Quem não arrisca...

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A noite passou como um borrão, afinal, de que servem as festas se não para encher a cara? Todos no Alcor estavam muito feizes com o retorno de Furong a bordo e obviamente, a festança foi como deveria ser: música, jogos, bebida, conversa e todo mundo bêbado. Felizmente o dia seguinte era um sábado.

Beidou acordou sem a menor vontade de estar acordando. Mas o sol penetrando as frestas de suas cortinas não deixava seu cérebro voltar ao estado de sono. Resolveu levantar e abri-las juntamnte com as janelas, deixando a brisa marítima do meio da manhã entrar e terminar de lhe acordar. Se espreguiçando, seu olho captou um brilho metálico. Sobre a mesa, estava o envelope com a fênix dourada e o contrato.

"Eu provavelmente deveria revisar esse negócio e levar de volta para Ningguang. Hoje é sábado, ela deve ter mais tempo livre." Pensou, abrindo o envelope. Começou a passar o olho enquanto ia buscar um bom chá preto para ligar seus sistemas de vez. Estava tudo bem detalhado, e no meio do blá blá blá jurídico o contrato colocava o que tinham conversado. Beidou se comprometeria a pagar a dívida tanto com mora como com serviços, em qualquer tempo. Essa última parte deixou a capitã mais aliviada, já que era uma grande quantia e não sabia quanto tempo poderia juntar isso tudo. Nisto Ningguang foi bastante generosa. Ela fez alguns ajustes e se aprontou para ir até a casa da Tianquan devolver sua revisão.

Bateu na porta da elegante residência mas ninguém respondeu. Ela insistiu.

-Ei, Ningguang! Vai me deixar plantada na soleira?!

Ouviu finalmente passos rápidos e então a porta destrancando. Era Baixiao, que franziu a cara ao lhe ver.

-Sheesh, vocês nunca tiram folga? - Beidou observou enquanto passava pela secretária boquiaberta. – Onde ela está?

-Na varanda. Por aqui, capitã Beidou.

"Oh, então tem uma varanda?"

Nenhuma surpresa na verdade, aquela casa era enorme. Ningguang não poupava luxos mesmo sendo uma residência temporária.

Seguiu a secratária ate o andar superior e através de uma porta de correr, revelando uma ampla varanda. Ningguang estava ali, tomando chá sentada num grande e confortável divã, usando um robe de seda cor de champagne e lendo documentos. Para variar. E para variar, estava estonteante.

-Pelos Arcontes, mas ninguém aqui tira folga? – disse, em tom de brincadeira.

A Tianquan virou a cabeça, surpresa, notando a presença das duas mulheres no ambiente. Uma de suas sobrancelhas se ergueu.

-E o que você está fazendo aqui desavisada?

-Trouxe o seu contrato de volta. – disse, abanando o envelope contendo os papéis.

-Huh...e quem é que está trabalhando agora?

-Hmpf, é só uma entrega.

-Hmm...- fez, ajeitando-se no divã numa posição mais ereta. Ela indicou a poltrona a sua frente, e Beidou não fez cerimonia para sentar-se confortavelmente.Ningguang materializou seu cachimbo de pedra e silenciosamente colocou ervas e o acendeu. Estendeu a mão para o envelope e passou os olhos pelo documento com uma baforada de fumaça.

A rainha do mar começou a se sentir ansiosa. O silêncio era confortável, mas olhar para a mulher a sua frente vestindo tais trajes mais sumários... era no mínimo desconcertante.Notou que devia ser a primeira vez que via a pele nua de seus braços, sempre cobertos com aquelas luvas negras. O colo, parcialmente a mostra com a gola do robe aberta, revelava uma camisola da mesma cor por baixo.

Dois Lados da Mesma MoedaOnde histórias criam vida. Descubra agora