Perder (se)

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Dois dias se passaram e Beidou fugia de Ningguang como o diabo foge da cruz. Ainda não queria papo com a de cabelos brancos apesar dos cinco convites que diversos mensageiros lhe entregaram. Ela nem mesmo leu as cartas mas se perguntava se Ningguang compreendera por quê a marinheira estava com raiva. Vai ver afinal, ela tinha alguma noção.

-Ningguang, urgh, não aguento mais ouvir esse nome. – disse quando a Viajante e Xiangling encontraram-na com Xinyan no porto. A jovem chef havia levado um prato para que ambas experimentassem, e entre discussões sobre sabor apimentado Xianglling tinha observado que os gostos da capitã e da Tianquan eram opostos. – Nossos gostos não poderiam ser mais diferentes. Vocês nunca me verão comendo a mesma coisa que ela.

- Da última vez que vi vocês conversando, Paimon achou que vocês se davam muito bem. – a pequena craturinha flutuante observou. Então era assim que elas pareciam para os outros.

-Estamos no mesmo patamar, acho que isso nos faz iguais. Mas desculpe, repolho molenga nunca vai ser uma escolha minha.

Ao dizer isto, Beidou pensou que devia ser o fato de serem tão empatadas que fazia com que fosse atraente. O dasafio de ver através da máscara de mulher de negócios, descobrir o que se passa naquela cabecinha, a vontade que quebrar aquela fachada...era tudo isuportavelmente muito atraente.

Quando Xiangling partiu com Lumine e Paimon para procurar mais cobaias para testar seus pratos, Xinyan virou-se para a capitã:

-Beidou, aconteceu alguma coisa entre você e a Tianquan Ningguang?

"Ah, merda" pensou. Ela estava sendo tão transparente assim?

-Hunf – bufou – Só o mesmo de sempre. Ela sendo insuportavelmente irritante.

- O que você fez dessa vez?

-Quê? Nada! Por quê todo mundo acha que fui eu que fiz alguma coisa?

Xiinyan riu

-Geralmente ela reclama com você quando você faz alguma coisa fora das regras e você reclama o quão irritante ela é. – Beidou não respondeu e continuou olhando para frente enquanto se encaminhavam para o navio – Mas para mim, vocês são um ótimo par.

-O quê?! – a capitã quase engasgou. Sentiu o rosto esquentar.

- Bem, vocês tem algo de diferente. Não sei dizer, mas eu sinto que vocês se importam de verdade uma com a outra apesar de tantas reclamações.

-Hm.. – Beidou fez, caindo em pensamentos. Realmente, ela reclamava muito de Ningguang pegando no seu pé mas ao mesmo tempo não conseguia conceber uma existência sem ela. Apenas o pensamento de tê-la perdido na queda da câmara de Jade fez a Rainha do Mar tremer de cima a baixo. Elas eram diferentes, opostas em várias formas mas eram, invariavelmente, dois lados da mesma moeda. Kazuha estava certo, aquele maldito poeta.

Deveria porém tirar Ningguang um pouco da cabeça. Xinyan estava ali para arranjar um show no navio e ainda tinha a final do concurso de chefs de Xiangling para assistir.

Subiu com a muisicista a bordo e assim que pisou no convés Furong veio apressada.

-Capitã, você tem uma visita.

Ela mexia as mãos parecendo nervosa, a cabeça mantendo-se baixa.

-Huh? Quem é?

Inclinando-se para o lado para olhar atrás de Furong lá estava a visita, no seu usual vestido branco e dourado, segurando uma sombrinha vermelha. Ningguang.

Dois Lados da Mesma MoedaOnde histórias criam vida. Descubra agora