ela e mandou o filho tirar os lixos da casa e os levar para fora.
— Sabe, meu filho me contou que sua família não aceita você ser gay— começou a falar quando Shikamaru saiu de casa. Neji parou e a olhou— e disse que foi por isso que acabaram terminando aquela vez, mas ainda bem que foi por pouco tempo, e você também parece tristinho as vezes— pegou a cebola que o garoto tinha cortado e jogou em uma panela que estava no fogão— É uma pena que eles não aceitem, até porque não é como se isso mudasse alguma coisa em quem você é. É só um detalhe. Eu até gosto que, meu filho seja, desse jeito eu tenho você como genro— Neji ainda a olhava sem saber o que dizer, mas não precisou porque ela continuou— O que quero dizer é que, se algum dia você precisar, a porta da minha casa vai estar aberta para você. Eu e o Shikaku gostamos de você, seria um prazer te ajudar.
— Eu nã-
— Por favor, não recuse. Mesmo que não precise agora, a oferta vai ficar de pé por tempo indeterminado. Se algum dia você precisar ou quiser pode vir pra cá, a qualquer dia ou hora. A gente arruma um jeito e ‘cê fica aqui.
Neji a olhou querendo aceitar. Queria dizer que queria ficar por ali naquele momento mesmo, sem sequer precisar voltar para casa. E se sentiu culpado por cogitar sair daquele lugar que só lhe causava mal e deixar suas primas naquele inferno que, com certeza, pioraria assim que saísse de lá. Era um grande egoísta por querer abraçar Yoshino e, praticamente, implorar para que ela o deixasse ficar.
Antes que mais algo pudesse ser dito, Shikamaru chegou.
— Pensa no que te falei, ta bom?— sussurrou para o jovem antes que ele deixasse a cozinha.
— Acho que já tenho que ir.
— Não vai ficar pro almoço, Neji?
— Não posso, senhora Yoshino. Só pude vir aqui hoje porque fui dispensado mais cedo da aula.
— Quando puder voltar, volta.
Do lado de fora Shikamaru tentou falar com o namorado para saber o porquê de ele parecer para baixo quando voltou para casa, mas o Hyuuga deu respostas vagas ou ficou em silêncio. Neji pediu para que o Nara o deixasse ir caminhando sozinho pelos dois últimos quarteirões, que após alguma insistência concordou.
Estava perdido em sua própria culpa e só notou que havia chegado ao escutar as vozes dos alunos saindo da escola e por um garoto esbarrar em si. Por sorte, Hinata estava o esperando na entrada, ao lado do portão. Quase não falou com ela, apenas um cumprimento, não sentia uma pessoa merecedora de falar com a prima no momento.
∆∆∆
Eu tinha dito que postaria toda semana, mas comecei a trabalhar (além de também estudar). Então posso acabar demorando um pouco pra lançar cada capítulo, principalmente, por também ter que atualizar outras fics. Espero que entendam.
Espero que tenha gostado.
Obrigado por ler!
🌈🍉✨
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Tem alguém vindo (ShikaNeji)
Fiksi PenggemarNeji Hyuuga estava com um constante medo de alguém do seu clã descobrir sua orientação sexual e que, ainda por cima, estava em um relacionamento com Shikamaru Nara, um garoto de outro clã. A fanart da capa não é de minha autoria, obviamente. Crédito...