14. Você sabe que não deve abraçar um homem assim, não sabe?

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_ Aí, Rony, qual é da regata cavada? _ Mile pergunta, antes mesmo de chegar à mesa em que ele está sentado no bar, rindo internamente da sua pele desbotada, dos seus músculos em desenvolvimento.

Ele abaixa a cabeça para olhar a roupa, como se por um instante, tivesse se esquecido dela.

_ Basquete. Pensei que já soubesse _ Ele responde, guiando a long neck à boca.

Mile sabe. Mas é sempre difícil de engolir o fato de um programador nerd fazer algum esporte, ainda mais um  que envolve um grupo relativamente grande de pessoas. Rony não é lá o ser mais sociável do mundo. É bem introvertido. Era. Pelo jeito, isso está realmente mudando.

O garçom se aproxima com mais uma cerveja. A tampa já está meio descolada da garrafada, o que obriga Mile a levá-la ao nariz. Investiga o cheiro. Pode haver alguma droga lá dentro. Os Schererzer também são donos de grande parte dos bares e restaurantes da cidade, então...

Mile está obcecada. E foi assim o dia inteiro. Na verdade, está assim desde ontem, quando passou a lidar mais seriamente com a possibilidade de ter sido drogada por Freddy. Será que deveria agradecer a Nathan por alguma coisa?

Ela se esforça, em vão, para sair do tumulto da própria mente, enquanto ouve Rony narrar, animado, sobre a entrevista com o RH da empresa mais cedo.

_ O que está rolando com você? _ Rony pergunta.

_ Ah! _ Ela franze a testa quando desperta. De repente, lembra-se do pacote que trouxe. _ Aqui está! _ Joga-se um pouco de lado para alcançá-lo no no chão. Deposita-o em cima da mesa.

_ Você é louca? _  Rony a repreende, assim que pousa os olhos no pacote.  _ Não deve sair com isso numa embalagem quase transparente. Na real, não deve sair com isso na rua de jeito nenhum!

_ Só você e meu pai gostam de velharias.

 Mile toma um gole da cerveja gelada. Come uns amendoins.

_ Eu não concordei com nada ainda.

_ Ah! A declaração está aí dentro. Assinada.

_ Como eu disse, não concordei com nada ainda.

_ Eu sei, mas... você é meio devagar, né? Precisa de um empurrãozinho para tomar a decisão certa.

_ Eu, Milena Zanella... _ Rony começa a ler o bilhete colado em cima do aparelho. _ prometo entregar esse raro e inútil aparelho dos ano 60  ao meu melhor amigo Rony*** _ Ele levanta o pescoço e encara Mile, curioso. _ Por que tem três asteriscos na frente do meu nome?

_ Porque eu não sei se Choi é com i ou y.

Rony revira os olhos para ela. Prossegue:

_ ... ao meu melhor amigo, Rony***, caso ele se comprometa a adiar, pelo prazo irredutível de dois anos, a remoção para o EUA, ou qualquer outro lugar desse planeta que fique a mais de 100km da cidade de maringá _ Rony ri. _ Uau! Você está pegando bem pesado hein!

_ É. Eu estou.

Mile diz lentamente. Precisa ser enfática. Bebe mais um pouco.

Ele se distrai com o videogame. Aprecia-o sem tirar da embalagem. Sua boca está aberta num sorriso enfeitiçado.

_ Aí, Emily já não tinha que estar aqui não? _ Mile questiona, mastigando, assim que bate os olhos no celular em cima da mesa.  _ Falei com ela ontem e disse que ia tentar passar por aqui lá pelas 20h, e agora já são 20h15. Nossa, o celular está quase descarregando!

Certo como Murphy (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora