Bandeira branca

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O dia estava ensolarado, poucas nuvens no céu e uma brisa agradável soprava, o que queria dizer que Beidou estava de bastante bom humor. Ela gostava quando o tempo era limpo e favorável tanto para navegar quanto para fazer qualquer outra coisa. No dia anterior tinha soltado âncora em Liyue novamente depois de uma breve viagem a Sumeru. Já sentia falta de algumas coisas naquela cidade como a comida de Xiangling, o porto sempre fervilhando de gente... e encher o saco de Ningguang. É claro, a última vez que a vira foi uma briga e estragou a folga que ela tinha pensado em tirar. Às vezes quando discutiam assim preferia até mesmo voltar para o mar, desanuviar a mente e apenas aproveitar as aventuras.

Verdade seja dita, Ningguang era uma das poucas pessoas com quem conseguia debater sobre qualquer coisa e que lhe desafiava sempre. Era instigante conversar com ela, jogar xadrez e até mesmo discutir sobre todas as multas que recebia. Ter brigas mais intensas lhe deixava com raiva, é claro, mas as vezes também chateada por não poder vê-la. Seu orgulho não permitia aparecer por lá, e ode Ningguang mandaria os guardas lhe atirarem pra fora.

Estava no Albergue Wangshu para entregar uma encomenda a Verr Goldet e um dos funcionários foi procurá-la. Enquanto esperava, foi até a varanda ao lado de fora contemplar a paisagem maravilhosa do estuário. Via os relevos cobertos de vegetação, a Colina Wuwang e o largo rio cintilando ao sol. Lá embaixo estava a antiga vila de pescadores, aquela em que tinha crescido. E... tinha alguém ali caminhando. Beidou, curiosa debruçou-se o mais que pode na amurada, apertando o olho para tentar exergar melhor.

Longuíssimos cabelos brancos, um vestido branco e dourado... era Ningguang? Que diabo ela estava fazendo lá?

-Ah, Capitã Beidou! – uma voz chamou atrás dela.

-Goldet! Aqui, seu pacote. – ela disse, estendendo a caixa.

-Obrigada. Só consigo encontrar essas coisas em Sumeru. Espero que tudo tenha ido bem.

-Haha, é claro. Nós não somos a Frota Crux a toa.

-Gostaria de ficar para almoçar, capitã? Como agradecimento.

-Claro, será um prazer. – Beidou teve então uma ideia– Ah, será que posso trazer uma pessoa?

-Claro! Qualquer amigo da capitã Beidou é bem vindo.

-Ótimo! Eu volto logo!

Disse, e correu até a amurada do albergue, pulando lá de cima com um planador. Era a forma mais rápida de chegar lá de qualquer forma. Aterrisou a certa distância, estava curiosa e pretendia observar antes de anunciar sua presença. Ningguang parecia estar apenas caminhando pela praia. O sol refletia em seus cabelos claros e sua roupa dourada. A Quixing parecia quase feita de ouro.

"Está aí um tesouro complicado" pensou Beidou com divertimento.

Seguiu-a por um tempo e não conseguiu entender o que em nome dos Arcontes ela estava fazendo ali, num lugar tão ermo e aleatório como aquele. Deu um passo para mostrar-se mas de repente do mato alto saltou um Hilichurl. Eles deviam estar procurando tesouros nas ruínas ali, isso era bem comum. Ningguang preparou-se entrando em posição de batalha invocando suas jades e mais Hilichurls apareciam, sendo chamados pelos outros. Beidou sacou seu espadão e pôs-se ao seu lado. Não ficaria de espectadora de jeito nenhum. A de cabelos brancos olhou-a, surpresa.

- Podemos, milady? – disse, de forma brincalhona. Ningguang sorriu.

-Com todo prazer.

Dois Lados da Mesma MoedaOnde histórias criam vida. Descubra agora