Que o dia passe devagar

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-Q-quê? – a voz de Beidou era fraca, quase um sussurro, a expressão completamente em choque. Ela conseguia sentir seu coração batendo tão forte nas costelas que achou que elas fossem quebrar. -É s-sério isso?

Ningguang levantou de sua cadeira e debruçou-se sobre a mesa, apoiada nas mãos. Tinha um sorriso provocante no rosto enquanto inclinava-se para mais perto. A capitã esqueceu de como se respirava e paralisou no lugar, completamente sem reação.

Nesse momento, Ningguang não aguentou e soltou uma risada. Ela deixou-se cair de volta na cadeira rindo, gargalhando como nunca se vira a Tianquan fazer. Ao mesmo tempo que Beidou tentava compreender o que estava acontecendo, parte de seu cérebro registrou a cena como algo bonito e inédito.

-Era...uma brincadeira? – conseguiu dizer, ainda fracamente.

-Sim, perdão Beidou – ela disse entre risos – Não resisti. Sua cara foi impagável, valeu meu dia.

Passado o momento de choque, Beidou ficou irritada, principalmente consigo mesma. Por fora tentou levar de boa, não queria transparecer que realmente esperou que fosse verdade, que sentiu-se uma otária. Até porque, até então elas eram apenas boas amigas.

-Isso foi cruel Ningguang – disse, tentando manter um tom de brincadeira – Por um minuto eu realmente achei que você ia reclamar seu prêmio assim.

-Hmm você realmente ficou paralisada, esse é o seu medo de mim?

-Hah! Eu com medo de você? Nem nos seus sonhos.

Não era medo, e sim antecipação. A capitã esperava que seu rosto não estivesse vermelho enquanto tentava disfarçar este fato. Ao mesmo tempo, não queria negar totalmente e fechar uma porta que ela gostaria de abrir.

...

O que ela não sabia porém, era que Ningguang tampouco estava calma. Num rompante de audácia resolveu dizer aquilo sem saber muito o que esperar. Era em parte um teste de terreno. Depois de ver a expressão de Beidou entretanto, resolveu recuar. Não tinha compreendido se ela tinha ficado positiva ou negativamente chocada e a força das batidas de seu coração tiraram-na do prumo, tão fortes que se perguntava se Beidou podia ouvi-las. Em qualquer outra situação, a Tianquan era praticamente impassível, mas desde o início a capitã era capaz de trazer o que era de mais intenso e vulcânico de Ningguang. Seja para o bem ou para o mal.

-Bem, eu deveria ir. – Beidou levantou por fim, ajeitando a frente de seu qipao depois de alguns segundos de um silêncio um pouco estranho.

-Você está partindo outra vez, certo? Quando?

-Nesta próxima semana. Eu deveria voltar ao navio e ajudar nas preparações. – explicou, coçando a nuca, sem olhar Ningguang.

-Você poderia ficar, se quiser.

Beidou levantou os olhos, surpresa. Desta vez a mulher de cabelos brancos a sua frente estava muito séria e encarou-a com aquele olhar de brasa.

-Em Liyue? Eu pertenço ao oceano, sabe disso.

Ningguang sacudiu a cabeça com um leve sorriso.

-Eu sei. Mas você mesma disse: é sabado e estamos de folga. Eu quis dizer que você poderia ficar aqui, para almoçar.

-Huh?

Ningguang queria sua companhia? A capitã ficou mais uma vez sem saber como reagir.

-Bem, você pode recusar se não quiser. – ela começou, desviando o olhar e dando alguns passos displicentes depois de alguns segundos sem resposta. Um leve rubor se via em suas bochechas. – Vou dizer para o chef que serei só eu...

Dois Lados da Mesma MoedaOnde histórias criam vida. Descubra agora