Havia uma lei no meio do caminho

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A noite no mar era uma das horas favoritas de Beidou. Estava sozinha, sentada junto ao timão. Todos já haviam ido dormir, o que era perfeito para a capitã ficar remoendo pensamentos sem se preocupar com olhares fofoqueiros. Ela batia a cabeça na madeira lembrando-se de mais cedo no porto. O que pensava que estava fazendo? Não tinha decidido se afastar um pouco? Tentou tratar Ningguang com uma certa distância, mais profissional, tentar não chegar muito perto.

Não conseguira. Quando ela fez aquela cara de embaraço, pedindo desculpas por ser inconveniente estando bêbada...Beidou não pode mais, não conseguia resistir. Ningguang envergonhada era sua nova coisa favorita.Oh arcontes...Podia ser uma lutadora forte, uma capitã destemida mas contra Ningguang era fraca. A mulher de cabelos brancos lhe deixava totalmente sem chão e não ajudava nada ela ser tão linda. Ela sabia que deveria se manter longe pelo bem das duas, e principalmente de Ningguang mas o negócio era que...ela não queria.

Toda vez que estava na presença da Tianquan, Beidou falhava na sua força de vontade. Seu rosto vermelho de embaraço tinha sido tão incrível que não conseguiu resistir a provocá-la mais. Queria ver mais daquela expressão, outras expressões de todo tipo. Talvez estivesse mesmo longe para se salvar dessa sina, pensou.

"Seria possível?" a capitã refletia. Seria possivel que talvez, apenas talvez, Ningguang sentisse o mesmo por ela? Não se lembrava de alguma vez já ter visto a Tianquan daquela forma, com aquela sombra de rosado em suas bochechas, desviando os olhos, tão diferente de sua forma usual de negócios. Ah, talvez fosse mais sábio não alimentar tantas esperanças.

Levantou a cabeça, dando dois tapas na bochecha e virando um gole do seu frasco de rum. Deveria prestar atenção também na direção do navio em vez de ficar pensando besteira. Teria por volta de uma semana, talvez um pouco mais para esfriar a cabeça e deixar Ningguang um pouco para lá.

......

De fato, caçar monstros, Ladrões de Tesouro e os próprios tesouros mantinha Beidou focada na emoção da luta, da caça, da aventura. Mas na calada da noite, na quietude embalada pelo som das ondas e a solidão de apenas algumas lanternas a óleo acesas pelo navio, a capitã voltava seus olhos para as estrelas. Uma constelação em particular: a Ursa Maior. Sua vida toda ela olhava para essa constelação como se fosse um guia – seu nome, afinal era o desta constelação: Beidou. Atualmente entretanto, ela olhava para as sete estrelas procurando também aquela cujo nome era ligado a outra pessoa: Tianquan, a estrela Megrez bem em seu centro. Na constelação real, Megrez tinha um brilho fraco e distante, mas sua homônima em Liyue era a estrela mais brilhante de todas.

"Eu devo estar ficando maluca mesmo" ela pensou suspirando.

No silêncio, ouviu passos leves subirem as escadas. Já podia imaginar quem era.

-Capitã Beidou – Kazuha chamou assim que pode vê-la – Está aqui mais uma vez?

-Estou, como pode ver. – disse, pescando seu frasco de rum que estava pousado ao lado da cadeira, deu um gole e voltou a se esticar na cadeira, o pescoço apoiado no encosto e o rosto voltado para o céu.

-Você tem feito todas as vigias noturnas, isso não é saudável sabe.

-Kazuha, algo me diz que isso não é da sua conta. Quem é a capitã aqui afinal?

Beidou endireitou a postura para olhar o jovem de frente.

-Você pode ter alguma razão, mas não consigo deixar de pensar que tem alguma coisa te incomodando. Senão, você não iria insistir tanto em ficar aqui sozinha durante a noite.

Dois Lados da Mesma MoedaOnde histórias criam vida. Descubra agora