Tem alguém vindo (ShikaNeji)

0.6- Noiva

    Casamento.

    Essa palavra o fez paralisar. Queria correr para seu quarto e gritar contra o travesseiro o mais alto que podia de frustração, mas congelou no lugar.

    Casamento.

    O termo ressoava em sua mente como uma maldição. Repetindo de novo, de novo e de novo. Esperava que Hiashi fosse dizer que deveria casar com alguma mulher de sua escolha, apenas não imaginava que seria tão cedo.

    Se forçou a andar para dentro de sua residência antes que o líder notasse que estava em choque. Já em seu quarto e com a porta trancada, jogou seus travesseiros contra a parede vazia para não fazer barulho. Pegou um dos travesseiros com raiva, se jogou em sua cama, afundou o rosto nele e gritou de frustração.  Também tirou as roupas de cama e as jogou no chão irritado.

    Estava frustrado, era sempre perfeito e atendia às expectativas do líder do clã e dos demais integrantes, então porque seria forçado a se casar logo? Sequer tinha atingido a maioridade. Imaginava que teria mais tempo. Queria mais tempo.

  

  

    Já estava mais calmo quando sua presença foi solicitada. Tinha colocado uma roupa que lhe entregaram e consistia em uma túnica branca simples e um manto poncho também branco e com detalhes bordados em dourado na barra do manto, ambos feitos de algodão. Além de também receber um medalhão de ouro com o símbolo do clã Hyuuga gravado e um tecido para amarrar na testa e esconder sua marca.

    Se dirigia à sala de reuniões olhando para a gravura no medalhão pendurado em seu pescoço por uma corrente fina. Ouro, prata e cobre eram os diferentes materiais que eram usados na fabricação deles e cada matéria-prima indicava diferentes divisões dentro do clã; ouro era usado apenas pelo líder, prata para os integrantes da família principal e cobre para os da família secundária. Sabia que, pela tradição, a noiva era presenteada com um desses quando era pedida em casamento.

    Suspirou pesadamente. Mesmo que o clã jamais fosse aceitar queria dar um desses para Shikamaru, mesmo que fosse um de cobre. Pensar sobre o namorado costumava o deixar feliz, porém estava triste apenas de pensar que teria que falar sobre o que estava acontecendo, além de falar que estava noivo, o que acreditava que estaria até o final da noite.

    A caminhada foi rápida demais para Neji. Bateu à porta e esperou receber autorização para entrar. Hiashi estava sentado à mesa com um bule de chá e três xícaras. Silenciosamente, Neji se sentou junto ao líder.

    — Está ciente que terá que se casar assim que assumir o posto de líder o que acontecerá assim que atingir os dezoito anos— Neji apenas concordou com a cabeça— Para isso é necessário que tenha a noiva e, consequentemente, a esposa perfeita— deu uma pequena pausa antes de continuar falando— O líder do clã Uchiha propôs um casamento para termos uma aliança econômica, porém não posso permitir que alguém de outro clã estar em uma posição importante dentro do nosso. Além de ele só possuir descendentes homens.

    “Claro” Neji pensou “ Isso é imperdoável segundo nossas leis, não é?! Aliás, QUAL posição importante? Não passar de alguém que dá a luz aos descendentes líder e ser uma “boneca” bonitinha”.

    — Claro que não negarei a proposta de Uchiha Fugaku, mas isso será resolvido em uma reunião que teremos com eles e fará parte do seu treinamento. Por agora iremos focar na sua noiva, uma integrante da família principal. Entre— falou para a porta.

    Uma garota de cabelos castanhos, rosto delicado e pele aveludada entrou no cômodo olhando para baixo e em silêncio. Ela usava uma túnica branca como a de Neji, um tecido branco com bordados em dourado que estavam sobre seus ombros e desciam até a altura de seu quadril e os cabelos soltos.

    — Esta é sua futura esposa, Mahina— se levantou, segurou a mão dela, fez um gesto para que Neji se aproximasse e entregou a mão dela para ele que segurou gentilmente— Ela tem quinze anos atualmente, mas fará dezesseis até o casamento então não terão problemas para terem o primeiro descendente—    Hiashi falou, voltou a se sentar e observou os dois jovens.

    Neji sentiu um frio na espinha ao escutar aquilo, tão novos e ele já queria que tivessem filhos em breve. Mahina permanecia com a cabeça baixa como havia sido ensinado para si e, por isso, não tinha visto o rosto de seu prometido.

    Sem saber exatamente o que fazer, olhou para o homem e depois para a garota. Levantou a mão que segurava até a altura do rosto dela e ela ergueu o olhar. Mahina ficou surpresa por um breve momento, mas logo voltou a sua expressão calma, e Neji permanecia impassível.

    Tirou o medalhão de seu pescoço devagar, sentia como se estivesse traindo Shikamaru com aquilo. Colocou o objeto nela, arrumou os cabelos dela e voltaram para a mesa. Mahina serviu chá para os três antes de se sentar em silêncio.

    Depois de escutarem Hiashi falar mais sobre o treinamento do futuro líder e o casamento dos dois, Neji a acompanhou até a residência dela. Foram todo o caminho quietos, ela porque lhe ensinaram que não poderia falar sem a permissão do homem que estivesse a acompanhando e ele por estar distraído pensando no namorado. Quando chegaram, ela se curvou levemente para se despedir e Neji se sentiu mal por ela também já que, provavelmente, Mahina sequer teve qualquer escolha nessa decisão.

    — Tenha uma boa noite— se curvou também.

    — Obrigada. Você também.

    Apesar de terem se despedido, permaneceram parados olhando um para o outro.

    — Sinto muito— Neji murmurou tão baixo que ela não escutou e foi embora.

    Quando sua mãe viu o medalhão dourado pendurado em seu pescoço ficou radiante de alegria, já seu pai a analisou.

    — Não fez nada errado, fez, Mahina?

    — Não, Senhor— não o chamava de pai ou pelo nome por ordens dele mesmo. Além de sempre estar com o olhar baixo em sua presença.

    — Espero que permaneça assim. Não seja uma desonra.

    O homem se retirou para seus aposentos e sua esposa teve que o acompanhar. Quando se viu sozinha, os olhos de Mahina ficaram marejados e ela se agachou no chão para chorar. Sempre fazia exatamente tudo que lhe era mandado da forma que era, mas ele sempre a olhava com desprezo.

  

  

    Olhava para o teto atônito. Ainda estava com as mesmas roupas e não as trocaria até a manhã do dia seguinte pois não tinha forças para fazê-lo no momento. Uma lágrima escorreu por sua bochecha e não a secou.

    — Me desculpa…

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Essa fanfic tá ficando maior do que eu imaginava. Então ela vai deixar de ser uma short fic e passará a ser uma long fic. Espero que não se incomodem.

Espero que tenha gostado.

Obrigado por ler!

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